Suspensão de visitas em presídio no AC onde teve rebelião e 5 mortes é prorrogada por mais 15 dias


Visitas foram suspensas na unidade no fim do mês de julho, quando aconteceu a rebelião. Familiares relatam que não têm conseguido entregar roupas, medicamentos e outros itens a detentos. Visitas foram suspensas no presídio após rebelião
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
A suspensão das visitas íntimas e familiares no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, foi prorrogada por 15 dias. A informação foi confirmada ao g1 pelo Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), já as visitas nas demais unidades prisionais do estado seguem normalmente.
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As visitas estão suspensas desde o dia 26 de julho, quando iniciou a rebelião. No fim de semana após a emergência no presídio, Sejusp-AC e Iapen-AC também decidiram suspender as visitas no Complexo Prisional de Rio Branco (FOC).
Segundo o Iapen, a medida foi tomada ‘considerando a necessidade de preservação da integridade de reeducandos e familiares’. Porém, com as seguidas prorrogações, o a assessoria de comunicação do instituto disse que as suspensão das visitas foi necessária para reformas em celas danificadas durante a revolta.
“Em relação a não estar tendo visita, é porque alguns pavilhões, algumas celas foram destruídas e o presídio está passando por reformas, por adequação, e por isso não está sendo permitido a visita nesse momento”, informou.
Relatos de más condições
A esposa de um detento da unidade de segurança máxima, que preferiu não se identificar, relatou ao g1 que as famílias não têm conseguido entregar itens como roupas, medicamentos e até alimentação aos internos.
“Nossos familiares estão lá passando frio, uns só de cueca numa cela, quatro presos e apenas uma toalha pros quatro. Tem preso precisando de medicamentos contínuos, de pressão e outros , preso com uma bolsa de colostomia precisando de saída para fazer cirurgia. Estão sendo maltratados todo dia, passando por procedimentos, mandamos colchões, ventilador, material de higiene, eles não querem entregar. Isso não saiu do bolso deles, e sim do nosso, que suamos pra manter nossos parentes lá dentro. Pedimos ajuda, que os direitos humanos vão lá com urgência. Tem preso lá esperando para saída de exame que nós familiares pagamos particular, por que pelo SUS demora, e eles ainda reclamam , e que não leva por que nunca tem escolta”, relata.
De acordo com ela, advogados tentaram entregar itens de higiene na última sexta-feira (11), e não conseguiram. Ainda segundo a familiar, o questionamento não é contra a suspensão das visitas, mas pelas condições que os detentos têm sido mantidos.
“É isso que o sistema está fazendo com nossos familiares. Onde está a justiça para manter a integridade física? Queremos uma resposta, não estamos aqui atrás de questionar visitas, e sim a saúde deles, a entrada de remédios e higiênicos, que é direito dos nossos familiares”, diz.
O g1 questionou o Iapen sobre a situação relatada, e, segundo a assessoria do órgão, as informações são inverídicas, e os detentos recebem toda a assistências e materiais necessários.
“Em relação a estar faltando qualquer tipo de material, essas informações são inverídicas, porque está tendo sim toda assistência, está tendo acompanhamento de advogados, dos Direitos Humanos, do juiz da execução. Ontem [quinta-feira, dia 17] mesmo chegaram alguns materiais e as equipes estavam se preparando para a entrega. As toalhas e roupas foram entregues também. Quanto aos atendimentos, o da bolsa de colostomia, já começou a fazer os exames que a ele foram indicados”, alegou.
Rebelião
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Dois inquéritos foram abertos pela Polícia Civil para investigar como foi a dinâmica da rebelião dentro do presídio de Segurança Máxima. Os presos renderam um detento e um policial penal e conseguiram tomar o presídio em um ato que durou de quarta (26) até quinta-feira (27). Dos cinco mortos, três foram decapitados.
Há duas possibilidades de motivação: a que a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) divulga oficialmente é de uma tentativa de fuga de 13 presos, que foram contidos e, por conta disso, teria mantido reféns para garantir as negociações. Há também uma versão de que a facção criminosa que orquestrou a rebelião queria apenas entrar no pavilhão da grupo criminoso rival e matar os integrantes para demonstrar poder na guerra por territórios.
O presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves existe há 15 anos e tem, ao todo, 99 presos, segundo o Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Acre (Iapen-AC). Os tipos de presos são aqueles que exercem poder de chefia nos grupos criminosos que fazem parte. Os grupos criminosos são separados por pavilhões.
Mudança no Iapen
Glauber Feitoza foi exonerado após um ano e um mês na presidência do Iapen
Arquivo/Secom
Em 4 de agosto, 9 dias após a rebelião, o governador do Acre Gladson Cameli publicou, em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE), a exoneração de Glauber Feitoza Maia, que ocupava o cargo de presidente do Iapen-AC. Ele ficou mais de 1 ano e três meses à frente do instituto.
Na mesma edição do DOE, também saiu a demissão do diretor executivo operacional do Iapen, Marcelo Lopes da Silva. Nomeado no dia 19 de janeiro deste ano, ele ficou mais de seis meses no cargo.
Para ocupar o cargo que Feitoza ocupava, Cameli nomeou Alexandre Nascimento de Souza. Como diretor operacional, quem responde agora é Tiênio Rodrigues da Costa.
VÍDEOS: g1

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