Após casos de morte em academia, médico recomenda cuidados na hora do treino

A morte de um adolescente de 17 anos, que sofreu uma parada cardíaca dentro de uma academia na Barra da Lagoa, em Florianópolis, na última quarta-feira (21), acendeu o alerta sobre os riscos e cuidados de quem tem uma rotina de treinos. Segundo apurou o ND Mais, o jovem era cardiopata.

Casos de morte em academias preocupam, mas, com os cuidados certos, a rotina de treinos pode seguir sem maiores problemas

Casos de morte em academias preocupam, mas, com os cuidados certos, a rotina de treinos pode seguir sem maiores problemas – Foto: iStock/Reprodução/ND

Esse foi o segundo caso de morte em academia em Florianópolis em 2024. Em abril, um homem de 30 anos teve uma parada cardiorrespiratória enquanto treinava em uma academia na Beira-Mar Norte.

No entanto, Marcelo Coelho Patricio, cardiologista do Imperial Hospital de Caridade de Florianópolis, reitera que as mortes não significam que treinos em academia trazem riscos para o coração.

“Esse tipo de ocorrência preocupa, mas não significa que atividades físicas podem levar a problemas cardíacos. Pelo contrário, elas trazem mais benefícios do que qualquer medicamento. O sedentarismo é mais perigoso para o coração do que qualquer exercício”, afirma o cardiologista.

Médico indica cuidados na hora do treino

Ao ND Mais, Patricio contou que pessoas abaixo de 40 anos, sem histórico de problemas cardíacos, não precisam necessariamente passar por exames cardiológicos antes de começar uma rotina de treinos.

“Em geral, não exigimos que pessoas jovens e saudáveis passem por exames porque isso pode desincentivar quem quer começar a praticar exercícios”, explica o médico.

Quando exames são recomendados

A recomendação para a realização de exames pode variar de acordo com a idade, a rotina de treino e o estado de saúde de cada indivíduo.

  • Para pessoas acima de 40 anos: Patricio recomenda a realização de um eletrocardiograma para qualquer pessoa nessa faixa etária, especialmente as que realizam exercícios físicos, pois é o período em que problemas cardíacos podem aparecer com mais frequência;
  • Para pessoas com menos de 40 anos: o cardiologista recomenda o exame para atletas de alta performance, pois treinos de muita intensidade intercalados com períodos de descanso exigem uma observação mais atenta à atividade cardíaca;
  • Para pessoas de qualquer idade: o médico recomenda o acompanhamento profissional para indivíduos que possuem algum problema crônico ou congênito relacionado ao coração, com exames como eletrocardiograma e ergometria.

Fatores de risco

Segundo o Ministério da Saúde, os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são:

  • Tabagismo;
  • Colesterol em excesso;
  • Hipertensão;
  • Obesidade;
  • Estresse;
  • Depressão;
  • Diabetes.

O Ministério também informa que as doenças cardiovasculares se desenvolvem ao longo do tempo e, por isso, não apresentam sintomas logo no início. Todos devem estar atentos a sinais como:

  • Dor ou desconforto no centro do peito, nos braços, ombro esquerdo, cotovelos, mandíbula ou costas;
  • Dificuldade em respirar ou falta de ar;
  • Sensação de enjoo ou vômito;
  • Sensação de desmaio ou tontura;
  • Suor frio;

Quando esses sinais surgem durante atividades rotineiras ou treinos físicos, é importante ficar atento, pois podem indicar problemas cardiovasculares, sendo recomendável buscar a orientação de um profissional.

Dor torácica é um dos principais indicativos de que existe um problema no coração

Dor torácica é um dos principais indicativos de que existe um problema no coração – Foto: Sutterstock/Reprodução/ND

Sintomas podem ser observados por pessoas próximas

Patricio observa que, em alguns casos, a pessoa que possui alguma doença cardiovascular não percebe os sintomas. Por isso, ele reforça que pessoas próximas, como amigos, familiares e colegas de treino, devem também estar atentos ao comportamento de quem faz exercícios frequentes.

“Já atendi um caso de um rapaz que fazia academia e não sentia nenhum problema. Mas a mãe dele percebeu que ele ficava cada vez mais sem ar, sempre ofegante. Então ela disse para ele procurar um médico e, quando fiz exames neles, foi constatada uma cardiopatia”, conta o cardiologista.

Pré-treinos e anabolizantes

O uso de anabolizantes para aumento da performance física durante os exercícios é uma prática que tem se popularizado entre jovens. O Conselho Federal de Medicina proibiu a prescrição dessas substâncias para fins estéticos e esportivos em 2023.

Patricio alerta que não há níveis seguros de consumo de anabolizantes.

“Anabolizantes causam lesões diretas no coração. A ação dessas substâncias enfraquece o músculo cardíaco, além de aumentar os níveis de hormônios acima do nível fisiológico, o que é muito prejudicial para o corpo”, diz o cardiologista.

Os pré-treinos são diferentes dos anabolizantes. Eles são estimulantes que aumentam o ritmo cardíaco para permitir maior circulação de sangue durante os exercícios, por isso Patricio diz que seu consumo deve ser moderado.

Não existe níveis seguros para consumo de anabolizantes, alerta cardiologista

Não existe níveis seguros para consumo de anabolizantes, alerta cardiologista – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Alimentação

Patricio orienta que os principais “vilões” na alimentação, que podem levar a um aumento de risco para o coração, são o sódio e as gorduras saturadas.

“O excesso de sal e de gordura saturada deve ser evitado não apenas por pessoas cardíacas, mas também por pessoas saudáveis. A alimentação é fundamental para uma boa saúde”, assegura o cardiologista.

O médico, no entanto, adverte que dietas muito restritivas também podem ser inimigas da boa saúde. “Dietas que cortam muitos nutrientes essenciais, como carboidratos e gorduras boas, fazem mal para o nosso corpo. A alimentação deve sempre ser bem equilibrada”, pontua Patricio.

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