Itamaraty tenta evitar crise com Trump por causa de Moraes

A leitura interna é que, embora Trump não tenha o Brasil como prioridade, ele costuma seguir conselhos de aliados com vínculos com a extrema-direita brasileiraMARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Integrantes do governo federal têm atuado nos bastidores para evitar um possível conflito diplomático com os Estados Unidos, caso o presidente Donald Trump determine a aplicação de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A avaliação do Palácio do Planalto é que uma crise bilateral poderia comprometer a atual relação entre os dois países, considerada estável neste momento.

A movimentação envolve diplomatas do Itamaraty, que iniciaram conversas com representantes ligados ao Partido Republicano e ao entorno de Trump.

O objetivo é apresentar a versão do governo brasileiro sobre os atos ocorridos entre o final de 2022 e o início de 2023, especialmente em 8 de janeiro.

O Planalto sustenta que houve uma tentativa de golpe de Estado e que Moraes, como relator das investigações, tornou-se a principal autoridade no combate aos responsáveis.

Segundo apuração do Portal iG com interlocutores do governo, o diálogo também busca medir a influência da família Bolsonaro sobre parlamentares da bancada trumpista.

A leitura interna é que, embora Trump não tenha o Brasil como prioridade, ele costuma seguir conselhos de aliados com vínculos com a extrema-direita brasileira.

Não está claro, no entanto, qual o grau de articulação efetiva dos bolsonaristas com o núcleo político norte-americano.

Governo brasileiro e os seus argumentos

Ministro Alexandre de MoraesReprodução

O governo brasileiro tenta demonstrar que eventuais sanções contra uma autoridade do STF criariam um impasse diplomático.

Diplomatas têm defendido que a relação entre os dois países foi reconstruída após o início conturbado do governo Trump e que não haveria motivo para colocar isso em risco.

Ministros do Supremo Tribunal Federal pediram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que se posicione publicamente em defesa de Moraes.

No entanto, Lula foi orientado a aguardar uma manifestação oficial da Casa Branca antes de se pronunciar. Caso as sanções se concretizem, o Planalto deve reagir de forma institucional.

Investigação

Enquanto isso, o STF autorizou a abertura de uma investigação para apurar a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na articulação internacional contra Moraes.

O inquérito vai examinar se o parlamentar atuou diretamente para incentivar medidas contra o ministro junto a autoridades ou políticos estrangeiros.

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