Mulher é deixada com homem em mesma cela de delegacia no Acre e denuncia importunação sexual


Justiça remeteu caso à Corregedoria da Polícia Civil para apuração. Policiais perceberam o erro quando foram contar os presos durante a manhã de 19 de julho. Homem e mulher ficaram na mesma cela dentro da Defla
Asscom/Polícia Civil
A Justiça do Acre solicitou que a Corregedoria da Polícia Civil apure uma suposta importunação sexual sofrida por uma presa dentro da Delegacia de Flagrantes de Rio Branco (Defla) na madrugada do último dia 19. É que os policiais plantonistas deixaram a mulher dentro da mesma cela que um homem.
A mulher relatou que o preso passou a mão em suas pernas durante a madrugada dentro da cela. A vítima foi presa em flagrante por por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo e munição no bairro Triângulo Novo.
Ela foi levada pela Polícia Militar para a Defla, indiciada pelos crimes e colocada em uma cela para aguardar a audiência de custódia que ocorreria no dia seguinte.
Conforme o depoimento dos policiais, há cinco celas na Defla, sendo uma destinada para mulheres, uma para menores e as demais para homens. A vítima foi colocada na cela destinada para menores.
Durante a madrugada, quando tinham apenas dois policiais no plantão e os demais repousavam, chegou um rapaz de 18 anos também preso por tráfico de drogas.
“O plantão estava muito movimentado e com a presença de muitos presos. Por volta das 3h15, a declarante e o policial levaram para cela um preso de nome Adrian, que é costume na Defla haver cela específica para mulheres e outra para menores. Que quando Adrian estava sendo submetido à revista pessoal pelo policial, a declarante foi conferir as celas”, diz o termo de depoimento da equipe.
Presa não foi vista na cela, segundo depoimento
Ainda conforme o documento, a policial perguntou ao colega em qual cela iria colocar o preso, e ele respondeu que “na mais vazia”. Os dois policiais ainda verificaram se havia menor apreendido na carceragem, o que foi percebido que não e o preso levado para a cela destinada para menores.
“Diante disso, deduziram que na segunda cela local em que normalmente ficam os menores, havia um preso. A declarante chamou para ver o [suposto] preso, mas não obteve resposta. A presa estava bem encolhida, não percebeu que se tratava de uma mulher”.
Com isso, o preso foi colocado na mesma cela que a mulher. A equipe relatou ainda que não ouviu, durante a madrugada, gritos ou pedidos de retirada da cela. Pela manhã, quando os policiais foram conferir os detentos para a passagem de serviço, o policial percebeu ‘na cela destinada a menores havia um preso homem e uma presa mulher’.
De imediato, o homem foi retirado da carceragem e questionado se havia feito algo contra a mulher, o que foi negado. Ele foi levado para outra cela. A mulher também foi retirada e levada ao gabinete do delegado plantonista.
Lá, a mulher relatou que sofreu importunação sexual durante a madrugada. Foi feito o auto de flagrante pelo crime. Os dois presos passaram por audiência de custódia e foram colocados em liberdade.
Ao saber da situação, durante a audiência de custódia, a juíza de Direito Andréa da Silva Brito determinou ‘a remessa dos autos à Promotoria de Controle Externo das Atividades Policiais, a Corregedoria da Polícia Civil e a Defensoria Pública do Acre (DPE-AC), do Núcleo dos Direitos Humanos, todos, para conhecimento e providências que entender cabíveis’.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Polícia Civil disse apenas que o caso foi remetido à Corregedoria. A reportagem tentou conseguiu contato com o delegado que estava no plantão, mas não obteve retorno.
Preso negou crime
Ao ser ouvido, o rapaz disse que percebeu que estava na mesma cela que uma mulher, mas que nem ele nem a detenta chamaram os policiais. Ele alegou que a mulher estava dormindo quando ele entrou.
Após alguns minutos, a mulher acordou e ele falou ‘pode ficar de boa’ para ela não ficar com medo. Ainda segundo o relato, o homem falou que deitou na ‘pedra’ e ‘acredita que durante o sono tenha esticado os braços e encostado na presa’.
A mulher acordou assustada e empurrou o preso. Ele afirmou que, depois disso, ficou sentado próximo da grade até até o dia amanhecer e se retirado pelo policial.
O homem alegou também que em nenhum momento passou a mão nas pernas da presa intencionalmente.
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