Caso Renato Nery: MPMT denuncia PM e caseiro por morte de advogado


Até o momento, 10 pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no caso. O policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva foram denunciados pelo Ministério Público de Mato Grosso pela morte do advogado Renato Nery
Reprodução
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) denunciou, nessa quinta-feira (15), policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva pelo assassinato do advogado Renato Nery, em Cuiabá, no ano passado.
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Os investigados são denunciados por homicídio qualificado, com as agravantes de promessa de recompensa, perigo comum, dificuldade de defesa da vítima e idade avançada da vítima, além de fraude processual, por tentativas de ocultar provas e dificultar as investigações, e organização criminosa.
Heron também foi acusado de abuso de autoridade, por uso indevido do poder. O g1 entrou em contato com as defesas dos acusados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
De acordo com a denúncia, Alex e Heron planejaram o assassinato de Renato, monitorando a rotina dele antes da execução. Alex confessou ter efetuado os disparos enquanto prestava depoimento na Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), nessa quinta-feira.
Ele disse, em depoimento à polícia, que a arma usada no crime foi alugada por R$ 1.500 de uma pessoa que, segundo ele, está morta.
Os promotores de Justiça Élide Manzini de Campos, Rinaldo Segundo, Samuel Frungilo e Vinicius Gahyva Martins apontam que, após o crime, Alex teria queimado objetos utilizados no momento do crime e trocado de celular várias vezes. Os dois tentaram esconder a moto usada na fuga.
A Polícia Civil informou que o crime pode ter começado a ser planejado em abril de 2024, quando o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, apontado como um dos intermediadores, alugou a chácara com a intenção de matar o advogado.
Arma usada no crime
Na segunda-feira (12), o MPMT também denunciou o sargento Jorge Rodrigo Martins, o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos, o soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira e o policial Leandro Cardoso, todos da Polícia Militar, pelo homicídio de Walteir Lima Cabral e pela tentativa de homicídio contra dois adolescentes. Além de fraude processual e porte ilegal de armas.
A investigação aponta que, menos de uma semana depois do assassinato do advogado, os policiais militares teriam recebido uma denúncia de que Walteir e os dois adolescentes teriam roubado o carro de uma mulher. No local, um deles teria reagido e atirado contra os PMs, que revidaram. Walteir morreu e os adolescentes, um deles baleado, conseguiram fugir.
Durante a ação, duas pistolas foram apreendidas e, após passarem por perícia, foi identificado que uma dessa armas teria sido a arma usada para matar Renato. No entanto, a Polícia Civil afirmou que essa versão dos PMs não se confirmou.
Segundo as investigações, a perícia apontou que as pistolas não foram disparadas no suposto confronto. Depoimentos também revelaram que as armas não seriam dos assaltantes.
O g1 tenta localizar a defesa de Wekcerlley Benevides de Oliveira e entrou em contato com a defesa de Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Leandro Cardoso e Jorge Rodrigo Martins, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Veja abaixo tudo sobre o que a polícia descobriu durante a investigação:
Quem são e como agiram os investigados
Caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva – atirador
Sargento da PM Heron Teixeira Pena Vieira – intermediador recebeu dinheiro, arma e contratou o Alex pra fazer executar
Cabo da PM Jackson Pereira Barbosa – intermediador entregou dinheiro a Heron
Policial da integiência da Rotam, Ícaro Nathan Ferreira – intermediador que entregou parte do dinheiro ao Heron e entregou a arma
Empresário Cesar Jorge Sechi – mandou matar Nery por causa da disputa de terra
Empresária Julinere Goulart Bastos – mandou matar Nery por causa da disputa de terra. Ela é esposa de Cesar
Ícaro e Jackson tiveram as prisões prorrogadas.
Casal de empresários Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos.
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Entre o casal suspeito de mandar matar o advogado, Julinere aceitou colaborar com a polícia e prestará depoimento. Já Cesar negou envolvimento e permaneceu em silêncio.
Além dos envolvidos diretamente na morte, a polícia prendeu outros quatro policiais, apontados como suspeitos de simular um confronto policial para esconder a arma do crime. Veja abaixo quem são:
Alessandro Medeiros Ramos – policial militar
Wekcerlley Benevides de Oliveira – policial militar
Leandro Cardoso – policial militar
Jorge Rodrigo Martins – policial militar
Os investigados Jorge Rodrigo, Wailson Alesandro, Aleandro Cardoso e Wekcerlley Benevides.
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Negociações e motivo do assassinato
Advogado Renato Gomes Nery, de 72 anos
Divulgação
As investigações apontaram que a morte de Nery foi motivada por disputa de terra. Segundo a polícia, o advogado não temia morrer, mas sim perder suas terras, que tentava transferir para o nome das filhas.
O policial militar Heron confessou ter sido contratado para matar o advogado e que contratou Alex para executar Renato. Ele afirmou à polícia que recebeu R$ 200 mil para matar e, desse valor, pagou R$ 50 mil ao caseiro para a execução.
Nery foi baleado quando chegava no escritório dele, em julho de 2024. Segundo a Polícia Civil, o atirador já estava esperando pelo advogado e, após atirar, fugiu do local em uma moto. Uma câmera de segurança registrou o momento (veja abaixo).
O advogado morreu um dia após ser baleado. O corpo dele foi sepultado em Cuiabá, na manhã do dia 7 de julho. Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens.
Ele foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e conselheiro Federal da OAB, na gestão 1989 – 1991.
Advogado é baleado durante atentado em frente a escritório de Cuiabá
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