Um mês após o Rio Acre atingir a 3ª maior cota na capital, Defesa Civil ainda monitora cerca de 5 mil famílias


Segundo Defesa Civil de Rio Branco, apenas 40% do serviço foi concluído e famílias ainda precisam de doações de alimentos, água potável, lugares para morar, atendimento de saúde, entre outros. Rio Acre atingiu 17,72 metros no dia 2 de abril. Defesa Civil faz monitoramento em áreas de Rio Branco
Asscom/Defesa Civil
Há exatamente um mês atrás, o Rio Acre atingiu a terceira maior cota da história, 17,72 metros, no dia 2 de abril deste ano atingindo centenas de moradores. Um mês depois, entre 10 mil a 12 mil famílias afetadas ainda precisam de alguma ajuda ou assistência do poder público. Outras 5 mil devem ser beneficiadas com bolsa-auxílio, isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), cestas básicas, com mobílias, entre outros tipos de assistência.
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O rio passou da cota de transbordo no dia 23 de março e seguiu em alta até o dia 2 de abril. Essa foi a maior enchente na capital acreana desde 2015, quando o manancial chegou a marca histórica de 18,04 metros.
A Prefeitura de Rio Branco decretou situação de emergência no dia 24 de março. E no dia seguinte, o governo federal publicou portaria reconhecendo a emergência.
As águas chegaram ao Calçadão da Gameleira. Para evitar acidentes e até afogamentos no local, a Polícia Militar colocou grades de proteção e fitas de isolamento no dia 29 de março. No dia seguinte, o acesso à rua foi interditado por completo.
“Eu diria que, de todo serviço que já foi feito, estamos com 40% concluído. 60% relacionado ao desastre tem que ser feito ainda. Temos ainda limpeza nos bairros, acompanhamento na saúde. Os maiores acidentes que estão acontecendo com os moradores são com animais peçonhentos, sendo com cobras e escorpiões. Nosso trabalho não diminuiu nenhum pouquinho, temos muitas ações pós-enchente. Todo mundo está envolvido ainda. Daqui 60 dias ainda não teremos terminado tudo”, explicou o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão.
Rio Acre atingiu a 3ª maior cota no dia 2 de abril deste ano
Eldérico Silva/Rede Amazônica
Famílias atendidas
Ainda segundo Falcão, as equipes atenderam, de alguma forma, 17.250 famílias que foram atingidas pela enchente na área urbana e 8 mil na zona rural. Destas, 380 que ficaram desabrigadas na zona urbana estão em aluguéis sociais. Esse número deve aumentar e chegar a 550.
Entre 10 a 12 mil famílias precisaram de algum tipo de atendimento, seja com alimentos, colchões, mobílias, água potável, entrou outras. Já 5 mil continuam sendo acompanhadas e necessitam de um atendimento mais completo, dentre eles o saque Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), isenção do IPTU, isenção do IPTU.
“Dentro desse público existem famílias altamente vulneráveis, que são médio vulneráveis e tem aquelas que conseguem sobreviver sem ajuda do poder público. As famílias que estão sendo assistidas, acompanhadas e que ainda serão atendidas deste total, diria que, pelo menos, 5 mil”, frisou.
Ao todo, a enchente atingiu entre 75 a 78 mil pessoas em Rio Branco.
Áreas monitoradas
O coronel falou também sobre o monitoramento nos bairros alagados. Segundo ele, ao todo, 61 bairros foram afetados, sendo destes 53 de forma mais grave. Com isso, as equipes dividiram o monitoramento em situações mais grave e menos graves.
Bairros que estão em situação mais grave, ou seja, foram mais afetados, são monitorados três vezes por semana para as equipes conferirem se há deslizamento, desmoronamento ou algum tipo de movimentação no solo que foi encharcado. As outras áreas são visitadas pelo menos uma vez por semana.
De acordo com o coronel, o número de bairros alagados pode chegar a 75 após o mapeamento feito pelas equipes para que os moradores saquem o FGTS.
Mais de mil imóveis devem ser visitados durante mapeamento
Assecom
“O bairro Taquari está altamente comprometido, quando você entra lá vê que é um cenário de guerra, tem local que foi 100% atingido. Temos Seis de Agosto, Cadeia Velha, Baixada da Habitasa, Airton Sena, Aeroporto Velho, Bahia, Bahia Nova e Velha, Palheiral”, destacou.
Falcão explicou também que estão fazendo a inclusão de mais bairros no decreto de emergência, publicado pela prefeitura no dia 24 de março. Todos os bairros que estão no decreto já foram mapeados.
O decreto saiu no dia 24 de março, depois dessa data evoluiu muito o desastre. No dia 24 de março o rio estava a 15,80 metros. Temos agora 17 bairros e sete comunidades rurais que estão fora do decreto e precisam ser incluídos”, complementou.
Mapeamento
Equipes da Defesa Civil de Rio Branco iniciaram, na última terça (25), o mapeamento de bairros e comunidades rurais atingidas pela enchente do Rio Acre e a enxurrada dos igarapés. Cerca de 60 bairros e 22 comunidades devem ser mapeados para que os moradores saquem o FGTS na Caixa Econômica.
O mapeamento deve terminar, no máximo, na próxima quinta (4). Ao todo, os servidores devem visitar mais de 12 mil imóveis na área urbana de Rio Branco. O coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou que o mapeamento tem várias funções, mas, nesse momento, o foco principal é a liberação do FGTS para os moradores afetados.
Seca do Rio Acre
Outro ponto de destaque no pós-cheia é a vazante do Rio Acre. Em 30 dias, houve um decréscimo de quase 12 metros no nível das águas. Nesta terça-feira (2), o rio marcou 6,19 metros na medição das 6h.
“Já entrou esse período de seca. Não deixa de ser uma marca dentro da normalidade para esse início de maio, só que da forma como se deu não é normal. Seria normal se no início de abril o rio estive com 8 metros, mas não estava assim. Agora, ele decresceu muito rápido, quase 12 metros neste último mês. É um negócio totalmente atípico”, alertou.
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