Só 5,2% sabem o esperado: desempenho adequado em matemática no ensino médio volta a níveis de 2011


Dado é destaque em análises do Todos Pela Educação e do Iede que têm como base os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2023, divulgados neste Dia Mundial da Educação. Aula de matemática do professor Raimundo Alves no CETI Augustinho Brandão
Seduc
Apenas 5,2% dos alunos que estavam no 3º ano do ensino médio na rede pública em 2023 apresentaram um nível de aprendizagem em matemática considerado adequado. O dado é de uma análise do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), divulgado nesta segunda-feira (28), quando é comemorado o Dia Mundial da Educação.
Já entre os alunos que estavam terminando a etapa de educação básica na rede privada, 30,5% tiveram o mesmo nível de desempenho.
A análise tem como base os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2023.
O número aparece ainda no estudo “Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia”, do Todos Pela Educação, também divulgado nesta segunda.
Os dados indicam que nível de aprendizagem de matemática voltou a panoramas de mais de uma década atrás. Mesmo que o número tenha subido com relação a 2021 (5%), ainda está abaixo dos 6,9% registrados em 2019, na pré-pandemia, e se iguala a resultados de 2011.
Desempenho em língua portuguesa
Já quando a análise é do desempenho em língua portuguesa por alunos do 3º ano, o resultado é melhor, mas ainda longe do ideal: cerca de 32,4% tiveram um nível de aprendizagem adequado.
Embora haja sinais de recuperação em relação a 2021 (31,2%), o número ainda é menor que o observado em 2019 (33,5%).
Outros destaques das análises do Iede e do Todos Pela Educação:
5,2% dos alunos da rede pública no 3º ano do Ensino Médio atingem aprendizagem adequada em matemática.
Entre os estudantes do 9º ano, 16,5% demonstram domínio esperado em matemática (Iede).
No 5º ano, 43,5% dos alunos da rede pública têm desempenho adequado em matemática e 55,1% em língua portuguesa (Iede).
O Todos Pela Educação destaca que o país só recuperou os mesmos níveis de aprendizado adequado da pré-pandemia em língua portuguesa e com alunos de 9º ano. 35,9% dos estudantes da rede pública conquistaram o nível nos dois anos.
A análise do Iede também revela que as desigualdades educacionais por raça e por renda se agravaram nos últimos dez anos. No 9º ano, a diferença de desempenho em língua portuguesa entre estudantes brancos/amarelos e pretos/pardos/indígenas subiu de 9,6 pontos percentuais em 2013 para 14,1 pontos em 2023.
Em matemática, o abismo foi de 6,2 p.p. para 8,6 p.p.. No Ensino Médio, a distância entre os grupos em Português aumentou de 11,1 p.p. para 14,0 p.p.
As desigualdades também se refletem no nível socioeconômico. No 5º ano, 61% dos alunos mais ricos atingem aprendizagem adequada em língua portuguesa, frente a 45% dos mais pobres. Em Matemática, os percentuais são de 52% e 32%, respectivamente. Mesmo entre estudantes com perfil socioeconômico semelhante, o desempenho de brancos segue superior ao de pretos e pardos.
As comparações entre redes mostram diferenças expressivas. No 5º ano, 72,6% dos estudantes da rede privada atingiram o nível adequado em Matemática, frente a 43,5% da rede pública. Em Língua Portuguesa, a diferença foi de 27,4 pontos percentuais. No Ensino Médio, os dados do Iede mostram que 8% dos estudantes brancos alcançaram o nível adequado em Matemática, contra 3% dos estudantes pretos.
“É inadmissível que o país não tenha conseguido, em uma década, reduzir as enormes diferenças de aprendizagem entre estudantes de diferentes grupos raciais e socioeconômicos”, avalia Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação. Segundo ele, os dados reforçam a urgência de políticas públicas robustas para recompor as perdas e garantir equidade na educação brasileira.
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