Em 24 horas, nível do Rio Acre baixa 4 centímetros e chega a 1,50 metro


De acordo com a Defesa Civil da capital acreana, se a média de redução diária for mantida, o rio pode fechar o mês abaixo de 1 metro e meio. Em 24 horas, nível do Rio Acre baixa 4 centímetros e chega a 1,50 metro
Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre
O nível do Rio Acre chegou a 1,50 metro nesta quinta-feira (31), baixando quatro centímetros em 24 horas e acendeu um alerta para as autoridades. Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Cláudio Falcão, a previsão de seca severa está se concretizando.
A preocupação é que o rio atinja a menor cota histórica antes do que o registrado no ano passado. O manancial registrou 1,25 metro no dia 2 de outubro do ano passado – a menor cota histórica desde o início do monitoramento da bacia na capital, que foi em 1971.
Leia mais
Seca do Rio Acre: Pesquisadores avaliam cenário e alertam para estudos que apontam ‘cota zero’ futuramente
“Hoje é dia 31 de agosto, nós estamos a 25 centímetros da menor marca registrada em 2022. Se nós decrescermos em média 1 centímetro por dia até o dia 2 de outubro, a gente já bate essa marca”, disse.
A Defesa Civil Municipal segue com operação de levar água potável para as comunidades de Rio Branco.
“Nós estamos com uma previsão de seca muito severa, que está se concretizando. O balanço que eu faç em relação à nossa operação Estiagem é extremamente positivo. Nós já fizemos milhares de atendimentos e essa operação vai até dezembro. Então, sem esse apoio que nós damos para as comunidades desabastecidas, ficaria muito, muito, muito difícil pra eles, inclusive geraria até mesmo doenças, oriundas de água imprópria para consumo. Então, é um trabalho extremamente importante, essencial, necessário para que a gente faça isso”, disse.
A falta de chuvas, segundo o coordenador, foi também um dos fatores que agravaram ainda mais a crise hídrica. O esperado para agosto era de 45,5 milímetros de chuva e choveu 34,80 milímetros.
“O mais grave não é o que aconteceu em agosto, o mais grave é o que aconteceu antes de agosto. Nós ficamos 41 dias sem nenhuma chuva, o mês de julho inteiro. Teve uma chuva no dia 23 de junho e a outra veio acontecer, um sereno, lá pelo dia 4 de agosto. Então foram muitos dias sem chuva. Isso aí tem consequências. Apesar de que aquela chuva do dia 13 de agosto fez com que o rio pegasse um fôlego, mas isso foi só o rio, a parte seca não mudou nada. Então, infelizmente, nós estamos assim. Tem previsão de chuva para hoje [quinta,31], amanhã [1], mas essas chuvas podem trazer grandes temporais e não vai resolver o nosso problema de seca”, disse.
As menores cotas já registradas são:
Previsão é de seca severa em Rio Branco
Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre
1,30 metro – 17 de setembro de 2016
1,29 metro – 11 de setembro de 2022
1,27 metro – 28 de setembro de 2022
1,26 metro – 29 de setembro de 2022
1,25 metro – 2 de outubro de 2022
Seca severa
O fenômeno conhecido como El Niño, que aumenta temperaturas e reduz chuvas, voltou a ser registrado após três anos de La Niña, que tem efeitos opostos. De acordo com o doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal do Acre (Ufac), José Genivaldo Moreira, foi a primeira vez que o La Ninã aconteceu por três anos seguidos, de 2020 a 2022.
Para 2023, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a estimativa é que o El Niño tenha uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos.
O professor Moreira ressalta que essas previsões são muito complexas, e podem ter alterações ao longo dos meses. Ele acredita que a seca no Acre este ano não deve alcançar os níveis de 2022, quando o Rio Acre chegou à menor cota já registrada, com 1,25 metro em Rio Branco. Porém, o período de estiagem deve impor dificuldades ao estado, principalmente na captação de água.
VÍDEOS: g1

Bookmark the permalink.