Soldado de 19 anos acusa superiores de tortura que causou perda no movimento das pernas

Soldado torturado deitado em maca

Soldado torturado acusa superiores de causar perda do movimento das pernas – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um soldado do quartel do Exército em Barueri (SP) denunciou superiores por uma suposta sessão de tortura que teria causado a perda de movimentos nas suas pernas. A vítima, de 19 anos, afirma ter sido agredida no dia 10 de março e, um mês e meio depois, ainda sofre consequências físicas e psicológicas do episódio.

No dia 14 de abril, uma ressonância magnética apontou que Valdir de Oliveira Franco Filho, o soldado torturado, apresenta um quadro de sacralização da vértebra L5, localizada na região lombar da coluna.

A sacralização é a fusão parcial ou completa de uma vértebra com o osso sacro e pode ser provocada por traumas físicos. Os sintomas mais comuns incluem dores lombares, rigidez e fraqueza muscular.

Soldado torturado relatou agressões verbais e físicas após perder fivela do uniforme no quartel de Barueri

Valdir relatou à polícia que sofria agressões verbais e psicológicas antes das agressões físicas. O episódio principal teria ocorrido após informar aos superiores que havia perdido uma fivela do fardamento.

Segundo o depoimento, o jovem foi levado a uma sala sem iluminação e câmeras, onde foi forçado a fazer flexões enquanto recebia chutes no peito. Mesmo após o episódio, voltou à rotina de treinamentos no mesmo dia e começou a apresentar sinais de sangramento na boca.

Pessoas fardadas marchando com coturno

Fivela perdida motivou superiores a agredir soldado torturado – Foto: Canva/Divulgação/ND

No dia seguinte, foi submetido a mais atividades físicas, o que agravou suas dores. Com os sintomas se intensificando, foi encaminhado ao Sameb (Serviço de Assistência Médica de Barueri), sem que a família fosse informada.

De volta ao quartel, foi obrigado a jantar em apenas três minutos, o que, segundo o boletim de ocorrência, o fez vomitar a refeição junto com sangue “em excesso”. Novamente levado ao Sameb, recebeu atestado médico e foi dispensado por três dias.

Em 12 de março, foi internado no HMASP (Hospital Militar de Área de São Paulo), onde permaneceu por 18 dias. Durante a internação, o soldado torturado relatou perda de movimentos nas pernas.

Em entrevista ao portal Metrópoles, afirmou que não consegue mais andar e que, mesmo após mais de um mês do ocorrido, continua vomitando sangue.

Exército afirma não haver indícios de crime e apura relato de soldado que perdeu movimento das pernas após agressões

Em nota oficial, o Exército Brasileiro afirmou que o militar vem recebendo acompanhamento médico desde que os sintomas surgiram e negou qualquer irregularidade.

Segundo a corporação, sempre que o soldado apresentou mal-estar, foi imediatamente encaminhado a unidades de saúde ligadas ao Exército. No dia 13 de março, foi internado no HMASP, onde permaneceu até 21 de março, e seguiu com o tratamento em casa conforme prescrição médica.

Pessoas fardadas de costas na mata

Exército se defende de acusações de soldado torturado – Foto: Reprodução/ND

A nota ainda afirma que a instituição está apurando os relatos do soldado, mas que, “até o momento, não há qualquer indício de ocorrência de crime no interior daquela Organização Militar”.

Bookmark the permalink.