Primeira floresta nacional do Brasil, Flona Araripe completa 79 anos de criação, no Ceará


A Floresta Nacional do Araripe foi instituída com o intuito de manter as fontes de água do semiárido e diminuir o avanço da desertificação no Nordeste. Floresta Nacional do Araripe
Antônio Lisboa/Arquivo Pessoal
A Floresta Nacional (Flona) do Araripe, localizada no Ceará, completou 79 anos de criação. Foi a primeira floresta nacional a ser instituída no Brasil com o intuito de manter as fontes de água do semiárido e diminuir o avanço da desertificação no Nordeste.
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Para comemorar, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a floresta, realizou um evento na base do Belmonte, no Crato, com o objetivo de inaugurar a nova sinalização da unidade e também apresentar a nova denominação da Trilha Inclusiva que leva ao Mirante do Belmonte.
“A nova sinalização da Trilha do Belmonte foi pensada para tornar o percurso mais acessível e informativo, especialmente para quem visita a Flona do Araripe pela primeira vez. As placas instaladas são autoexplicativas e seguem o Manual de Sinalização de Trilhas do ICMBio, um padrão nacional que facilita a orientação dos visitantes em Unidades de Conservação em todo o país”, explica o chefe do núcleo gestor do ICMBio, Carlos Augusto de Alencar Pinheiro.
Placas informativas também foram instaladas com a legenda das simbologias utilizadas ao longo do trajeto, permitindo que os usuários compreendam com facilidade os significados dos ícones e orientações visuais encontradas durante a trilha. Essa padronização visa não apenas melhorar a experiência de visitação, mas também reforçar a segurança, o respeito às normas da Unidade e a conexão dos visitantes com a natureza.
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Primeira floresta nacional do Brasil, localizada no Ceará, completa 79 anos de criação.
Reprodução
A trilha inclusiva do Belmonte, renomeada, passa agora a se chamar Mestre Galdino, em homenagem a Luiz Galdino de Oliveira, guardião da Floresta Nacional do Araripe, mateiro, escultor e mezinheiro, que faleceu em 28 de fevereiro deste ano. Mestre Galdino dedicou sua vida à preservação dos saberes ancestrais e à valorização da cultura popular. Natural do Crato, tornou-se uma referência na condução de trilhas ecológicas e na transmissão de conhecimentos tradicionais sobre a floresta. Recebeu título de Tesouro Vivo do Estado do Ceará em 2022.
“A trilha inclusiva foi rebatizada, em homenagem ao mestre Galdino, para que as pessoas que tenham pouca mobilidade, pessoas de idade, com deficiência visual ou também motora possam contemplar nossa chapada, nossa Floresta Nacional”, reforça Carlos Augusto Pinheiro.
Criada em 2 de maio de 1946, a Flona Araripe abriga espécies raras da fauna e flora, como por exemplo, o Soldadinho-do-Araripe, ave classificada como criticamente em perigo de extinção pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela IUCN, devido à extrema restrição de habitat, ao desmatamento, à degradação de nascentes e ao baixo número de indivíduos conhecidos na natureza. O soldadinho sobrevive somente na floresta e só existe nesta região.
Desafios da Flona Araripe
Floresta Nacional do Araripe completa 79 anos
Para a gestão da Flona Araripe, existem alguns desafios para a preservação da unidade:
Uso do fogo
O uso indiscriminado do fogo ainda é uma das maiores ameaças à biodiversidade da Flona Araripe. Queimadas provocadas por práticas agrícolas ou negligência afetam diretamente o ecossistema, especialmente durante os períodos de estiagem. O fogo compromete a regeneração da vegetação, ameaça espécies endêmicas e dificulta o trabalho de fiscalização.
Acúmulo de lixo nas trilhas
O descarte irregular de resíduos sólidos por visitantes, especialmente em áreas de trilha, compromete a qualidade ambiental e afeta negativamente a experiência dos usuários. Além disso, o lixo atrai animais domésticos e silvestres, o que pode causar desequilíbrios ecológicos e transmissão de doenças.
Vandalismo e depredação do patrimônio ambiental
A destruição de placas de sinalização, estruturas de apoio à visitação e até mesmo de recursos naturais, é uma prática recorrente que compromete os esforços de conservação e educação ambiental.
Plano de Manejo desatualizado
A ausência de um Plano de Manejo atualizado dificulta a implementação de políticas efetivas de conservação, ordenamento da visitação, pesquisas científicas e projetos de educação ambiental. O documento é fundamental para o planejamento e a gestão integrada da unidade. Em 2025, o plano de manejo completa 20 anos. Uma atualização deve ser realizada em 2026.
Presença de animais domésticos
Cães soltos nas trilhas ou abandonados na floresta representam risco à fauna nativa, podendo causar predação de espécies silvestres, transmissão de doenças e desequilíbrio ecológico. Além disso, sua presença afeta a segurança dos visitantes.
“Essa floresta é nossa, o ICMBio só cuida dela, mas é de todos nós. Para que a gente tenha esse ambiente gostoso, saudável, para nós, nossos filhos e netos, cada um tem que vir aqui e deixar somente os seus sentimentos. Esse local é de contemplação e de conexão com a natureza”, finaliza Carlos Augusto Pinheiro.
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