Santo Raimundo Batista Jaminawa, pai da jovem Jandira, de 23 anos, conta que ela fez exames em uma clínica e o médico disse que ela não tinha nenhum problema, mas não entregou os resultados, mesmo com pedidos da família. Após ir a um hospital público, ela descobriu um câncer no colo do útero e iniciou tratamento. Jandira Barbosa Batista Jaminawa, de 23 anos, fez exames com médico particular, que disse que ela não tinha problema de saúde grave
Arquivo pessoal
Jandira Barbosa Batista Jaminawa, de 23 anos, começou a sentir dores abdominais há cerca de dois meses. Ela relatou aos pais, que decidiram levá-la a uma clínica particular no município de Assis Brasil, no interior do Acre, onde moram.
Santo Raimundo Batista Jaminawa, pai da jovem, contou ao g1 que no último dia 3 de agosto ela fez uma ultrassonografia no Consultório Médico Saúde, que atende pacientes do Acre e do Peru, e o médico John Montalvo disse que ela não tinha nenhum problema de saúde, e que estava tudo bem com Jandira.
O problema é que, segundo Santo Raimundo, o médico se recusou a entregar os exames à família para que pudessem buscar uma segunda opinião.
“Decidimos procurar consulta particular, porque no estado, demora até cerca de um ano pra marcar. Pagamos R$ 190, e a minha filha foi. No outro dia, ele [Montalvo] disse que ela não tinha nada, apenas uma inflamação, mas que não era grave. Minha filha disse que ele não entregou o ultrassom. Fui lá, questionei, e pedi o resultado do ultrassom da minha filha. Falei que era direito dela, já que pagamos. Queríamos levar a um médico em Rio Branco, mas ele disse que não precisava”, relata.
Sem receber os exames, e ainda sentindo dores, a família de Jandira a levou a uma unidade pública. O novo médico detectou que a jovem tinha um câncer útero de nível 1, e também desenvolveu uma infecção na vesícula. Com o devido diagnóstico, ela iniciou tratamento.
“Fiquei calado, e depois levamos ela em um médico do estado, doutor Sandro, que disse que ela tinha câncer. Também teve o problema da vesícula. Ela está com medo de comer, porque dói muito. É preocupante um médico fazer isso, um estrangeiro, não sei se é discriminação ou negligência”, reclama Santo Raimundo.
O g1 entrou em contato com o médico John Montalvo, que questionou a veracidade do relato, e apenas informou que situações desse tipo nunca aconteceram em sua clínica. Porém, o pai da jovem informou que, após o contato da reportagem com o médico, o profissional procurou a família para tentar esclarecer a situação.
A família acionou o advogado Kalebh Mota, que tem auxiliado com questões jurídicas do caso. Mota afirma que a primeira tentativa é resolver o caso sem ir à justiça.
“Caso as tratativas extrajudiciais não surtam efeito, é prudente que se busque a tutela jurisdicional para o caso. Mas o fato é que há uma clara negligência em dizer que uma pessoa que está evidentemente doente, com um laudo, está bem e ainda dar alta”, relata.
Jandira ficou internada até o dia 10 de agosto em Rio Branco, e, segundo a família, segue em tratamento, mas continua com dores. Ela tem uma filha. Com a indignação pelo que considera negligência da clínica particular, Santo Raimundo diz que a família vai continuar os esforços para garantir a saúde da filha.
“Pedimos orações por ela”, finaliza.
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