Carlos Lupi deixa Ministério da Previdência após escândalo da fraude no INSS


O substituto de Lupi será o atual secretário-executivo do Ministério da Previdência, Wolney Queiroz. Segundo a ata do Conselho Nacional de Previdência Social, Wolney participou da reunião de junho de 2023 em que Lupi foi alertado sobre os indícios de fraudes no INSS. O escândalo da fraude no INSS derrubou nesta sexta-feira (2) o ministro da Previdência, Carlos Lupi. Nove dias depois da operação da Polícia Federal, Lupi entregou o cargo ao presidente Lula.
Carlos Lupi foi convocado para uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Lula. A conversa selou o que já se dava como certo em Brasília. A situação de Lupi se tornou insustentável ao longo desta semana. O governo esperou que Lupi tomasse providências duras e rápidas para enfrentar as denúncias de fraude no INSS. Mas desde o primeiro momento em que o esquema veio a público, Lupi adotou posições que geraram ainda mais desgaste para o governo. Primeiro, tentou proteger o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, filiado ao PDT, indicação dele para assumir o instituto. Lula teve que mandar demitir Stefanutto.
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Lula, então, nomeou o novo presidente do INSS sem consultar Carlos Lupi, em um gesto político que deixou claro o descontentamento do presidente com a forma como o ministro enfrentou a crise que atingiu mais de 4 milhões de pensionistas e aposentados.
Na quarta-feira (23), uma operação da Polícia Federal e da CGU – Controladoria-Geral da União trouxe à tona um esquema de descontos indevidos de mensalidades para associações e outras entidades. Os primeiros alertas chegaram a Lupi em junho de 2023. Mas as medidas de apuração só começaram quase um ano depois, quando a CGU já havia aberto auditoria, como revelou o Jornal Nacional no sábado (26). Lupi admitiu que houve demora para agir, mas disse que não houve omissão por parte dele.
Carlos Lupi deixa Ministério da Previdência após escândalo da fraude no INSS
Jornal Nacional/ Reprodução
Oficialmente, Carlos Lupi pediu demissão. Mas a saída dele já estava decidida pelo presidente Lula. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, vinha tratando do caso com o PDT, que faz parte da base do governo no Congresso.
Assim que deixou o Palácio do Planalto, Carlos Lupi divulgou uma carta em uma rede social. Disse que tomou a decisão com a certeza de que seu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso; que apoiou todas as apurações desde o início; e que vai continuar acompanhando e colaborando com o governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho dos beneficiários seja devolvido integralmente.
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Lupi assumiu a presidência do PDT em 2004, após a morte de Leonel Brizola. Estava licenciado da função desde o início de 2024, quando assumiu o Ministério da Previdência. Lupi foi ministro do Trabalho no segundo governo Lula e no governo Dilma. Foi investigado por suposta vantagem indevida ao viajar, em 2009, em um avião particular bancado por um empresário que teria sido beneficiado em contratos com o ministério. O caso foi arquivado pela Justiça. Veio à tona em 2011, quando também surgiram acusações sobre um suposto esquema de cobrança de propinas junto a ONGs que tinham convênios com o Ministério do Trabalho. Lupi pediu demissão após as acusações. A Comissão de Ética da Presidência da República recomendou que Dilma exonerasse Lupi.
Wolney Queiroz foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais)
Reprodução
O substituto de Lupi será o atual secretário-executivo do Ministério da Previdência, o número dois da pasta, Wolney Queiroz. Segundo a ata do Conselho Nacional de Previdência Social, Wolney participou da reunião de junho de 2023 em que Lupi foi alertado sobre os indícios de fraudes no INSS.
Wolney tem 52 anos. Filiado ao PDT em 1992, foi eleito seis vezes como deputado federal por Pernambuco. Ele foi líder do partido na Câmara e também líder da oposição durante o governo Bolsonaro. Atualmente, está sem mandato. No fim desta sexta-feira (2), Wolney já tomou posse como ministro.
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