Com superlotação de abrigos, gabinete de crise solicita escritório da Agência da ONU para Refugiados no Acre


Encontro de representantes do estado e de autoridades federais vai definir planejamento para dar mais agilidade no acompanhamento de imigrantes que passam pelo Acre. Representante do governo do Acre afirma que vai pedir a criação de escritório de agência da ONU no estado. Casa de apoio a imigrantes em cidade do Acre é uma das que estã acima da capacidade de lotação
Arquivo/Prefeitura de Assis Brasil
Uma reunião interministerial teve início nessa terça-feira (4) em Rio Branco para discutir estratégias e soluções no atendimento a imigrantes que chegam aos abrigos do Acre. Além de representantes do estado e de municípios de fronteira, o encontro conta com a participação de comitivas dos ministérios da Defesa, da Cidadania e das Relações Exteriores, entre outras autoridades que atuam na questão migratória.
O governo estuda montar um abrigo permanente para imigrantes próximo à rodoviária de Rio Branco e solicitou a instalação de um escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) no estado.
O coordenador do gabinete de crise do estado e ex-secretário de Direitos Humanos, Lauro Santos, disse em entrevista ao Jornal do Acre 1ª Edição dessa terça que a reunião ocorre após o governo do Acre apresentar um plano de contingência e pedir a participação do governo federal. A reunião deve seguir até esta quinta-feira (6), e os participantes também devem visitar abrigos na capital e no interior.
Conforme Santos, o estado busca antecipar soluções para um cenário de crise com 400 mil imigrantes que estão na iminência de deportação no Peru, país vizinho ao Acre. Ele ressalta ainda que a crise humanitária não é um problema apenas do Acre, mas sim do país.
“Vamos visitar os abrigos em Brasiléia e Epitaciolândia, Assis Brasil e Rio Branco, e estamos colocando o cenário, a questão de termos 400 mil migrantes irregulares no Peru e que têm prazo para se regularizar até o dia 6 de novembro e, caso não se regularizem lá, serão deportados. Estamos antevendo um cenário gravíssimo, que não é um problema do Acre, é um problema do Brasil, é um problema de relações exteriores, Itamaraty, e que envolve o governo federal”, disse.
Gabinete discute alternativas para fluxo migratório no Acre em reunião nesta terça (4)
Apoio federal
Durante agenda no Acre em maio deste ano, o ministro da Justiça, Flávio Dino, abordou a crise migratória, e disse que é um debate que precisa ser pautado pela sensibilidade e bom senso. Para Dino, como também há brasileiros que vivem em outros países, é preciso levar em conta o princípio da reciprocidade.
O ministro esteve no Acre para anunciar a destinação de recursos e equipamentos para a segurança nas áreas de fronteira, e afirmou que o governo federal também acompanha com atenção a questão migratória, principalmente na fronteira com a Venezuela.
“Nem vamos fazer uma política que seja de liberou geral, nem uma política que quebre essa reciprocidade que nós queremos para os brasileiros e brasileiras que moram em outros países do mundo”, explicou.
No mês seguinte, em junho, técnicos do Ministério da Saúde estiveram no estado e visitaram abrigos. A comitiva prometeu subsidiar ações de melhorias no acolhimento e serviços de saúde disponibilizados para esse público, além de revelar os impactos na rede pública.
Prioridades
O coordenador Lauro Santos informou que na oportunidade da reunião, o estado vai apresentar áreas onde potencialmente podem ser construídos novos abrigos para imigrantes em Rio Branco.
Santos afirmou ainda que os locais também poderão ser aproveitados para abrigar a população atingida por enchentes e pessoas em situação de rua.
“A gente apresentou o plano de contingência, com algumas áreas que podem ser utilizadas para serem construídos outros abrigos, inclusive uma área na Via Verde, que é uma área próxima a Rodoviária Internacional de Rio Branco, e próxima à Upa, que são equipamentos fundamentais para o acolhimento de migrantes e que depois pode ser usado para abrigar a nossa população durante a alagação, e também para o acolhimento às pessoas em situação de rua. Não é a mesma estrutura, mas a mesma logística de aproveitamento das refeições, dos colchonetes, da água, que são comuns a essas três situações de vulnerabilidade social”, destacou.
Pedido à ONU
O Acre tem, atualmente, 140 imigrantes acolhidos nos abrigos de Epitaciolândia, Brasiléia, Assis Brasil e Rio Branco, segundo o coordenador.
O estado tem recebido o apoio do escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) em Manaus, por meio de doações que são encaminhadas. Porém, Santos afirma que vai solicitar a criação de uma unidade permanente no Acre, que, segundo ele, seria essencial, já que a situação na fronteira é permanente.
“A Acnur sempre ajuda a gente. Mês passado, mandaram mais de 1,5 mil doações, entre água, computadores, kits de higiene pessoal, kits de limpeza. Então, a gente tem recebido essas doações. Mas, ter uma estrutura deles aqui, é bem melhor. Eles têm a experiência internacional, ter técnicos da Acnur aqui ajuda a gente a ter mais agilidade nesse acompanhamento da crise migratória. E como a gente sabe, sempre tem migrante passando no Acre. Ter uma agência da ONU aqui não é luxo, é necessidade”, enfatizou.
VÍDEOS: g1

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