‘Bonita demais’? Freira brasileira demitida por maus tratos acusa Vaticano de machismo

Freira brasileira foi acusada de maus-tratos

Freira brasileira expõe machismo no Vaticano após ser demitida ‘dizia que eu era bonita demais’ – Foto: Divulgação/ND

Aline Pereira Ghammachi, 33 anos, a freira brasileira demitida por ser “bonita demais”, rompeu o silêncio após ser afastada do Mosteiro San Giacomo di Veglia, em Veneza.

A religiosa brasileira, que comandava a instituição desde 2018, acusa o Vaticano de tê-la removido do cargo sem julgamento justo, citando comentários machistas de um superior como motivação.

O caso começou com uma denúncia anônima em 2022, que a acusava de manipular freiras e ocultar finanças. Apesar de uma primeira auditoria recomendar o arquivamento, o processo foi reaberto.

Segundo Aline, o pedido de afastamento teria sido feito Frei Mauro Giuseppe Lepori. “Ele dizia que eu era bonita demais para ser abadessa, ou mesmo para ser freira. Falava em tom de piada, mas me expôs ao ridículo”, revela a freira.

Aline afirma que superior alegou que ela era 'bonita demais' para ser freira

Freira afirma ter sido deposta do cargo no mesmo dia em que Papa Francisco morreu – Foto: Divulgação/ND

Freira brasileira demitida por ser ‘bonita demais’ expõe crise no Vaticano

Natural do Amapá, Aline é formada em administração de empresas. A freira trocou os caminhos do mercado pela fé, onde atuou como tradutora de documentos sigilosos da Igreja, além de intérprete em eventos religiosos.

A freira brasileira ainda enfrentou uma segunda investigação em 2024, conduzida por uma visitadora apostólica. “Ela não fez nenhum teste conosco, apenas teve uma conversa”, relata a ex-abadessa. Aline afirma ainda que a visitadora a classificou como uma pessoa “desequilibrada”.

A decisão final chegou em fevereiro: Aline foi substituída por uma madre de 81 anos no mesmo dia da morte do papa Francisco. “Isso aconteceu num dia de luto para a Igreja, e num dia em que nós não poderíamos recorrer a ninguém”.

A religiosa acusou o Vaticano de machismo

A amapaense Aline Pereira Ghammachi é formada em administração de empresas – Foto: Divulgação/ND

A religiosa recusou a transferência para outro convento e agora busca justiça na Assinatura Apostólica, tribunal do Vaticano. Em protesto, onze freiras deixaram o mosteiro em solidariedade a Aline, abalando a comunidade.

“Eu não tive direito de defesa. Fui colocada para fora do mosteiro, sem motivação. Estamos até recorrendo no Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Por que aconteceu? Porque eu sou mulher, porque eu sou jovem e porque, principalmente nesse contexto, sou brasileira”, disse a freira.

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