Floresta como ‘laboratório’: centro da Ufac desenvolve pesquisas para preservação e avanços tecnológicos na área do meio ambiente


Há estudos sobre identificação de espécies, uso potencial de produtos da floresta, identificação de compostos químicos de uma substância, entre outros. Florestal JR, que é a primeira empresa júnior do estado, também faz parte do centro. Empresa Florestal Jr é a primeira empresa Júnior do Acre
Arquivo/Florestal Jr
No Dia da Amazônia, comemorado nesta terça-feira (5), o g1 conta um pouco do trabalho do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN) da Universidade Federal do Acre (Ufac). Assim como propõe qualquer universidade, o centro desenvolve projetos de extensão importantes nos aspectos científicos e sociais, aproximando também a comunidade acadêmica do fim social de cada uma dessas profissões escolhidas.
O centro reúne os cursos de engenharias agronômica e florestal; medicina veterinária; biologia; química e um curso com área básica de ingresso (ABI), que a escolha posterior pode ser física licenciatura ou bacharelado.
Marco Amaro, diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, explica que esse trabalho envolve todos os cursos do centro e fala da importância da atuação dos acadêmicos no desenvolvimento desses projetos.
“Em termos de número de servidores, o CCBN fica em segundo lugar e respondemos por cerca de 25% dos alunos da Ufac (graduação e pós). O CCBN é também o segundo colocado em quantidade de projetos, considerando as modalidades de projetos extensão e pesquisa. Na modalidade de Projetos de Extensão de Fluxo Contínuo (sem financiamento) temos até o momento 47 projetos registrados. Lembrando que existem outras modalidades, porém os projetos de fluxo contínuo são em maior quantidade”, destaca.
O primeiro projeto a ser desenvolvido este ano foi 11º aniversário da empresa de consultora florestal Ufac Florestal Júnior.
“Foi feito um curso com 30 vagas para alunos interessados na atividade: trilha com prática de reconhecimento botânico e sobrevivência na Selva. O projeto mais recente foi a V mostra de anatomia patológica animal para expor particularidades da anatomia patológica animal para a comunidade, buscando o desenvolvimento do espírito da preservação e da conservação das espécies”, explica.
Já em pesquisa, são 20 projetos que tratam de modelagem petrofísica de rochas carbonática até a qualidade microbiológica de açaí cremoso comercializado em Rio Branco, segundo o diretor.
“Cada um destes projetos tem sua importância, sendo que alguns concorrem a editais para financiamento externo com projetos de todo país e foram contemplados. Recentemente, a professora Sabina Ribeiro foi selecionada para participar do programa de pesquisa multinacional Fulbright Amazônia, que reúne pesquisadores do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Estados Unidos. O projeto ‘As Savanas e Florestas Secas se Espalharam no Sudoeste da Amazônia durante a Última Glaciação?’, do professor Carlos D’Apolito, foi selecionado pelo Instituto Serrapilheira em sua 6ª chamada pública de apoio à ciência e receberá a quantia de R$ 550 mil. Apesar das dificuldades e problemas os professores da UFAC continuam trabalhando por uma formação de qualidade”, pontua.
Estudantes da Ufac montam laboratório para fabricação de álcool em gel e sabão líquido na pandemia
Caique Brasil/Arquivo pessoal
Tecnologia
Os projetos têm foco nos avanços tecnológicos a tudo que envolve o meio ambiente e formas de contribuir para a ciência.
“Temos trabalhado questões amplas envolvendo aspectos biológicos, como de identificação de espécies, uso potencial de produtos da floresta, identificação de compostos químicos de uma substância, entre outros, mas também aspectos tecnológicos, que envolvem uso de drones e de inteligência artificial para identificação de plantas ou estimativa de estoques de madeira, impressoras 3D, e outras questões.”
Para melhorar o desempenho do centro, o diretor acredita que envolver mais cursos resultaria em um ganho maior na pesquisa e nos projetos desenvolvidos dentro da universidade.
“Acho que, de alguma forma, deveríamos envolver outros cursos em áreas que não estão hoje no CCBN em nossos trabalhos. Seria muito importante ter medicina, enfermagem e saúde coletiva ajudando a produzir conhecimento associado ao uso potencial de produtos da floresta. Os colegas da geografia compartilhando mais coisas, da educação física, da nutrição. De alguma forma, a produção de conhecimento deveria estar sendo feita para este ‘laboratório gigantesco’ que temos: a floresta.
