Com obesidade e problemas cardíacos, mulher pede ajuda para conseguir medicamentos no AC: ‘tentando tratar’


Ketilene Moraes, de 37 anos, tem diabetes tipo 2 e hipertensão, e dois medicamentos que toma para tratar doenças não são disponibilizados pelo SUS. Ela, que sofreu infarto em 2017, teme mal súbito após ser diagnosticada com grau 3 da obesidade este ano. Pesando 142 kg, mulher luta para fazer exames e conseguir medicamentos pelo SUS
Ketilene Moraes Bezerra, de 37 anos, enfrenta um problema que atinge, pelo menos, 23% das mulheres rio-branquenses: a obesidade. Ela, que atualmente está desempregada, está com 142 quilos e foi diagnosticada com o grau 3 da doença em janeiro deste ano. As consequências deste sobrepeso, somado ao histórico familiar de saúde, são hipertensão e diabetes em níveis muito altos.
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Ela conta que os problemas de saúde começaram a surgir após ter um infarto, há seis anos.
“Até 2017, eu tinha uma vida estável. Trabalhava, me virava, não tinha problema de saúde. Em 2017, eu tive meu primeiro infarto e vim ganhando peso aos poucos. Mas de dois anos para cá, foi quando o sobrepeso aumentou pelo fato do sedentarismo, de estar deitada sem conseguir fazer esforço. Eu sentia dor e muitos remédios que eu tomo já, que o SUS [Sistema Único de Saúde] me fornece, aí vai juntando todo o sobrepeso”, falou.
Após sofrer infarto em 2017, Ketilene conta que diversos problemas de saúde começaram a surgir
Reprodução/Rede Amazônica
Os problemas de saúde começaram a se intensificar, com o passar dos anos. Para tentar estabilizar as condições clínicas e, então, fazer uma cirurgia bariátrica e dar prosseguimento ao processo de perda de peso, Ketilene participa de um grupo de tratamento na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre) e vem realizando uma série de exames recomendados pelos médicos.
Contudo, ela conta que até agora, não conseguiu fazer todos. Assim, segue na fila da rede estadual de Saúde, aguardando para ser chamada.
Risco de mal súbito
Não bastasse toda a situação, Ketilene está desempregada e parte da medicação que ela precisa tomar, como o Ozempic e Jardiance, ambos para o controle do diabetes tipo 2, não está disponível no SUS.
“Uma custa R$1.017, de uso contínuo, todo mês até o quadro estabilizar. A outra é de R$200 a R$310, dependendo das farmácias. Não tem no SUS, já corri atrás e não tem. Estou fazendo tratamento no grupo de obesidade para no futuro, quando passar o problema cardíaco, fazer a bariátrica. O problema é a diabetes que é muito descontrolada, aí vem o problema cardíaco. Estou tentando tratar para poder ter uma melhora”, diz.
Dois medicamentos, usados para o tratamento do diabetes tipo 2, não têm no SUS e ela pede ajuda
Reprodução/Rede Amazônica
Ela conta também que em março, quando voltou ao médico, recebeu uma notícia ainda pior de que poderia ter uma mal súbito a qualquer momento.
“É orar a Deus e tentar não acreditar tanto, correr atrás da minha melhora, das medicações para que esse quadro seja revertido”, finaliza.
Sesacre se posiciona
Em nota à reportagem, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) disse que não há disponibilidade dos medicamentos na assistência farmacêutica da rede pública de saúde e que, “em virtude dessas comercializações serem restritas à rede privada, a aquisição dos medicamentos fica sob responsabilidade exclusiva dos usuários”.
O órgão finalizou dizendo que caso os medicamentos sejam incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), “os mesmos serão automaticamente disponibilizados pelo sistema único de saúde”.
Obesidade
A obesidade deve atingir quase 30% da população adulta do Brasil em 2030. É o que estima o Atlas Mundial da Obesidade 2022, publicado pela Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation), uma organização voltada para redução, prevenção e tratamento da obesidade.
Obesidade atinge 23,3% dos homens e 23,4% das mulheres em Rio Branco
O Brasil está entre os países com maiores índices de obesidade no mundo. Segundo a federação, estamos entre os 11 países onde vivem a metade das mulheres com obesidade e entre os nove que abrigam metade dos homens com obesidade.
O levantamento também prevê que um bilhão de pessoas em todo o mundo viverão com obesidade em 2030 (17,5% de toda a população adulta). Segundo o atlas, uma a cada cinco mulheres e um a cada sete homens estarão obesos daqui a oito anos.
Situação local
Seis em cada dez rio-branquenses estavam com sobrepeso em 2021. É o que aponta a última pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada em abril do ano passado.
Com esse resultado, Rio Branco ficou em 5º lugar entre as capitais com pior resultado no ranking de sobrepeso.
Obesidade é fator de risco para o diabetes tipo 2, que causou 6.7 milhões de mortes e gastos de 966 bilhões de dólares em 2021
Cocoparisienne para Pixabay
De acordo com o levantamento, 60,35% dos entrevistados estavam com excesso de peso – aumento de 16 pontos percentuais desde 2006, quando o Ministério da Saúde começou a fazer a pesquisa. Naquele ano, 44,28% dos acreanos estavam com Índice de Massa Corporal acima do valor considerado ‘normal’ pela OMS.
Ainda conforme o estudo, o índice de obesidade em 2021 ficou em 24,16% na capital acreana. Assim como no caso do sobrepeso, a condição de obesidade em 2021 foi maior entre os homens, com índice de 25,03%. No caso das mulheres, o estudo mostrou que 23,37% estavam com IMC acima de 30.
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