Como é escolhido o nome do papa?


Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos nesta segunda-feira (21). Agora, a Igreja Católica dará início ao processo de escolha do novo papa. Papa Francisco acena a fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, em foto de 21 de outubro de 2015
Alessandro Bianchi/Reuters
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos nesta segunda-feira (21), segundo o Vaticano. Agora, a Igreja Católica dará início ao processo de escolha do novo papa.
Durante esta fase, o Vaticano dá início aos preparativos para o funeral do pontífice e para a escolha de um novo líder (entenda como vai funcionar).
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🤔 Mas como é escolhido o nome do papa? A seleção fica por conta do próprio pontífice após sua eleição. Essa é uma tradição iniciada por Jesus Cristo, que mudou o nome de pescador Simão para Pedro.
Em geral, a escolha do novo nome é uma homenagem aos papas anteriores ou aos santos da Igreja. O novo Papa normalmente se identifica com as doutrinas e realizações dos outros papas que tiveram o mesmo nome, ou homenageia um apostolo de Jesus (veja na arte abaixo como funciona).
Entenda como é escolhido o nome do Papa
Arte g1
A palavra “conclave” vem do latim cum clavis e significa “fechado à chave”. É por meio dele que a Igreja Católica elegerá um novo pontífice em 2025.
Durante os dias de eleição, cardeais do mundo todo ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como “zona de Conclave”. Eles também fazem um juramento de segredo absoluto sobre o processo.
Atualmente, 135 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a participar da eleição, sendo sete brasileiros. Veja a seguir:
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
Todos os cardeais que participam da eleição ficam impedidos de utilizar qualquer meio de comunicação com o exterior. Ou seja, eles não podem usar telefones, ler jornais ou conversar com pessoas de fora do Vaticano. Essas medidas foram adotadas para evitar que a votação seja influenciada.
As votações acontecem dentro da famosa Capela Sistina. Para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos que — são secretos e queimados após a contagem.
Ao todo, até quatro votações podem ser realizadas diariamente, sendo duas pela manhã e duas à tarde. Se, depois do terceiro dia de conclave, a Igreja continuar sem papa, uma pausa de 24 horas é feita para orações. Outra pausa pode ser convocada após mais sete votações sem um eleito.
Caso haja 34 votações sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputarão uma espécie de “segundo turno”. Ainda assim, será necessário atingir dois terços dos votos para que um deles seja eleito.
Quando um cardeal é eleito, a Igreja questiona se ele aceita o cargo de papa. Se ele concordar, o religioso também precisa escolher um nome. Em seguida, ele é levado para um ambiente conhecido como “Sala das Lágrimas”, onde veste as vestes papais.
Por fim, o novo papa é anunciado à multidão que aguarda na Praça de São Pedro. O pontífice é apresentado diretamente da sacada da Basílica, onde é proclamada a famosa frase “Habemus Papam” (“Temos um Papa”).
Papa Francisco deixa legado de transformação na Igreja Católica
Papa escolheu ‘Francisco’ por influência de brasileiro
No caso de Jorge Bergoglio, a escolha de “Francisco” como nome do então novo pontífice teve a influência de um “hermano” brasileiro: o cardeal Cláudio Hummes.
Em março de 2013, logo após ser eleito, o papa fez uma audiência no Vaticano com cerca de 6 mil jornalistas. Foi nesse dia que ele revelou o que o levou a escolher o nome “Francisco” e a importância do apoio de Cláudio Hummes.
“Na eleição, eu tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo, um grande amigo. Quando a coisa começou a ficar um pouco perigosa, ele começou a me tranquilizar. E quando os votos chegaram a dois terços, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o papa”, contou.
“Ele me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei de São Francisco de Assis.”
Hummes morreu em julho de 2022, aos 87 anos.
Cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, ao lado do Papa Francisco, nos jardins do Vaticano
Yara Nardi/Reuters
‘Queria uma Igreja pobre, e para os pobres’
Em 2013, o papa também falou sobre o legado de São Francisco de Assis, que era um homem pobre. Segundo ele, a escolha do nome também refletia a visão que tinha para a Igreja.
“Eu queria uma Igreja pobre, e para os pobres”, disse, à época.
De fato, o mandato de Francisco foi marcado pela simplicidade e por um estilo de vida com muito menos privilégios do que seus antecessores. O papa sempre optou por vestes comuns e escolheu viver na Casa Santa Marta, uma residência mais modesta que o Palácio Apostólico do Vaticano.
Ao longo do tempo em que comandou a Igreja Católica, Francisco criticou o apego ao poder e cobrou que membros do clero tivessem uma vida mais simples e humilde.
“E vocês, bispos e sacerdotes, peço zelo apostólico, peço pobreza, nenhum luxo, pobreza com o povo pobre de vocês, que está sofrendo. Deem o exemplo de pobreza e humildade. Ajudem os fiéis e o povo a se erguerem e a serem protagonistas de um novo renascimento”, afirmou, em 2020.
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