Safras anuais, infraestrutura, mais resposta com irrigação: empresas estrangeiras citam oportunidades no agro brasileiro


‘O Brasil tem um potencial não aproveitado’, afirma representante de empresa israelense, participante da Agrishow. Maior feira de tecnologia agrícola do país reuniu empresas do Brasil e do mundo em Ribeirão Preto (SP). Ruas lotadas na Agrishow 2025, nesta quinta-feira (1º), em Ribeirão Preto (SP).
Rogener Pavinski/g1
A presença de estandes estrangeiros na Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do país que foi realizada até o início do mês em Ribeirão Preto (SP), deixa evidente que o Brasil é mais do que um mercado potencial aos olhos do mundo.
Empresas de diferentes países têm ampliado os investimentos em território nacional por verem uma série de oportunidades como a busca por sustentabilidade dos produtores, as características climáticas que garantem mais de uma safra anual, além de lacunas de infraestrutura.
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“O Brasil tem um potencial não aproveitado. Vemos crescimento de dois dígitos ano após ano”, afirma Michele Gonçalves, diretora de marketing no Mercosul da Netafim, empresa israelense do setor de irrigação.
Representantes de países como Israel, China, Itália e Japão estiveram entre as 800 marcas expositoras na Agrishow, que movimentou R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios para os próximos meses em torno de novas tecnologias para o campo.
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TV TEM/Reprodução
Demandas locais viram oportunidade para estrangeiros
Para Leandro Lance, diretor comercial da Rivulis, empresa israelense do ramo de irrigação, o fato de o país buscar reduzir custos com tecnologia é um atrativo para qualquer investidor internacional.
“O Brasil lidera em grãos, lidera em pecuária e vai continuar liderando porque somos muito competitivos”, afirma.
Diogo Rezende, vice-presidente comercial da Yara, norueguesa especializada em fertilizantes, completa: “O Brasil é o protagonista do agro. Se não é o primeiro, está entre os cinco maiores em quase todas as grandes culturas.”
Além disso, há um fator que sempre surpreende estrangeiros: a produtividade. “Enquanto na Europa mal se consegue uma safra e meia por ano, no Brasil falamos em três. Isso é visto lá fora como uma vantagem inexplicável”, diz Nilton Martins, presidente da THK, multinacional japonesa de desenvolvimento de componentes mecânicos.
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Faturamento em alta e culturas pouco exploradas
A austríaca Bauer, especializada em irrigação, viu o faturamento crescer 104 vezes nos últimos sete anos no Brasil. Hoje, o país representa 30% do faturamento global da empresa, e a meta é crescer entre 30% e 40% ao ano.
Isso porque, na visão dos estrangeiros, culturas como citros, café, cacau, cana-de-açúcar e hortifrúti em cultivo protegido têm grande capacidade de resposta à irrigação e ainda são pouco exploradas com tecnologias mais avançadas.
“Com a evolução da agricultura brasileira, hoje a matriz na Áustria está transferindo conhecimento e recursos para que o Brasil se torne um centro de inovação”, comenta Luiz Alberto Roque, co-CEO da empresa na América Latina.
O mesmo vale para a infraestrutura agrícola. A JCB, inglesa fabricante de equipamentos para construção e agronegócio, tem mais de 500 mil máquinas conectadas no mundo, todas fabricadas no Brasil com tecnologia embarcada, e mantém conteúdo local acima de 60%.
“O Brasil ainda usa caminhão como silo. Vai precisar de máquinas não só para o campo, mas para construir portos, ferrovias e silos. E é aí que entramos também”, diz Adriano Merigli, CEO na América Latina.
Uma maior busca por inovação e por sustentabilidade também é vista pelos estrangeiros como uma oportunidade em território nacional. Com o aumento da automação, o produtor brasileiro tornou-se mais exigente, segundo Felippe Vieira, diretor comercial da sul-coreana LS Tractor.
“Hoje o produtor busca custo-benefício e valor ao longo do tempo, não apenas o preço, mas também performance, eficiência e suporte pós-venda.”
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