Pai acusado de matar 4 filhos fica em silêncio durante júri em Alvorada


Crime aconteceu em 2022. Três crianças foram encontradas com marcas de facadas e uma com asfixia. No primeiro dia de julgamento, mãe falou como testemunha. Terminou primeiro dia de júri de pai que matou quatro filhos em 2022
David da Silva Lemos, o pai acusado de matar os quatro filhos, ficou em silêncio durante o interrogatório realizado nesta quarta-feira (13), segundo dia de julgamento pelo crime, em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
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Ainda durante a tarde, inicia a fase de debates entre defesa e acusação. Segundo o Tribunal de Justiça do RS, a expectativa é de que o julgamento seja concluído na quarta.
A mãe das crianças, Thays da Silva Antunes, prestou depoimento no primeiro dia de júri, terça-feira (13) e se disse “sem chão” após as mortes dos quatro filhos.
O crime aconteceu em dezembro de 2022, em Alvorada. David é acusado de matar os Auatro filhos, Yasmin, de 11 anos; Donavan, de 8 anos; Giovanna, de 6 anos; e Kimberlly, de 3 anos. Três foram encontradas com marcas de facadas e uma com asfixia.
O julgamento acontece no Salão do Júri do Foro local, no bairro Piratini, presidido pelo Juiz de Direito Marcos Henrique Reichelt, da 1ª Vara Criminal Especializada em Júri da Comarca de Alvorada.
David da Silva Lemos, pai acusado de matar filhos com idades entre 3 e 11 anos, ficou em silêncio durante interrogatório
Divulgação/TJRS
Outras testemunhas
Nesta quarta-feira (14), também prestou depoimento como testemunha um tio do acusado. Ele descreveu David como uma pessoa reservada e disse que via pouco ele com as crianças.
Também foi ouvido como testemunha um homem de 34 anos, que entregou à polícia a mochila e o telefone deixados por David no estabelecimento em que ela trabalhava, na Orla do Gasômetro. Segundo ele, David estava alcoolizado e foi repreendido por incomodar outros clientes. Ele teria chegado ao local brigando com alguém pelo telefone, e acabou deixando os pertences no local.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a previsão é de que o julgamento tenha três dias de duração. O Conselho de Sentença é formado por quatro juradas e três jurados.
O acusado está preso provisoriamente. A reportagem entrou em contato com a defesa, que afirma que “os trabalhos transcorreram dentro do que se esperava”.
Suspeito preso por morte dos quatro filhos em Alvorada
Reprodução/RBS TV
Saiba como foi primeiro dia de júri
A acusação diz que “o crime foi motivado pela não aceitação do término de relacionamento com a ex-companheira, mãe das vítimas”, expõe a Justiça.
Thays começou o depoimento contando sobre os 11 anos de relacionamento com o acusado. Ela confirmou que ele era muito possessivo e ciumento.
A gota d’água veio três meses antes do crime, quando, segundo contou, teria sofrido uma agressão física. Em seguida, Thays conseguiu uma medida protetiva, mas os dois voltaram a se encontrar.
“Fiz isso por medo”, relembra.
Ao relatar o fim de semana em que os filhos foram para a casa da avó paterna, contou que as crianças não retornaram para a casa da mãe na data combinada.
“Jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez”, diz Thays. “Só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu”, desabafa.
Thays da Silva Antunes, mãe das quatro crianças mortas, depondo em júri do pai David da Silva Lemos
Janine Souza/ DICOM/ TJRS
Motivo torpe, diz MP
Conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), o acusado teria praticado os crimes contra menor de idade; por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como ”instrumento de sofrimento à ex-companheira”; por meio cruel, ”desferindo nas vítimas múltiplos golpes com arma branca, causando-lhes extenso sofrimento”, disse o promotor de Justiça responsável pela denúncia, Marcelo Tubino. Além de asfixia, no caso da menina de 3 anos.
O promotor acrescenta que os crimes foram praticados contra menores de 14 anos e contra mulher, por razões da condição do sexo feminino no âmbito de violência familiar, já que três das vítimas eram meninas.
Relembre o caso
Mapa mostra o local onde o crime ocorreu e onde o suspeito foi preso
Arte/g1
As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada por volta das 19h30, de 13 de dezembro de 2022, quando familiares acionaram a polícia. David da Silva Lemos já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia seguinte, em um hotel na capital.
Segundo a polícia, ao ser preso, o homem disse que cometeu o crime e que deu calmante às crianças antes da morte. No entanto, na delegacia, durante o depoimento e acompanhado de um defensor público, permaneceu em silêncio.
A avó materna das quatro crianças relatou à reportagem da RBS TV que o acusado já havia agredido a mãe das crianças e que acreditava que ele tenha cometido os crimes para atingi-la.
A mãe das crianças e David tiveram um relacionamento por 11 anos. Eles haviam se separado há cerca de três meses na época do crime. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou um boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem.
Os irmãos mortos em Alvorada: Yasmin, de 11 anos; Donavan, de 8 anos; Giovanna, de 6 anos; e Kimberlly, de 3 anos.
Arquivo pessoal
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