Três histórias incríveis de fãs sobre System of a Down no Brasil (e como banda mudou a vida deles)


Leia relatos sobre a turnê da banda neste mês. Fã de 11 anos conheceu baterista ‘xará’, cadeirante fez roda punk sozinho e pedagoga com câncer viu show após 19 anos de espera. Fã cadeirante faz roda punk de um homem só e conhece integrante do System of a Down
O System of a Down fez de cinco show no Brasil neste mês, após 10 anos distante do país. A espera pelo retorno dos quatro integrantes fez os 50 mil ingressos do então único show em São Paulo evaporarem. A banda abriu duas novas datas na cidade, além de shows em Curitiba e no Rio.
Abaixo, o g1 conta três histórias inscríveis de fãs que mostram o vínculo com a banda e o impacto dela nas suas vidas.
Baterista encontra baterista
Baterista do System of a Down conhece fã homônimo de 11 anos e que toca mesmo instrumento
João Pedro Fraga Luz tem 11 anos, faz aulas de bateria e nasceu no dia 28 de maio. A data não é aleatória: é o mesmo dia em que o System of a Down se apresentou pela primeira vez como banda, lá em 1995, na Califórnia (EUA). O garoto tinha 1 ano na última vez que a banda veio ao Brasil.
Ele assistiu ao segundo show da banda no Allianz Parque, neste mês, mas queria mais. Com a ajuda da tia, convenceu o pai a ir até o hotel em que a banda estava hospedada, na Zona Sul da capital, para tentar conhecer os integrantes.
João ficou na porta do hotel com dois cartazes, em inglês, que diziam: “Eu tenho 11 anos, eu toco bateria e System of a Down é minha banda preferida. Podemos tirar uma foto juntos?” e “O 1º show de vocês como banda foi no dia 28 de maio e meu aniversário também é”.
O baterista John Dolmayan, quase xará do garoto, leu as mensagens. Ele viu os fãs na calçada e foi na direção do jovem baterista.
“Ele é muito gentil. Foi direto em mim, me cumprimentando. Fiquei muito feliz por conhecer um integrante da minha banda favorita ainda”, conta o garoto ao g1. “Eu estava bem ansioso e eu toco bateria ainda. Valeu muita pena.”
João, de 11 anos, com cartaz em frente ao hotel em que a banda se hospedou
Arquivo pessoal
Roda punk de um homem só
Gabriel Machado, mais conhecido pelo nome de streamer Machadinhobr, comprou o ingresso para o 1º show do System em São Paulo assim que a banda confirmou a vinda ao país. A influência dos irmãos na infância o tornou fã do quarteto armênio-americano.
Cadeirante, Machadinho assistiu pela internet as apresentações na Colômbia, Peru e Argentina. Ele viu que a banda tinha um ritual no final do show: pausar um dos principais hits, “Toxicity”, para agitar rodas punks com os dizeres “spining around”. E ele não quis ficar só: gravou na arquibancada do Allianz Parque fazendo manobras circulares (ou “zerinhos”) com sua cadeira elétrica.
“Eu queria muito fazer esse vídeo já faz tempo, em algum tipo de show, e entrou a oportunidade perfeita. Ainda mais que eu gosto para caramba da banda. E eu postei sem pretensão nenhuma, sabe?”, conta ele ao g1.
Machadinho com o baterista John Dolmayan no show final da turnê, no Autódromo de Interlagos
Arquivo pessoal
O resultado não poderia dar mais certo: mais de 367 mil visualizações no TikTok, 75 mil curtidas no Instagram. Tudo isso gerou o convite para ir ao show em Interlagos. No fim da apresentação, a produtora do show fez uma surpresa ao levá-lo até o baterista, John Dolmayan.
“O pessoal me falou que tinha um presente para mim e quando cheguei estava o baterista, o John. Foi muito da gora. Troquei ideia e fiz o vídeo fazendo zerinho com ele, ficou marcado para a minha vida.”
‘Me senti viva’
‘Me senti viva’: fã mudou rotina de tratamento de câncer para ver show do System of a Down
Nathalie de Freitas Alvaide, pedagoga paulista de 34 anos, decidiu adaptar os tratamentos de câncer no pulmão e miastenia gravis (doença autoimune que a faz sentir forte fraqueza muscular) para assistir ao show do System of a Down no Autódromo de Interlagos.
Ela esperou por 19 anos por isso, desde quando era adolescente e ouviu o álbum “Toxicity” pela primeira vez e se apaixonou. Na época do último show da banda no Brasil, no Rock in Rio de 2015, Nathalie não tinha dinheiro para ir ao festival.
Em todo esse tempo, ela teve sérias dúvidas durante os tratamentos se conseguiria um dia ver a banda da sua vida. “Conforme eu fui chegando mais perto, eu fui tendo mais a sensação de que, sim, eu estou viva e eu sobrevivi pra viver isso”, relembra a fã sobre a sensação que teve ao chegar ao Autódromo de Interlagos.
“Eu sei que a banda não sabe, que eles não sabem o que eu estava comemorando, o que eu estava vivendo, mas eu peguei aquela queima de fogos no fim para mim, sabe? Encerrei com chave de ouro. Uma sensação de ‘eu consegui, caralho!’… Sabe? Agora é pensar no próximo show que eu quero ir”, ela avisa, rindo.
Nathalie em abril de 2025 em tratamento de câncer (à esq.) e no show do System of a Down (à dir.)
Arquivo pessoal
VÍDEO: O lado político do System of a Down
System of a Down relaciona o rock com a política
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