Kennedy Jr. tira vacina da Covid para crianças e grávidas nos EUA

Robert Kennedy JrReprodução: Pixabay – 25/04/2023

O Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou nesta terça-feira (27) que a vacina contra a COVID-19 deixará de ser recomendada para crianças saudáveis e mulheres grávidas.

A medida altera as diretrizes dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), que até então indicavam a imunização a partir dos seis meses de idade.

O comunicado foi feito em vídeo publicado no perfil oficial de Kennedy na rede social X, onde ele declarou que a mudança é baseada em “bom senso e boa ciência”.

Também participaram do vídeo Marty Makary, comissário da Administração de Alimentos e Medicamentos, e Jay Bhattacharya, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde.

A decisão alinha os Estados Unidos a países da União Europeia, que já haviam restringido a vacinação para determinados grupos.

Kennedy justificou a nova orientação com base na ausência de dados clínicos considerados suficientes sobre a aplicação de doses adicionais em crianças saudáveis.

Ele também mencionou preocupações com a segurança dos imunizantes nesses grupos, sem apresentar evidências durante o anúncio.

A mudança foi bem recebida por seguidores do movimento “Make America Healthy Again”, que defende restrições às campanhas de vacinação.

A retirada da recomendação, no entanto, contraria posicionamentos anteriores do próprio CDC e do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização, que vinham defendendo a vacinação com base em estudos de segurança e eficácia.

A decisão também foi anunciada sem a participação do diretor do CDC, cargo que se encontra vago de forma permanente desde o início de 2025.

Queda de vacinação nos EUA

Vacina da CovidRovena Rosa/Agência Brasil

A taxa de vacinação infantil nos EUA já vinha apresentando queda nos últimos anos. Em 2024, a cobertura vacinal contra o sarampo recuou de 95% para 93% em comparação com o período anterior à pandemia.

Em estados como Idaho, o índice caiu para 79%. Especialistas em saúde pública alertam que a redução pode facilitar o retorno de doenças já controladas.

Kennedy tem histórico de ceticismo em relação às vacinas. Ele fundou a organização Children’s Health Defense, responsável por divulgar conteúdos críticos à imunização, como o documentário “Vaxxed III: Authorized to Kill”.

A entidade já foi associada à disseminação de alegações sem comprovação, entre elas a suposta ligação entre vacinas e autismo.

Em 2020, uma carta atribuída a Kennedy afirmando que vacinas de mRNA alterariam o DNA humano foi desmentida por sua própria equipe e por especialistas da área.

Estudos

Estudos realizados durante a pandemia indicam que vacinas como as da Pfizer e da Moderna são seguras para gestantes, com benefícios como a transferência de anticorpos para os bebês.

A imunização também demonstrou reduzir o risco de formas graves da COVID-19 em crianças, como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P).

A ausência de imunização aumenta os riscos associados à COVID-19. Gestantes infectadas têm maior probabilidade de desenvolver complicações e passar por partos prematuros.

Em crianças, embora os casos graves sejam menos frequentes, continuam ocorrendo internações e mortes.

Em 2023, os EUA registraram 3.379 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em menores de 1 ano, e 1.707 em crianças de 1 a 4 anos.

Diversos países, como Canadá, Alemanha e Irlanda, continuam recomendando a vacinação infantil, especialmente para crianças com doenças pré-existentes. A União

Europeia mantém diretrizes que indicam a imunização a partir de 6 meses de idade, com ajustes conforme o risco epidemiológico.

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