Fraudes no Lattes: CNPq investiga 101 casos por dados falsos e bloqueia perfis de pesquisadores

A quantidade de denúncia por fraudes no Lattes quase triplicou após o CNPq melhorar metodologia de análise de currículos - Foto: Divulgação/ND

A quantidade de denúncia por fraudes no Lattes quase triplicou após o CNPq melhorar metodologia de análise de currículos – Foto: Divulgação/ND

Após mudar a metodologia de análise de currículos cadastrados na plataforma Lattes, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) recebeu, em 2024, um total 101 denúncias de problemas éticos envolvendo pesquisadores brasileiros, entre irregularidades, fraudes e plágios.

No ano anterior, haviam sido apenas 37 denúncias de fraudes no Lattes. No entanto, o órgão ressalta que não há como comparar os dados, já que a mudança na metodologia em 2024 passou a contar também com denúncias recebidas pela plataforma Fala.Br.

Fraudes no Lattes passaram de 100 em 2024

Das 101 denúncias recebidas, 44 eram inconsistências na base de currículos acadêmicos Lattes. A CIAC (Comissão de Integridade na Atividade Científica), responsável por investigar alegações de má conduta em pesquisa e publicação científica no país, notificou os autores e 23 deles corrigiram ou excluíram as informações erradas.

Outros dez pesquisadores tiveram o Lattes bloqueado e três tiveram a denúncia transformada em procedente, com a suspensão temporária da bolsa até a resolução do objeto da denúncia. Os números foram divulgados pela Folha de S. Paulo.

As denúncias de fraudes no Lattes recebidas pelo CNPq vão desde diplomas falsos até plágios – um caso recente foi de Carlos Alberto Decotelli, indicado por Jair Bolsonaro para ser ministro da Educação, mas que teve a nomeação retirada por conta de irregularidades em seu currículo acadêmico.

Em 2020, uma série de fraudes no Lattes de Carlos Alberto Decotelli encurtou sua passagem como ministro da Educação do governo Bolsonaro - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/ND

Em 2020, uma série de fraudes no Lattes de Carlos Alberto Decotelli encurtou sua passagem como ministro da Educação do governo Bolsonaro – Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/ND

Segundo o CNPq, cada pesquisador é responsável por incluir as informações na plataforma e deve se responsabilizar pela declaração ética e responsável dos seus trabalhos. O conselho não tem papel de verificar individualmente cada currículo, dependendo de denúncias que devem ser avaliadas pela CIAC.

O órgão informou, no entanto, que o sistema de verificação de informações incluídas segue em melhorias e, nos próximos meses, se tornará mais sofisticada quando a plataforma OrcID, que reúne informações de pesquisadores de todo o mundo, for integrada ao Lattes.

Plataforma permite buscar currículos de milhões de pesquisadores acadêmicos que atuam no Brasil - Foto: Reprodução/ND

Plataforma permite buscar currículos de milhões de pesquisadores acadêmicos que atuam no Brasil – Foto: Reprodução/ND

O que é a plataforma Lattes

O currículo Lattes congrega informações acadêmicas de pesquisadores que atuam no Brasil. Nele, tanto alunos quanto professores inserem dados sobre sua formação (onde estudaram e/ou trabalharam), bem como trabalhos publicados (artigos, livros, seminários etc) e eventos que participaram.

Atualmente, são mais de 8 milhões de currículos cadastrados. A plataforma recebeu esse nome em homenagem ao físico brasileiro César Lattes, falecido em 2005.

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