Vítima de atropelamento em torneio leiteiro em Juiz de Fora passará por nova cirurgia no joelho: ‘Tomar remédio de manhã e à noite para trabalhar e dormir’


Carlos Damião Clemente foi atingido pelo carro em alta velocidade no estacionamento do Estádio Municipal na madrugada do dia 9 de setembro de 2023. Ele trabalhava em uma barraca da festa. Carlos Damião Clemente terá que fazer uma nova cirurgia no joelho
Rodrigo Neves/TV Integração
“De lá pra cá a verdade é que a minha vida acabou, que eu quase não consigo fazer nada mais com essa perna”. O relato é de Carlos Damião Clemente, vítima do atropelamento em série que deixou três pessoas mortas e nove feridas no estacionamento do Estádio Municipal, em Juiz de Fora. O caso aconteceu no dia 9 de setembro de 2023, durante o Torneio Leiteiro das Campeãs.
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Um ano depois, Carlos, que mora em São João Nepomuceno, ainda convive com sequelas. A dor intensa no joelho o acompanha na jornada de trabalho como motorista de caminhão na Copasa.
“Trabalho pelo poder de remédio, tomar remédio de manhã e à noite pra poder trabalhar e até pra dormir. Se não, não consigo dormir de tanta dor. E preciso trabalhar, venho de família humilde, dois filhos pra criar, pagar aluguel”.
No dia do acidente, ele trabalhava em uma barraca da festa, quando foi atingido pelo carro conduzido por Geovani Schaeffer, de 25 anos.
Carro que atropelou mais de 10 pessoas no Torneio Leiteiro em Juiz de Fora
Corpo de Bombeiros/Divulgação
Segundo a polícia, o jovem tinha se envolvido em uma briga, saiu do evento, buscou o carro e invadiu o espaço, atropelando 12 pessoas. Uma mulher de 56 anos morreu na hora e outras duas vítimas ainda foram hospitalizadas, mas não resistiram.
Carlos ficou um mês internado até fazer uma cirurgia no joelho, e o g1 acompanhou a transferência do paciente, do HPS para o Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), onde teve alta no dia 28 de setembro, 19 dias após a tragédia. Ele também teve derrame pleural, por causa do sangue que se acumulou nos pulmões depois do atropelamento e ainda toma remédio para o pulmão.
Carlos Damião Clemente foi atropelado no Torneio Leiteiro das Campeãs, em Juiz de Fora
g1
Uma nova cirurgia terá que ser feita para corrigir os ligamentos rompidos do joelho, segundo a vítima, que diz não ter recebido assistência dos organizadores do evento.
“Vivi de favor na casa de um primo meu e meu pai me ajudou. Só de acompanhante foi R$ 8 mil. Fora remédio, cadeira de rodas. Despesa muito alta que ficou nas costas do meu pai, Sem ele ter culpa de nada. [Não recebi] nenhum apoio, da Prefeitura e produção do evento.”
A reportagem procurou a Prefeitura de Juiz de Fora para sobre a reclamação de Carlos Damião a respeito da falta de apoio nesse tempo todo. A reposta é de que ele foi acompanhado pela Assistência Social e pela Secretaria de Saúde e que uma comissão é que organizou o evento.
A pessoa que apareceu na divulgação da época como responsável pela comissão também foi procura, mas não quis se pronunciar.
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Depois de quebrar o gradil, avançar o veículo em área proibida e atropelar as vítimas, Geovani Schaeffer foi espancado por populares. Ele foi levado em estado grave para o HPS, onde precisou ser entubado e permaneceu hospitalizado por aproximadamente 50 dias. No dia 27 de outubro, teve alta e deu entrada no Presídio de Eugenópolis.
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Com a conclusão do inquérito policial, Geovani virou réu, respondendo por homicídio triplamente qualificado – três consumados e oito na forma tentada. As qualificadoras são motivo torpe, recurso que dificulte ou impossibilite a defesa da vítima e vítima menor de 14 anos.
Conforme informações da Delegacia Especializada de Investigação de Homicídios da Polícia Civil, responsável pelo caso, também foi descartando defeitos ou falhas mecânicas no veículo.
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“Algumas testemunhas de defesa alegaram que poderia haver defeito mecânico no acelerador e no freio do veículo. Porém, a perícia técnica descartou essa hipótese, alegando que o veículo está em perfeitas condições”, informou o delegado o Daniel Buchmüller.
Em junho deste ano, a defesa do motorista entrou com pedido de avaliação de insanidade mental, mas o resultado foi negativo, ou seja, nenhum problema de saúde mental foi detectado. Com isso, ele não foi declarado inimputável — aqueles incapazes de discernir os atos — pela Justiça. Além disso, o pedido de habeas corpus solicitado pela foi negado, o que o manteve preso.
Vítimas fatais
Das vítimas fatais, Dionizia Marinho Lopes, de 56 anos, morreu na hora. Helena Peters de Macedo, de 3 anos, teve óbito confirmado dois dias depois do acidente, na Santa Casa de Misericórdia. Já Elear Maria Faião, de 58 anos, ficou internada por mais de 25 dias, mas também não resistiu.
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