Com recente onda de mortes violentas, Segurança do AC diz que investe em trabalho de inteligência para identificar mandantes


Desde o último final de semana, diversos homicídios e ataques foram registrados na capital acreana. Investigações apuram se casos têm relação com facções criminosas. Com recente onda de mortes violentas, Segurança do AC diz que investe em trabalho de inteligência para identificar mandantes
Andryo Amaral/Rede Amazônica
O fim do mês de abril e o começo de maio foram marcados pela violência em Rio Branco. Desde o domingo (30), pelo menos seis pessoas foram mortas de forma violenta.
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A maioria dos casos é de mortes a tiros. Somente no último dia do mês de abril, dois homens foram mortos dessa maneira. O motorista de aplicativo Rener Silva de Menezes foi alvejado com 11 tiros no bairro Seis de Agosto, região da Gameleira. Segundo a Polícia Civil, Menezes estava com um passageiro e teria parado o veículo para trocar um dinheiro. O passageiro não foi atingido, mas dois rapazes que estavam próximos também ficaram feridos.
No mesmo dia, um rapaz, identificado apenas por Alan, foi encurralado em uma rua sem saída e morto com um tiro na cabeça, no bairro Quinze. A Polícia Civil informou que a vítima estava próximo a uma residência quando foi surpreendida por alguns criminosos e perseguida. O homem foi atingido por alguns disparos, sendo um na cabeça.
De acordo com a polícia, os casos possuem características de confrontos entre grupos criminosos e aconteceram em regiões onde esses crimes são frequentes, mas as apurações ainda estão sendo feitas.
Violência em maio
Valdenir do Nascimento Marinho foi achado morto e tinha sinais de tortura
Arquivo pessoal
O mês de maio também começou com o registro de mortes violentas. Na última segunda-feira (1º), o corpo de Valdenir do Nascimento Marinho, de 23 anos, foi encontrado com sinais de tortura dentro de uma fazenda do Ramal Três Irmãos, na Estrada Panorama, zona rural de Rio Branco.
Os agentes perceberam que a vítima tinha sinais de tortura, dedos da mão direita foram cortados, havia um corte no crânio e outro no tórax. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), a vítima também teve o coração arrancado. O cadáver foi deixado a céu aberto, possivelmente desovado no local, segundo a polícia.
Já no fim da manhã de terça-feira (2), o preso monitorado por tornozeleira Donizete Custódio de Lima, de 29 anos, foi morto com 12 tiros no bairro Polo Benfica, Estrada do Benfica, Segundo Distrito de Rio Branco. Testemunhas contaram à polícia que um carro chegou e quatro homens armados desceram e atiraram.
Na quarta-feira (3), Josué Vieira Santos, de 55 anos, morreu no Pronto Socorro de Rio Branco, após ser espancado a pauladas no bairro Custódio Freire, no último sábado (29). A suspeita é de que membros de uma facção criminosa tenham aplicado uma espécie de corretivo na vítima.
Segundo as investigações, o crime teria sido praticado após os criminosos terem descoberto que Santos estariam praticando alguns furtos na região. No sábado, ele estava em um bar quando foi abordado e agredido a pauladas e barras de ferro.
O delegado responsável pelas investigações, Cristiano Bastos, confirmou que as equipes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) identificaram nessa quinta (4) quatro suspeitos do crime. “Essas pessoas foram conduzidas para prestar esclarecimentos na delegacia”, resumiu.
Também na quinta-feira, Mardônio Menezes de Souza, de 31 anos, foi assassinado no quintal de casa na Travessa Itabuna, bairro Eldorado. Conforme a polícia, Souza estava em casa quando foi surpreendido por criminosos armados. A vítima ainda correu para os fundos da residência na tentativa de fugir, mas foi alcançada e levou um tiro de escopeta na cabeça. Após o disparo de arma de fogo, os autores fugiram do local.
Segunda maior alta
De acordo com o Monitor da Violência, índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base em informações oficiais dos 26 estados e o Distrito Federal, o Acre teve a segunda maior alta do país nas mortes violentas em 2022.
No total, foram 216 mortes violentas no estado acreano, levando em consideração feminicídios (vítimas mortas na condição de mulheres), homicídios dolosos (quando o assassinato é intencional), latrocínios vítima assassinada para que o roubo seja concluído) e lesões corporais seguidas de morte. Os dados apontam uma média de 18 assassinatos por mês.
Em 2021, o número de mortes violentas no Acre foi de 181. Com isso, houve um aumento de 19% nos casos em um ano. Essa alta só não foi maior que a registrada no estado do Mato Grosso, que foi de 24%.
O governo do Acre afirma que a principal causa por trás do aumento de mortes foi o acirramento de confrontos armados entre facções criminosas, que acabou gerando mortes por execução nas disputas de território. Em 2022, por exemplo, dos mais de 190 homicídios dolosos registrados, mais de 80 foram execuções.
Serviço de inteligência
Trabalho de inteligência tem sido feito para identificar autores e mandantes de execuções, diz secretário de Justiça e Segurança Pública
Dhárcules Pinheiro/Asscom Sejusp
Para o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Coronel José Américo Gaia, essa sequência de mortes e ataques deve ser combatida com o auxílio dos trabalhos de inteligência da segurança estadual, além da busca por mandados de busca e apreensão para prevenir esse tipo de ocorrência.
“Trabalhando um serviço de inteligência, identificando tanto os agentes quanto os mandantes desses homicídios. Com esse trabalho de inteligência, a gente tá trabalhando também a solicitação junto ao Ministério Público e Judiciário, mandados de busca e apreensão para que a gente possa fazer uma prevenção, para que evite essas execuções”, explica.
Dados da Diretoria de Inteligência e Análise Criminal da Sejusp indicam que o Acre registrou 15 homicídios em todo o mês de abril. Segundo o levantamento, o número representa uma redução de 21% na comparação com o mesmo mês no ano passado, quando ocorreram 19 crimes desse tipo.
Além dos crimes contra a vida, a Sejusp também aponta redução nos crimes de furto e roubo em abril na comparação com o ano passado. Em 2022, o mês registrou 740 furtos e 268 roubos. Já em 2023, foram 685 e 268 roubos. As reduções foram de 7% e 35%, respectivamente.
O secretário destaca a importância das polícias Civil e Militar no combate a esses crimes, e ressalta que, no caso dos homicídios, as execuções por conta de conflitos entre grupos criminosos dificultam uma maior redução nas mortes.
“Então, são as duas instituições que estão bem à frente do combate à criminalidade e que são elas que estão reduzindo. Os índices criminais com 7% de furto,35% de roubo e 21% de homicídios no mês de abril de 2023 comparados a 2022, nos homicídios que ocorreram, quase 40% dos homicídios são de execuções, que são difíceis de fazer a prevenção”, avalia.
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