Dois meses depois, inquéritos que investigam rebelião em presídio de segurança máxima com 5 mortos ainda não foram concluídos


Prazo inicial era de 30 dias para conclusão das investigações, mas até esta terça-feira (26), polícia não soube dizer como presos tiveram acesso às armas e como tomaram o presídio de segurança máxima da capital. Imagens mostram momento em que presos saem das celas e rendem outro detento e policial penal
Reprodução
Já se passaram dois meses da rebelião no presídio Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos e a Polícia Civil ainda não concluiu as investigações. Ainda não se sabe como os presos tiveram acesso às armas, a real intenção deles e nem como eles conseguiram tomar os pavilhões do presídio de segurança máxima da capital acreana.
O g1 entrou em contato com o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), com a Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública do Acre nesta terça-feira (26) para saber se os inquéritos instaurados para apurar as circunstâncias da rebelião foram concluídos. O prazo inicial das investigações era de 30 dias.
Leia mais
Matador em série e chefe de facção estão entre os mortos em rebelião de presídio de segurança máxima no AC
Policiais penais já tinham pedido retirada de armas de dentro do presídio no AC onde aconteceu rebelião
Vídeo mostra detentos saindo de celas para começar rebelião em presídio de segurança máxima no AC
Policial que levou tiro no olho durante rebelião em presídio do AC faz campanha para tratamento fora do estado
Segurança Pública não descarta ligação entre ataque em baile funk e rebelião que terminou com 5 mortos no AC
O Iapen disse que ainda não foram concluídos os inquéritos. O delegado responsável pelo caso, Roberth Alencar disse que as investigações estão avançando e que o novo prazo é de 60 dias. “É uma investigação muito complexa, porque envolve uma instituição pública. Não é uma fato passional que já se sabe quem é o autor”, afirmou.
Sem dar mais detalhes, o governo do Acre informou que já foi notificado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) e que dentro do prazo estabelecido pelo órgão vai se posicionar.
Cinco homens foram assassinados durante a rebelião que durou mais de 24 horas em presídio do AC
Arquivo
Inquéritos abertos
Na rebelião, cinco presos foram mortos por membros de uma facção rival – três deles foram decapitados. Toda a dinâmica e motivação devem ser esclarecidas nos inquéritos abertos pela Polícia Civil.
O primeiro foi conduzido pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP) e o outro conduzido pelo Departamento Técnico-Científico, para traçar como iniciou a rebelião dentro da unidade.
“Nós determinamos a abertura de dois inquéritos, um especificamente que está coordenado pela DHPP, que vai apurar os homicídios e lesões corporais e outro para tratar da dinâmica no início do evento no presídio, além dos danos patrimoniais. Pessoas estão sendo ouvidas e depois de ouvir todo mundo vamos concluir os inquéritos. É precipitado a gente falar sore qualquer ponto específico nesse momento, pois o inquérito vai nos dar subsídio para sabermos quem participou e como participou diretamente da ação”, disse o delegado-geral, Henrique Maciel em entrevista coletiva no dia 28 de julho.
Exonerações e denúncias
No começo de agosto, o governador do Acre, Gladson Cameli, exonerou Glauber Feitoza Maia, que ocupava o cargo de presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC). Ele ficou mais de 1 ano e três meses a frente do instituto.
Na mesma edição do DOE, também saiu a demissão do diretor executivo operacional do Iapen, Marcelo Lopes da Silva. Nomeado no dia 19 de janeiro deste ano, ele ficou mais de seis meses no cargo.
Ainda me agosto, o g1 recebeu denúncia de servidores da unidade que aponta que a inteligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) tinha tido acesso a áudios e outros materiais que mostravam o plano de uma possível tentativa de fuga no presídio, porém, ignorou as informações.
Por medo de represálias, o grupo prefere não se identificar, mas, segundo alegações desses servidores, havia material mostrando que um dos grupos criminosos estava tentando uma fuga massa. Além disso, os servidores falam de outros pontos, como, por exemplo, a sala de armas onde os presos tiveram acesso até a fuzis. Segundo a denúncia, vários policiais penais teriam alertado e até pedido a retirada de armas do local, o que não foi feito. Os presos tiveram acesso a 15 armas no dia da rebelião.
Após a reportagem, o Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou inquérito para apurar a rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro. O órgão estadual vai ‘investigar a responsabilidade do Estado do Acre em razão de possíveis falhas na prestação do serviço público que levaram à rebelião’.
Presídio Antônio Amaro em Rio Branco
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Rebelião
A rebelião começou na manhã do dia 26 de julho quando presos renderam policiais penais e tiveram acesso às armas que foram usadas para tomar o pavilhão de isolamento da unidade. Um policial foi ferido com tiro no olho e conseguiu sair do local e outro foi mantido refém. A rebelião terminou por volta das 10h do dia 27 de julho.
A Segurança afirmou que o que motivou a rebelião foi uma tentativa de fuga dos presos, mas há a hipótese também de ter sido por disputa de território entre facções criminosas rivais. Porém, a Sejusp disse que essa possibilidade ainda é investigada.
Os mortos são considerados chefes de uma organização criminosa e, segundo o Instituto Médico Legal (IML), três deles foram decapitados.
Veja momento em que presos saem de celas e iniciam rebelião em presídio do Acre
VÍDEOS: g1

Bookmark the permalink.