Cinco postos de combustível em SC são dominados por facções, aponta levantamento

Cinco postos de combustível em SC são dominados por facções, foto mostra bomba de gasolina vermelha abastecendo carro

Postos de combustível são utilizados por facções há anos, afirma diretor da DEIC – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/ND

Santa Catarina possui cinco postos de combustíveis dominados por facções, apontou um levantamento feito pelo setor. A pesquisa aponta indícios da ramificação do crime organizado pelo Brasil, que teria 941 postos de gasolina nesta condição.

Os dados foram obtidos e divulgados pelo R7 no domingo (18). Para mapear os postos, a pesquisa considerou diversos fatores, como relação de agentes com participações societárias, uso de laranjas e relações entre postos e redes.

Atualmente, o Brasil tem cerca de 42 mil postos de combustível. Conforme o levantamento, São Paulo é o estado mais crítico, com 290 postos influenciados ou dirigidos pelo crime organizado; a unidade federativa é seguida por Goiás (163), Rio de Janeiro (146) e Bahia (103).

A análise revela que os dirigentes e responsáveis por esses postos de combustível estariam envolvidos em lavagem de dinheiro e envolvimento em operações policiais, além de muitos terem histórico prisional.

O delegado Daniel Régis, diretor da DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais), afirmou que o uso de postos de combustível por facções ocorre há anos. Além disso, ele avaliou o número atribuído à Santa Catarina pelo levantamento.

“O que há dê certo é que a criminalidade busca cada vez mais fontes alternativas para lavar esse dinheiro. Em alguns momentos vão procurar um tipo de negócio, em outros tempos vão procurar outros. Pode ser cinco postos hoje, pode ser 30 amanhã, pode ser nenhum, desde que com repressão à altura. Então esse número varia, não é como dizer que isso é muito, é pouco, o estado é enorme”, comentou.

“Eu diria que hoje uma grande parte da lavagem de dinheiro é feita através da compra e venda de bens imóveis. Isso é uma certeza”, concluiu.

Uso de postos de combustível por facções não é novo, mas indica expansão e fuga

O especialista em segurança pública Welliton Caixeta Maciel explica que a infiltração do crime organizado no setor de postos de combustível não é algo novo.

“Remonta ao final dos anos 1990. O que observamos é uma adaptação da criminalidade às oportunidades que parecem mais propícias para expansão do domínio e fortalecimento das facções criminosas, como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte”, diz.

Para Maciel, a “escolha do setor de combustíveis por essas facções tem relação a precariedade da fiscalização e com a potencialidade da ampliação da ramificação do crime organizado e sua interiorização pelo país por meio dos postos de combustíveis, além, é claro, do fornecimento de estrutura para lavagem de dinheiro e outros crimes, cooptação de membros e outros fatores”.

Na avaliação do especialista, as tentativas de sufocamento do domínio de facções criminais têm feito com que elas se reorganizem e repensem suas formas de atuação, “não mais apenas focado no tráfico de drogas, cigarros e armas de fogo, mas também na venda de combustível”.

O presidente do ICL (Instituto Combustível Legal), Emerson Kapaz, confessou que o impacto da sonegação, das facções criminosas e dos devedores contumazes é grande no mercado de combustível.

“Também temos distribuidoras que estão enfrentando dificuldades ou sendo cooptadas pelo crime organizado. E na ponta, temos [a infiltração] nos postos de gasolina. Costumamos dizer que toda a cadeia produtiva está colaborando para esse cenário”, lamenta.

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