Com 237 mortes violentas, Acre registra aumento de 22% dos casos e tem 15ª maior taxa do país


Dados são do Anuário do Fórum de Segurança Pública. Maior parte dos casos se trata de homicídios dolosos. Com 237 mortes violentas, Acre registra aumento de 22% dos casos e tem 15ª maior taxa do país
Ithamar Souza/Arquivo pessoal
O número de mortes violentas no Acre aumentou em 22% no período de um ano. De acordo com os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados na quinta-feira (20), em 2021 foram registradas 194 mortes intencionais no estado, enquanto em 2022 esse número saltou para 237 – um aumento de 22%. Comparando com os demais estados do país, o estado tem a 15ª maior taxa, com 28,6 mortes intencionais para cada grupo de 100 mil habitantes.
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Deste total do ano passado, a grande parte das mortes foi de homicídio doloso (207). Também foram registradas 19 mortes decorrentes de intervenção policial em serviço ou fora dele. Esse registro também teve aumento, já que em 2021 foram 11 mortes registradas dessa forma. O crescimento foi de 73% com relação aos números absolutos.
Somente em Rio Branco, foram 96 vítimas de mortes violentas em 2022. Uma taxa de 26,3 mortes para cada 100 mil habitantes.
A categoria Mortes Violentas Intencionais (MVI) corresponde à soma das vítimas de homicídio doloso (incluindo os feminicídios), latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora (em alguns casos, contabilizadas dentro dos homicídios dolosos, conforme notas explicativas).
Sendo assim, a categoria MVI representa o total de vítimas de mortes violentas com intencionalidade definida de determinado território. O número de policiais mortos já está contido no total de homicídios dolosos e é aqui apresentado apenas para mensuração do fenômeno.
O estado também teve em 2022 seis vítimas de latrocínio, cinco de lesão corporal seguida de morte. O ano passado não registrou mortes de policiais civis e militares.
Mortes a esclarecer
O anuário aponta ainda que o estado tem 55 mortes a esclarecer em 2022. Os dados informados correspondem ao volume de ocorrências policiais registradas e não necessariamente indicam o número de vítimas envolvidas.
Os dados mostram também que o estado acreano registrou 372 tentativas de homicídios e 2.809 casos de lesão corporal dolosa no ano passado.
Facções criminosas
O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) detectou as primeiras atividades das facções no estado em 2012. As primeiras movimentações eram para cooptar jovens para as facções já existentes no Sudeste do país e que, naquele momento, chegavam ao estado. A primeira ação do poder público foi em 2013, com a chamada Operação Diáspora. O boom das mortes violentas no estado foi no ano de 2017, quando ocorreram 530 mortes violentas.
Apesar de todos os indícios apontarem para o fortalecimento do crime organizado no Acre, o estado só assumiu a existência das facções no final de 2015, quando ataques contra o poder público ficaram evidentes. Ou seja, foi deixada uma lacuna de três anos para que esses grupos ganhassem força – o que permitiu, inclusive, a criação de uma facção no estado, que surgiu dentro dos presídios.
E essa guerra de facções é o que tem refletido no aumento de mortes violentas em todo o estado, tanto no que diz respeito a homicídios dolosos, como de mortes em confronto com a polícia.
O Gaeco é um dos braços para combater o avanço desses grupos no estado. Somente no ano passado, o grupo fez:
10 operações do Gaeco;
8 Operações policiais;
372 mandados de prisão;
401 pessoas denunciadas.
Já no primeiro semestre deste ano, foram:
266 criminosos denunciados;
99,4% de condenações;
180 prisões efetuadas;
12 operações.
Ao todo, 2.913 pessoas foram denunciadas e responsabilizadas pelo Gaeco nos últimos cinco anos por integrar organização criminosa no Acre. Esse balanço se refere a 2018 até 1º de julho deste ano.
Serviço de inteligência
Para o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Coronel José Américo Gaia, essa sequência de mortes e ataques deve ser combatida com o auxílio dos trabalhos de inteligência da segurança estadual, além da busca por mandados de busca e apreensão para prevenir esse tipo de ocorrência.
“Trabalhando um serviço de inteligência, identificando tanto os agentes quanto os mandantes desses homicídios. Com esse trabalho de inteligência, a gente tá trabalhando também a solicitação junto ao Ministério Público e Judiciário, mandados de busca e apreensão para que a gente possa fazer uma prevenção, para que evite essas execuções”, explicou em reportagem do g1 em maio deste ano.
O secretário destaca a importância das polícias Civil e Militar no combate a esses crimes, e ressalta que, no caso dos homicídios, as execuções por conta de conflitos entre grupos criminosos dificultam uma maior redução nas mortes.
“Então, são as duas instituições que estão bem à frente do combate à criminalidade e que são elas que estão reduzindo. Os índices criminais com 7% de furto, 35% de roubo e 21% de homicídios no mês de abril de 2023 comparados a 2022, nos homicídios que ocorreram, quase 40% dos homicídios são de execuções, que são difíceis de fazer a prevenção”, avaliou.
Medidas ao longo dos anos
Em julho de 2016, Rio Branco, onde se concentrava o maior número de execuções, ganhou a primeira Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção de Pessoas (DHPP) do Acre. Desde lá, algumas medidas foram tomadas:
A implantação de fato do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves em Rio Branco;
A criação de uma delegacia voltada para investigar somente os crimes de homicídio – DHPP;
A separação dos presos por facção dentro das cadeias do estado;
Criação da força-tarefa, reunindo forças policiais;
As constantes operações de revistas dentro dos presídios.
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