Mesmo após chuvas, nível de igarapé é crítico e abastecimento de água segue reduzido em cidade no interior do AC


Prefeito de Epitaciolândia Sérgio Lopes, ressalta que campanha para arrecadação de água potável para moradores recebeu poucas doações. Saneacre vai mandar carros pipa para atender escolas, hospitais e outras instituições. Igarapé está praticamente seco mesmo após chuvas, ressalta prefeito
Arquivo pessoal
Após 19 dias de racionamento de água, a seca do Igarapé Encrenca ainda prejudica o abastecimento no município de Epitaciolândia, no interior do Acre. De acordo com o prefeito Sérgio Lopes, o município registrou chuvas na última semana, o que chegou aumentar o nível do igarapé, mas logo voltou à situação crítica.
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“A situação continua a mesma. Choveu semana passada, a chuva melhorou um pouco. Durante um dia ou dois, encheu um pouco o reservatório, começou a captar água e já diminuiu muito”, relata.
No dia 21 de outubro, o Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre) informou que seria preciso iniciar o racionamento de água em Epitaciolândia devido aos níveis “extremamente baixos” do manancial.
Menos de uma semana depois, o prefeito decretou calamidade pública no município. A prefeitura também iniciou uma campanha para arrecadação de água potável para os moradores. Porém, segundo Lopes, a campanha tem recebido poucas doações. O prefeito também pede que o Saneacre preste maior apoio.
“Até o momento, o Saneacre não disponibilizou aqui para o Saneacre do município carro-pipa ou qualquer outro mecanismo para tentar ajudar a população. E é claro, como é de conhecimento público, que a Saneacre é a responsabilidade do Estado”, diz.
Ao g1, o presidente do Saneacre, José Bestene, diz que o órgão segue acompanhando a situação, e que vai encaminhar carros-pipas para abastecer locais estratégicos.
“Estamos encaminhando dois carros-pipas para abastecer as escolas, hospitais e as instituições”, resumiu.
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Alexandre Lima/Arquivo pessoal
Calamidade pública
O Igarapé Encrenca é de onde é captada toda a água que abastece Epitaciolândia. Por isso, a prefeitura publicou no Diário Oficial do Estado em edição extra do dia 27 de outubro o decreto de calamidade pública. Segundo a Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre) , a seca já impacta no abastecimento de toda a cidade, que, antes conseguia fazer o ciclo de abastecimento em dois dias, mas agora esse período se estendeu para seis dias.
A população da cidade de Epitaciolândia (AC) chegou a 18.757 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 24,22% em comparação com o Censo de 2010. No decreto assinado por Sérgio Lopes, ele considera “as dificuldades para abastecimento de água tratada na cidade, atingindo mais de 18 mil habitantes, seja nas casas ou em órgãos públicos, e funções essenciais.”
O documento também cita ausência de chuvas na cidade e que o município vai precisar de apoio financeiro para arcar com os custos das ações básicas de assistência. No mesmo texto, ele criou o gabinete de crises para a tomada de decisões.
Recursos
Sete rios estão com nível em alerta máximo
Reprodução
No dia 1º de novembro, o governo federal publicou a portaria 3.390, que libera R$ 8.259.114 para que o estado do Acre aplique em ações que possam amenizar o impacto da seca severa registrada este ano. O governo estadual tem 180 dias para aplicar o recurso e deve prestar contas do que foi feito em prazo de 30 dias, logo após o fim da execução.
O Acre tem sete pontos de monitoramento em cota de alerta máximo por conta da seca de rios, segundo dados de acompanhamento hidrometeorológico divulgados pela Defesa Civil estadual e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
Conforme o monitoramento, os principais rios de Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Rio Branco, e Sena Madureira, além dos pontos de monitoramento do Ramal Espalha (na região do Seringal Belo Horizonte) e Riozinho do Rola, ambos também na capital, registraram níveis abaixo das cotas de alerta e alerta máximo.
O Rio Abunã, na cidade de Plácido de Castro, está em situação de alerta, enquanto o status de Feijó é de observação.
No dia 16 de outubro, após o pedido de ajuda ao governo federal, o secretário nacional de proteção e Defesa Civil, Wolnei Barreiros , reconheceu a situação de emergência nos 22 municípios do Acre devido à seca extrema.
Para 2023, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a estimativa é que o El Niño tenha uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos.
“De acordo com as previsões meteorológicas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e dos modelos climáticos, a situação de escassez de chuvas vai perdurar pelos próximos noventa dias. A tendência para o agravamento da diminuição do nível dos rios e para o aumento dos focos de calor. Considerando os prejuízos econômicos e sociais à população afetada e a imperiosidade de se resguardar a dignidade da pessoa humana, com o atendimento de suas necessidades básicas; o risco de prejuízo pedagógico e de insegurança alimentar e nutricional aos alunos da rede pública estadual de ensino dos municípios mais afetados pela seca, ocasionado por eventual suspensão das atividades escolares, ante a impossibilidade de acesso ao estabelecimento de ensino”, pontuou o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista.
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