Produtores do Amazonas aprendem práticas que aumentam qualidade do leite


Na Fazenda Santa Juliana, localizada no quilômetro 34 da rodovia AM-010, produtores e especialistas se reuniram para trocar conhecimento e plantar tecnologia no curral. Produtores trocam conhecimentos sobre técnicas para aprimorar a produção de leite no Amazonas.
Breno Cabral/Rede Amazônica
Produtores rurais do Amazonas estão adotando novas técnicas de manejo, melhoramento genético e beneficiamento para transformar a pecuária leiteira. Na Fazenda Santa Juliana, localizada no quilômetro 34 da rodovia AM-010, produtores e especialistas se reuniram para trocar conhecimento e plantar tecnologia no curral.
No campo, o conhecimento chega em quatro paradas: silagem, adubação, ordenha e beneficiamento. A receita pra produzir leite de qualidade começa no pasto e termina no queijo. Para o produtor José Bertholdo, o que não falta é disposição pra fazer dar certo.
“Quando você quer produzir um produto de qualidade, tem que começar com matéria-prima de qualidade. Melhoramos a nutrição, o manejo, a genética, a ordenha e a nossa unidade de beneficiamento. O Sebrae nos apoiou muito, e hoje conseguimos dobrar a produção.”
Dobrar a produção é só parte do resultado. O objetivo é garantir constância, mesmo em tempos difíceis. E com o clima mudando, a silagem vira carta na manga pra manter o rebanho nutrido o ano todo, com a silagem feita com capim BRS Capiaçu — uma forrageira adaptada à Amazônia e rica em nutrientes —, além de técnicas modernas de ordenha e cuidados com a higiene na produção de derivados.
“O BRS Capiaçu é um capim que produz até 300 toneladas por hectare. É mais barato que o milho, exige menos tecnologia e ajuda o produtor a enfrentar os períodos de seca, mas tem que cortar na hora certa. Capim passado é igual gente cansada: já perdeu o pique”, explica o veterinário José Bento Ribeiro.
Genética também entrou no jogo. Com cruzamentos e manejo adequado, o leite começa a fluir melhor e a conta começa a fechar.
“O meio-sangue girolando responde muito bem aqui. Com manejo certo, saímos de uma média de 10 litros pra até 20. E com conforto e nutrição, dá pra chegar a 30 litros por vaca”, diz o veterinário.
A transformação não é teoria. Já está no chão de barro, no curral e no tanque de leite. Quem vive disso, sabe.
“Pra mim é um divisor de águas. Hoje, com genética e manejo, a gente enxerga produtividade, eficiência e lucratividade. A gente passa a acreditar mais na atividade, mesmo com as dificuldades climáticas”, revela o pecuarista Caio Michiles.
Tratamento adequado com vacas garante leite de qualidade.
Breno Cabral/Rede Amazônica
Impactos no setor
Segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), o estado produz cerca de 20 milhões de litros de leite por ano, com destaque para municípios como Itacoatiara, Autazes e Manacapuru. A maioria das propriedades são pequenas, e o investimento em capacitação e manejo é apontado como caminho para aumentar a competitividade e a renda das famílias que vivem da atividade. O presidente da Faea, Muni Lourenço, já vê reflexos práticos.
“O Amazonas lidera o crescimento da produção de leite no Norte. A genética vem melhorando, as tecnologias de manejo estão sendo adotadas, e já temos queijos daqui premiados no Brasil e no mundo. Isso tudo gera emprego, renda e valor agregado no campo.”
O conhecimento também vai pro interior, pra quem está começando e pra quem já faz há anos. O que vale é trocar, compartilhar e crescer junto. Na Fazenda Santa Juliana, a porteira está aberta, literalmente. José Bertholdo sabe que o futuro do leite depende de união.
“Eu sempre falo: minha fazenda está de portas abertas. O que eu puder compartilhar, seja planta, conhecimento, técnica, estou à disposição. Só cresce quem cresce junto”, conclui o produtor.
Amazônia Agro de domingo, 18 de maio de 2025
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