Trabalhadores enfrentam jornadas duplas para pagar contas e transformar sonhos em realidade: ‘Trazendo frutos ainda maiores’


Nesta quinta-feira (1º) é celebrado o Dia do Trabalhador. Dois moradores de São José do Rio Preto (SP) dizem que, apesar da rotina intensa, o esforço tem sido válido para alcançar os objetivos. Moradores de Rio Preto enfrentam duplas jornadas de trabalho para bancar as contas
Reprodução/Getty Images
Acordar antes do amanhecer, trabalhar o dia inteiro, seguir até a noite e ainda usar o fim de semana para mais um ofício: essa é a rotina de dois moradores de São José do Rio Preto (SP), marcada por dupla jornada. Nesta quinta-feira (1º), Dia do Trabalhador, ambos relataram ao g1 que, apesar do cansaço físico, o esforço tem sido válido para alcançar os objetivos.
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Ambos compartilham histórias semelhantes às de outras pessoas no estado de São Paulo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre de 2024, 773 mil paulistas tinham mais de um trabalho.
Márcia Cristina Camargo, de 43 anos, vive uma rotina intensa. De segunda a sexta-feira, ela trabalha como auxiliar administrativa em um escritório. Aos fins de semana e feriados, quando muitos aproveitam para descansar ou estar com a família, Márcia assume o posto de diarista, trabalhando das 7h às 18h. “Trabalho os 30 dias do mês. Não é fácil”, diz.
Trabalhando de domingo a domingo, Márcia exerce uma jornada dupla de trabalho
Arquivo pessoal
A escolha por uma rotina exaustiva teve como argumento as dificuldades enfrentadas ao se mudar para Rio Preto, em 2021. À época, não conseguia conciliar empregos administrativos com os cuidados do filho mais novo, diagnosticado com asma.
A alternativa foi buscar trabalhos flexíveis, como o de diarista, que permitissem maior versatilidade em casos de emergência.
“Eu explicava que poderia precisar buscar meu filho ou levá-lo comigo. As pessoas sempre entenderam”, conta.
Desde então, intercalou funções como cuidadora de idosos e cozinheira em festas, além de administrar a própria casa. Hoje, mesmo tendo conquistado um emprego formal, o salário fixo não é suficiente, e a solução foi manter a dupla rotina. “Foi isso que me permitiu seguir com os compromissos financeiros”, relata.
O esforço valeu a pena: em abril de 2024, ela realizou o sonho da casa própria ao receber as chaves do seu apartamento. Depois de anos pagando aluguel, o imóvel onde vive atualmente com os filhos virou motivo de orgulho.
“Foi um sonho que realizei em abril [2024]. Trabalhei muito por isso. Agora estou cuidando de cada detalhe do nosso lar, fazendo tudo com carinho”, diz.
Apesar das ausências e renúncias, Márcia conta que a maior satisfação é ver que os filhos estão bem. “Quando estou em casa, gosto de ver uma série tranquila, estar com meu namorado e meus meninos”, conclui.
Márcia equilibra sua vida profissional com a rotina com seus três filhos e namorado
Arquivo pessoal
Trabalho e estudos
A rotina de Edoardo Lobl, de 31 anos, também exige fôlego e disciplina. De segunda a sexta-feira, ele começa o dia antes das 7h, quando inicia as primeiras aulas de inglês para alunos do setor corporativo. Por três horas, atua como consultor de língua inglesa em atendimentos online.
Assim que termina, às 10h, entra no estágio em análise de dados, também remoto, que vai até as 17h. À noite, das 18h às 22h, volta à sala de aula virtual para mais uma rodada de aulas particulares.
Edoardo atua como professor de línguas presencialmente e online
Arquivo pessoal
Aos fins de semana, quando não está trabalhando, estuda. Graduando em engenharia de software na modalidade EAD, ele dedica tempo para cumprir as disciplinas e garantir que sua transição para a área de tecnologia seja bem sucedida. “O home office ajuda, mas ainda assim a carga é pesada”, diz.
A jornada dupla é resultado de uma trajetória marcada por mudanças. Formado primeiramente em ciências biológicas, Edoardo atuou em pesquisas científicas, mas, após instabilidades na carreira, começou a lecionar línguas e, depois, investiu na área de tecnologia.
Apesar de ser formado em ciências biológicas, Edoardo teve dificuldade em prosseguir realizando pesquisas que, muita das vezes, têm pouco investimento
Arquivo pessoal
Com um plano profissional bem estruturado, atualmente ele busca crescimento, previsibilidade e qualidade de vida, mas ainda enfrenta desafios, como a falta de tempo livre e o cansaço.
“Preciso estar com energia para os alunos, para a empresa onde faço estágio, para minha esposa, amigos e família. Nem sempre consigo acompanhar tudo como gostaria. O tempo se tornou meu recurso mais valioso”, conta.
Mesmo com a agenda apertada, Edoardo tenta preservar os vínculos considerados importantes para ele. Troca o descanso por momentos com as pessoas que ama e, quando pode, realiza alguns dos muitos sonhos. Recentemente, viajou em um cruzeiro e foi a shows de bandas que acompanha há anos. “Espero que meu trabalho continue me trazendo frutos ainda maiores”, conclui.
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*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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