Um mês sem papa Francisco: Leão XIV faz homenagem ao antecessor em missa


Suprimentos autorizados a entrar em Gaza até o momento são ‘uma gota em um oceano’, segundo o diretor de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher. ONU alerta que crianças não estão recebendo comida em Gaza devido ao bloqueio imposto por Israel.
Reuters
O Papa Leão XIV fez, nesta quarta-feira (21), um apelo para que Israel permita a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, classificando a situação no enclave palestino como “ainda mais preocupante e triste”.
“Renovo meu apelo para que seja permitida a entrada de uma ajuda humanitária justa e para que se ponha fim às hostilidades, cujo alto preço é pago por crianças, idosos e doentes”, disse o papa durante sua audiência geral semanal na Praça de São Pedro.
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O apelo do papa coincidiu com as denúncias feitas pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) contra Israel, país que acusou de limitar-se a deixar entrar em Gaza uma ajuda “ridiculamente insuficiente”, apenas para “evitar a acusação de que está matando de fome as pessoas” na Faixa.
A ONU afirmou na terça-feira ter recebido autorização de Israel para que cerca de 100 caminhões de ajuda humanitária entrem na Faixa de Gaza. No entanto, ainda não se sabe se essa ajuda entrou no território palestino.
Segundo a ONU, nenhuma assistência havia sido distribuída aos palestinos até o início desta quarta-feira, contradizendo falas israelenses de que o bloqueio de 11 semanas a Gaza havia terminado. Ao mesmo tempo, o organismo bilateral disse que cinco caminhões conseguiram entrar no território na segunda-feira.
O diretor de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, disse à rede britânica “BBC” nesta terça-feira que a ajuda humanitária permitida a entrar em Gaza até o momento é “uma gota em um oceano”. Segundo a ONU, a população de cerca de 2,3 milhões de palestinos no território precisa de pelo menos 500 caminhões de suprimentos por dia, entre ajuda humanitária e bens comerciais.
Caminhões carregando ajuda humanitária parados no lado israelense da passagem de Kerem Shalom, na fronteira com a Faixa de Gaza, em 20 de maio de 2025.
REUTERS/Amir Cohen
A preocupação pelas crianças, bebês e idosos na Faixa de Gaza também aumenta à medida em que a escassez de alimentos fica mais severa. Fletcher teme que 14 mil bebês possam morrer nas próximas 48 horas se ajuda humanitária suficiente não chegar a Gaza.
A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA, em inglês) afirmou nesta quarta-feira que suprimentos em um de seus complexos, localizado a três horas de Gaza, estão parados à espera de liberação para entrada no território.
“As pessoas em Gaza precisam de tudo. Os suprimentos precisam entrar. Agora”, afirmou a agência, que diz ter alimentos para 200 mil pessoas, medicamentos para 1,6 milhão, cobertores, kits de higiene e materiais escolares.
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Papa da paz
Papa Leão XIV abençoa criança durante primeira audiência geral de seu papado na Praça de São Pedro em 21 de maio de 2025.
REUTERS/Yara Nardi
Robert Prevost, eleito papa Leão XIV em 8 de maio, advoga pela paz e já mencionou a situação em Gaza diversas vezes nas primeiras semanas de seu pontificado, além de outros conflitos notórios, como a guerra na Ucrânia.
Em sua primeira mensagem de domingo, em 11 de maio, o novo papa pediu um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns israelenses mantidos pelo grupo terrorista palestino Hamas.
O apelo de Leão ocorre um dia depois de o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciar que seu governo suspendeu as negociações de livre comércio com Israel e convocou o embaixador israelense no Reino Unido devido à situação em Gaza.
Israel afirma que planeja intensificar as operações militares contra o Hamas e controlar toda a Faixa de Gaza, que vem sendo devastada por uma guerra aérea e terrestre israelense desde o ataque transfronteiriço do Hamas a comunidades israelenses em outubro de 2023.
Israel também declarou que o bloqueio tem como objetivo, em parte, impedir que militantes palestinos desviem e se apoderem de suprimentos de ajuda humanitária. O Hamas nega essa prática.
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