Pesquisas desenvolvidas no centro são aplicadas no mercado
Arquivo pessoal
Esses projetos são importantes aliados à sociedade. Marco Amaro lembra que é impossível ter uma pesquisa aplicada, se não tiver a básica. Então, as pesquisas desenvolvidas dentro do campus já furaram a bolha e são aplicada em diversas áreas.
“As empresas madeireiras necessitam ter um coeficiente de rendimento volumétrico (CRV) que é um valor percentual de quanto a tora que vai ser serrada vai render em madeira. Este é um exemplo de estudo que já fizemos na Ufac e que tem aplicação direta para as empresas. Na época da pandemia, na Ufac funcionou um setor que foi como uma ‘fábrica’ de equipamento de proteção para quem atuava na linha de frente no combate à Covid. O pessoal da química transformou álcool 96 em álcool 70. Todas essas ações mostram que podemos dar respostas rápidas”, destaca.
Florestal Jr
Uma das crias do centro, podemos dizer, é a empresa Florestal Jr, por exemplo. As empresas juniores (EJs), assim como outras empresas possuem CNPJ e pagam impostos. Os cargos são ocupados por alunos de um ou vários cursos e não tem fins lucrativos. A empresa criada no centro, em 2011, é a primeira júnior do estado.
“O foco é a formação e sempre tem um professor (ou mais) que funciona como tutor. Recentemente foi discutida uma resolução pela a qual deixa mais claro o papel e situação da empresa dentro da Ufac, mas também exige mais comprometimento dos participantes.”
Projetos são desenvolvidos por alunos acompanhandos por professores do centro
Arquivo/Florestal Jr
Recolhimento de resíduos eletrônicos
Um dos projetos desenvolvidos pela empresa dentro da universidade é o de resíduos eletrônicos, que visa recolher, com pontos de coleta no campus-sede, equipamentos eletrônicos que não são mais utilizados.
“Inicialmente, no mês de julho, nós instalamos 6 pontos de coleta de resíduos eletrônicos no campus sede da Universidade Federal do Acre, e estamos com uma pesquisa destinada à comunidade acadêmica sobre os uso e descartes. Essa pesquisa servirá de embasamento para o relatório técnico do projeto e futuramente bibliografia científica”, explica Kelce Ferraz, vice-presidente e diretora de projetos.
Durante este período, foram coletados, vários eletrônicos, desde fios e baterias, até tablets e televisões. “Mas o maior volume até agora é de pilhas, item esse que são compostos por zinco, chumbo e manganês, metais que que podem contaminar o solo e as águas subterrâneas. Já estamos contentes em impedir que esses eletrônicos tenham destinação incorreta”, explica.
O projeto, segundo Kelce, foi pensado após os alunos perceberem a deficiência da gestão de resíduos eletrônicos na cidade.
Um dos projetos desenvolvidos pela empresa dentro da universidade é o de resíduos eletrônicos
Arquivo pessoal
“Dessa forma, como uma das missões da Florestal Júnior é ser uma empresa reconhecida no setor florestal, buscando excelência de gestão, inovação e qualidade dos serviços prestados, esse projeto tem como principal finalidade analisar os impactos ambientais e alternativas de gestão para resíduos eletrônicos na Universidade Federal do Acre, campus Rio Branco.”
Ela destaca ainda outros projetos que têm sido desenvolvidos pela empresa júnior, como a criação de uma horta em uma escola de ensino fundamental na Baixada da Sobral, serviços de georreferenciamento de imóvel rural e recuperação de áreas degradadas.
Para estudantes, empresa prepara profissionais para o mercado de trabalho
Arquivo/Florestal Júnior
Para ela, participar da empresa júnior é não só uma forma de desenvolver pesquisas no campo acadêmico com resultado externo, mas também é forma de preparar aquele acadêmico para o mercado de trabalho.
“A junção do teórico com o prático enriquecer o aprendizado e currículo dos estudantes dando experiência mesmo que ainda na academia. Nós temos ex juniores atuando em várias áreas do setor florestal no estado e até mesmo fora dele, em órgãos públicos como a Secretária Municipal do Meio Ambiente (Semeia); Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e privados na capital e interior do Acre”, finaliza.
Também no dia que se celebra a Amazônia, o centro fez um mini documentário sobre a Reserva Extrativista Chico Mendes, uma das unidades de conservação mais importantes e emblemáticas da Amazônia. No vídeo são apresentados os olhares dos diferentes atores sociais que interagem com a Resex Chico Mendes.
VÍDEOS: g1

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