Campinas tem maior nº de afastamentos por acidentes de trabalho em 5 anos, mas MPT aponta subnotificação; entenda


Total de benefícios concedidos em 2024 foi de 1,2 mil. Segundo procuradora do trabalho, índice é subnotificado porque não considera algumas doenças ocupacionais e só contabiliza vínculos formais. Ministério Público do Trabalho em Campinas
Divulgação/MPT
Campinas (SP) registrou, em 2024, a maior quantidade de afastamentos por acidente de trabalho em cinco anos. O balanço atualizado é do Observatório de Segurança e Saúde, vinculado ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Entretanto, o órgão indica que há subnotificação nos números. Entenda abaixo os motivos.
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🔎 O Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho é um repositório estatístico com informações oficiais de trabalho formal coletadas junto à Previdência Social e tem o objetivo de indicar políticas públicas relacionadas a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
O número de afastamentos em Campinas (SP) registrados no ano passado, no total de 1,2 mil, se refere aos casos em que o acidente tem relação direta com a atividade desempenhada pelo funcionário e não contabiliza, por exemplo, licenças concedidas por doença do trabalho, como benefícios por problemas de saúde mental. Veja todos os números da série histórica:

Por que é subnotificado?
Procuradora do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região (MPT-15), Luana Duarte afirmou que a subnotificação na concessão nos benefícios de auxílio-doença por acidente de trabalho em Campinas “é uma realidade” porque existem algumas doenças ocupacionais nos quais ainda há uma dificuldade de relacioná-las com a atividade do funcionário.
“Quando há uma queda ou ferimento no trabalho, ou então algum acidente no trajeto, é mais fácil de saber que aquilo está relacionado à atividade do trabalho, mas a nossa batalha contra a subnotificação é na doença do trabalho, como os casos de saúde mental, ou uma lesão por esforço repetitivo. Nestes assuntos, ainda há um caminho para conseguir que o empregador relacione estas doenças com a função desempenhada no trabalho”, explicou.
Segundo a procuradora, há também a subnotificação por conta da precarização das atividades, considerando que existe uma grande parcela da população que atua na informalidade. Ou seja, se os dados do Observatório têm o recorte apenas do vínculo formal – funcionários com carteira assinada – o número de acidentes é muito maior do que o relatado pela Previdência Social.
“Acaba sendo uma amostra pequena porque a subnotificação é até maior no universo informal por conta da falta de vínculo previdenciário, aí você não tem um órgão que contabiliza isso”, relatou Luana Duarte.
Atividades e ocupações
O levantamento ainda apresenta a lista de atividades econômicas que mais registraram afastamentos por acidentes de trabalho no ano passado. O setor que lidera é o transporte rodoviário de carga, seguido de restaurantes e serviços de buffet.

“No caso do transporte rodoviário de carga, por exemplo, existem as excessivas jornadas de trabalho, além das condições ruins das rodovias. E a região de Campinas tem um potencial logísitico muito grande, o que contribui para que essa atividade lidere”, completou a procuradora.
O balanço do MPT ainda fez um recorte das ocupações que mais registraram acidentes no intervalo de 2012 a 2024. Confira:

Pessoas com transtornos emocionais perdem 122 mil dias de trabalho em Campinas
Saúde mental
Um dos filtros usados pelo Observatório é o número de afastamentos apenas de saúde mental. No ano passado em Campinas, foram concedidos 3,2 mil benefícios de auxílio-doença relacionados ao tema.
As licenças por problemas de saúde mental foram responsáveis por 122,2 mil dias perdidos em Campinas em 2024. O índice do ano passado é 6% maior do que em 2023, quando foram 115,3 mil dias perdidos. A pesquisa soma todas as datas que as pessoas não trabalharam em razão de afastamentos previdenciários.
O levantamento também leva em conta, consequentemente, o total de temppo em que as pessoas viveram com problemas de saúde mental e perderam “dias de vida saudável”.
Luana Duarte, procuradora do MPT-15
Reprodução/EPTV
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