Documento deixado por ex-chefe da Polícia Civil do Rio apontava ‘excesso de mudança nos altos cargos’ como fraqueza na corporação


Documento deixado por ex-chefe da Polícia Civil do Rio apontava ‘excesso de mudança nos altos cargos’ como fraqueza na corporação. Documento deixado por ex-chefe da Polícia Civil do Rio apontava ‘excesso de mudança nos altos cargos’ como fraqueza na corporação
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O Diário Oficial da sexta-feira (6) já trazia o nome do delegado Felipe Curi como responsável pea Secretaria Estadual da Polícia Civil, mudança anunciada pelo governador Claudio Castro ainda no início da semana. Mas dois despachos estratégicos da corporação foram publicados pelo delegado Marcus Amim, exonerado pelo governador.
Um deles, o Plano Estratégico da Polícia Técnico-Científica, traz uma análise dos desafios enfrentados pela corporação, e destaca, entre os pontos, justamente o “Excesso de mudança nos altos cargos” da corporação. Também foi publicada uma proposta de nova identidade visual para a corporação (leia mais abaixo).
O plano estratégico faz uma análise, conhecida como SWOT, que aponta forças, fraquezas e oportunidades para a Polícia Técnico-Científica – área da Civil que engloba o Instituto Médico-Legal e unidades de perícia, entre outras. Ao todo 50 pontos são elencados como fraquezas. Além do grande número de mudanças – estatística da qual Marcus Amim passou a fazer parte como o sexto secretário nomeado no governo Castro – estão listadas a falta de plenajemento, descontinuidade e carreira estagnada.
Entre outros 21 pontos apontados como ‘Ameaças’ ao trabalho da Polícia Técnico-Científica estão listados ainda a instabilidade política e administrativa e “Cenário político influenciando na gestão técnica”.
O delegado Marcus Vinícius Amim estava no cargo desde 19 de outubro de 2023. Para que pudesse ser nomeado, foi preciso a aprovação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa para permitir delegados com menos de 15 anos na função assumirem cargos no comando da Secretaria de Polícia Civil.
Marcus Amim
Reprodução/TV Globo
Em quatro anos, Cláudio Castro faz a quarta troca no comando da Polícia Civil. Antes de Amim, passaram pelo cargo José Renato Torres (por apenas 21 dias), Fernando Albuquerque e Allan Turnowski.
O governador usou o aumento da violência no estado como motivo para a demissão de Amim — ação que foi criticada até pelos deputados da base do governo na Alerj. Há até pouco tempo, o próprio Castro vinha comemorando os índices de segurança pública.
Em julho, um mês antes de demitir o secretário, Castro destacou o “trabalho impecável de inteligência das polícias que entraram em 16 comunidades da Zona Oeste e prenderam 145 bandidos”. A afirmação foi feita em um artigo publicado no jornal O Globo.
Nova identidade visual
Nova identidade visual da Polícia Civil tinha sido publicada antes de mudança na chefia
Reprodução
Além do Planejamento Estratégico, o Diário Oficial de sexta-feira trouxe ainda outra mudança importante implementada pelo agora ex-secretário. A nova identidade visual da Polícia Civil também foi publicada, com um estudo sobre a marca da Polícia, destacando a necessidade de padronizar a comunicação.
Os despachos da nova identidade visual e do Planejamento Estratégico foram assinados por Marcus Amim nos dias 2 e 3 de setembro, respectivamente, mas a publicação só aconteceu no dia 6. A exoneração do secretário, anunciada no dia 2, só foi oficializada no Diário Oficial do dia 5.
O g1 entrou em contato com a Polícia Civil para tentar saber se os projetos propostos por Amim ainda podem ser feitos. A Polícia Civil respondeu que “as resoluções foram publicadas com a autorização do atual secretário, delegado Felipe Curi. A nova gestão da instituição dará continuidade ao trabalho desenvolvido”.
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