MT lidera índice de envelhecimento entre quilombolas em áreas rurais no Brasil, diz IBGE


Estado também figura entre os que mais concentram quilombolas em áreas urbanas. Mato Grosso apresentou o maior índice de envelhecimento do país entre a população quilombola
Gustavo Louzada/Instituto Marlin Azul
Mato Grosso apresentou o maior índice de envelhecimento do país entre a população quilombola residente em áreas rurais, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta segunda-feira (12).
De acordo com dados do Censo 2022, são 92 pessoas com 60 anos ou mais para cada 100 crianças com até 14 anos vivendo nesse contexto, que é o maior índice do Brasil nesse recorte.
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O estado também figura entre os que mais concentram quilombolas em áreas urbanas: mais da metade dessa população em Mato Grosso vive nas cidades, o que o coloca como o sétimo maior percentual nacional nesse aspecto, atrás apenas de estados como Rondônia e Goiás.
Ao todo, são 11.729 pessoas quilombolas identificadas no estado, sendo 55,49% em zona urbana e 44,51% em zona rural.
🚿📚Serviçoes essenciais e analfabetismo
Apesar da expressiva presença urbana, o acesso a serviços essenciais ainda é um desafio. Mato Grosso registrou o terceiro menor índice do país quanto à coleta de lixo em territórios quilombolas oficialmente delimitados, com apenas 1,8% da população atendida.
Além disso, 65% dos quilombolas vivem em casas com alguma precariedade nos serviços de saneamento básico — como abastecimento de água, esgotamento sanitário ou destinação adequada do lixo.
Outro dado que chama atenção é a taxa de analfabetismo: 13,45% das pessoas quilombolas com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever um bilhete simples. Esse índice é mais que o dobro da média estadual, que é de 5,81%.
Comunidade Mata Cavalo
Localizada em Nossa Senhora do Livramento, a 42 km de Cuiabá, a comunidade quilombola Mata Cavalo é uma das mais conhecidas de Mato Grosso e é considerada uma das mais antigas do estado e tem forte importância histórica, cultural e simbólica para a população afrodescendente da região.
A comunidade faz parte de um dos quatro Territórios Quilombolas oficialmente delimitados em Mato Grosso, segundo o Censo 2022, e concentra o maior número de quilombolas dentro desses territórios: são 711 pessoas, o que representa mais de 70% do total de moradores quilombolas em áreas oficialmente reconhecidas no estado.
Mata Cavalo enfrenta, no entanto, desafios históricos ligados à regularização fundiária, infraestrutura precária, acesso limitado a serviços básicos e lutas constantes por reconhecimento de direitos. Ainda assim, mantém viva uma rica tradição cultural, com destaque para festas religiosas, culinária típica, saberes ancestrais e práticas de resistência que atravessam gerações.
Há sete anos, um documentário chamado “Vivenciando a cultura do Quilombo Mata Cavalo”, que conta a história e a cultura da comunidade foi um dos 15 projetos selecionados no 6º Revelando os Brasis.
A produção, que foi gravada em janeiro de 2018, conta a história da trajetória de luta e resistência da área de 15 mil hectares, que foi entregue a escravos em 1833 e concorreu com mais de 900 projetos de todo o Brasil.
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