Acusado de assassinar executivo de seguros médicos em NY se declara inocente

Caminhão com imagem de Mangione, na entrada do tribunalTIMOTHY A. CLARY

TIMOTHY A. CLARY

Luigi Mangione, acusado de assassinar o presidente de uma empresa de seguros médicos em dezembro, em Nova York, declarou-se nesta sexta-feira (25) inocente do crime, que pode resultar na pena de morte.

Mangione compareceu hoje ao Tribunal Federal do Distrito Sul de Manhattan, onde a juíza Margaret Garnett leu as quatro acusações contra ele, incluindo assassinato com arma de fogo, porte de armas e assédio repetido.

Mangione já havia se declarado inocente de 11 acusações no Tribunal Criminal de Manhattan, incluindo assassinato como ato terrorista. Ele é acusado de matar Brian Thompson, presidente da UnitedHealthcare, uma das maiores empresas de seguro médico dos Estados Unidos, em uma rua de Nova York.

A secretária americana de Justiça, Pamela Bondi, anunciou no começo do mês que vai pedir a pena de morte para Mangione, 26, ao argumentar que “o assassinato foi um ato de violência política, premeditado e a sangue frio”.

O crime e a fuga por cinco dias do seu suposto autor, filho de uma família rica e engenheiro formado em uma das principais universidades do país, causou comoção entre os americanos, a maioria crítica dos seguros de saúde privados, devido ao seu custo elevado e à demora em dar acesso aos serviços médicos.

Uma longa fila se formou na porta do tribunal para entrar na sala onde aconteceu a audiência. “Muita gente não acredita que ele seja culpado, outros acham que, mesmo se ele for, é um mal necessário, porque destaca as injustiças na indústria de seguros de saúde”, disse Lindsay Floyd, ativista que trabalha pela causa de Mangione.

– Herói ou vilão? –

O fundo que os advogados de Mangione criaram para a sua defesa já arrecadou quase US$ 950 mil (R$ 5,4 milhões), a maior parte pequenas doações de milhares de pessoas que pedem a sua libertação e um julgamento justo.

O que mais impressionou o professor de história Elliot Gorn, da Universidade Loyola de Chicago, após o assassinato de Thompson foi “o sentimento profundo de mágoa que muitos americanos expressaram”. “De repente, as comportas se abriram e todo mundo parecia ter uma história de terror de atendimento médico negado”, comentou.

Para Jeffrey Butts, professor e pesquisador da Universidade da Cidade de Nova York, a atenção que o assunto gerou “simboliza o ressentimento e a raiva entre os setores menos educados” da população.

“O fato de alguém pretender apoiá-lo reflete o dano causado à nossa cultura desde o surgimento de Donald Trump como ator político que incita a violência como resposta às diferenças políticas”, acrescentou.

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