Em conversa com chanceler ucraniano, Mauro Vieira reitera defesa de acordo entre Putin e Zelensky para pôr fim à guerra


Mesmo sem confirmação do Kremlin, há expectativa de que presidentes russo e ucraniano se encontrem na Turquia para iniciar diálogo. O Ministério das Relações Exteriores confirmou nesta terça-feira (13) que o ministro Mauro Vieira conversou por telefone com o chanceler da Ucrânia, Andrii Sybiha, sobre a guerra que o país trava com a Rússia, acrescentando que a posição do Brasil é que haja a negociação direta entre os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
Putin e Zelensky
Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via Reuters; Reuters/Alina Smutko
A confirmação do Itamaraty aconteceu após Sybiha ter publicado em uma rede social a informação de que havia conversado com Mauro Vieira e pedido ajuda do Brasil nas conversas entre a Ucrânia e a Rússia.
Os dois países estão guerra desde fevereiro de 2022, quando tropas russas invadiram a Ucrânia a mando do presidente Vladimir Putin. Mesmo sem confirmação do Kremlin, há uma expectativa de que Putin e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se encontrem na Turquia para iniciar um possível diálogo.
Ucrânia aceitou negociar uma trégua na guerra com a Rússia que já dura mais de 3 anos
“O ministro Mauro Vieira manteve telefonema no dia de hoje com o chanceler da Ucrânia, Andrii Sybiha. Mauro Vieira ressaltou a satisfação do presidente Lula com a proposta do presidente Vladimir Putin de abertura de negociações para a paz com a manifestação positiva do presidente Volodymyr Zelensky no mesmo sentido”, informou o Itamaraty.
“Mauro Vieira sublinhou que a negociação direta entre os dois países é a fórmula defendida pelo Brasil desde o início do conflito”, acrescentou o ministério.
Mediações
Desde que a guerra começou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido que Putin e Zelensky sentem para negociar um acordo de paz.
Lula foi questionado sobre visita à Rússia em meio à guerra na Ucrânia
Lula também tem defendido que as negociações sejam mediadas por países aceitos pelos dois lados envolvidos na guerra, citando como possíveis mediadores o próprio Brasil, além de países como China, África do Sul e Indonésia.
O presidente brasileiro, porém, foi criticado por integrantes do governo ucraniano por ter se encontrado com Putin na semana passada em Moscou durante as comemorações do governo russo sobre os 80 anos da vitória sobre as tropas nazistas de Adolf Hitler, em maio de 1945.
Segundo apurou a TV Globo durante a visita a Moscou, o presidente brasileiro se encontrou com Putin no Kremlin e, segundou apurou a TV Globo, fez um apelo por um cessar-fogo entre as tropas dos dois países.
Lula encontra Putin na Rússia.
Ricardo Stuckert/ Presidência da República
Divergências entre Lula e Zelensky
Apesar da defesa do Brasil para que os países cheguem a um pacto, Lula e Zelensky se distanciaram ao longo do último ano em razão de embates públicos por divergências sobre a forma de lidar com a guerra.
Lula, por exemplo, já disse que, se Zelensky fosse “esperto”, diria que a solução para a guerra com a Rússia é diplomática, e não militar.
Zelensky, por sua vez, já declarou que o brasileiro não é mais um “player” nas negociações entre Rússia e Ucrânia e que “o trem do Brasil já passou”.
Lula e Zelensky – home
Estadão Conteúdo/Getty Images via AFP
Declaração conjunta Brasil-China
O presidente Lula está na China e, durante encontro com o presidente Xi Jinping, Brasil e China divulgaram uma declaração conjunta sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Os dois países disseram esperar que se inicie, “no menor prazo possível”, um diálogo “direto” entre os dois países, o que representa a “única forma de pôr fim ao conflito”.
“O Brasil e a China avaliam positivamente os recentes sinais de disposição ao diálogo e manifestam sua expectativa de que as partes possam alcançar um entendimento que viabilize o início de negociações frutíferas, que contemplem as preocupações legítimas de todas as partes. Eles consideram necessário encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia em suas raízes com vistas a um acordo de paz duradouro e justo, que seja vinculante para todas as partes no final”, afirma a declaração.
Xi Jinping e Lula na China
Ricardo Stuckert / Presidência da República
A declaração conjunta de Brasil e China está em linha com o que Lula vem dizendo, que só será possível Rússia e Ucrânia negociarem um eventual acordo a partir do momento em Putin e Zelensky começarem a dialogar.
“Até então, ele [Zelensky] achava que o Putin tinha que aceitar o acordo dele, do jeito que ele queria. E não é assim. Ninguém é o senhor da razão, achando que pode impor sua vontade sobre os outros”, disse o presidente em março deste ano, após viagens pelo Japão e pelo Vietnã.
“Num conflito como esse, se os dois estiverem dispostos a negociar, será muito melhor para a Ucrânia, muito melhor para a Rússia, muito melhor para a Europa e muito melhor para o mundo”, concluiu Lula na ocasião.
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