Atingidos por enxurrada, moradores que aguardam entrega de móveis da prefeitura fecham rua de Rio Branco em protesto


Moradores do bairro da Paz fecharam a Rua Valdomiro Lopes em protesto pela demora na entrega dos móveis prometidos pela Prefeitura de Rio Branco. Moradores que aguardam entrega de móveis após enxurrada de igarapé fecham ponte no Acre
Moradores do bairro da Paz, em Rio Branco, atingidos pela enxurrada dos igarapés que cortam a cidade e transbordamento do Rio Acre fecharam a Rua Valdomiro Lopes em protesto contra a demora da entrega dos móveis e eletrodomésticos prometidos pela prefeitura.
O protesto começou por volta das 13h30 desta segunda-feira (27). A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Rio Branco para saber sobre o prazo para entregar os móveis no bairro em questão e se há alguma equipe negociando com os protestantes e aguarda retorno.
Em abril, após a vazante do Rio Acre e retorno das famílias para suas casas, a prefeitura anunciou que iria destinar R$ 7 milhões para auxiliar as famílias que perderam seus pertences por conta dos desastres naturais ocasionados pela enxurrada dos igarapés e inundação do Rio Acre. O projeto de lei complementar foi entregue na Câmara de Vereadores no dia 5 de abril e votado no mesmo dia.
Os protestantes usaram móveis velhos, galhos e madeira para impedir a passagem na cabeceira da ponte do bairro. O ato congestionou o trânsito em outros pontos da cidade.
A cabeleireira Juliane Maria da Rocha, 33 anos, mora na Rua Botafogo e disse que perdeu geladeira, fogão, cama de solteiro, cama de casal durante a enchente. Na época, ela ficou instalada na casa de parentes.
“Me deram um ventilador, a geladeira não. Tem pessoas aqui que não receberam nada”, resumiu.
Moradores fecharam a Rua Valdomiro Lopes em protesto contra a Prefeitura de Rio Branco
Arquivo pessoal
A autônoma Maria José Lima da Silva está no bloqueio cobrando uma resposta da prefeitura. Ela relembrou que quando a enxurrada veio, saiu apenas com a roupa do corpo, com as filhas de 2, 13 e 16 anos, e a neta de 2 anos. A moradora diz que perdeu tudo também.
“O que tenho nada presta. Fui para um abrigo. A geladeira está caindo os pedaços, o fogão só funciona uma boca, o colchão é ainda da alagação. Minha filha perdeu tudo também e fica lá em casa agora”, destacou.
A servente geral Maria Raimunda Ferreira da Silva, foi contemplada com uma TV e um ventilador pela prefeitura, mas esses bens ainda não chegaram até ela. Ela vive na Travessa da Felicidade e ficou na casa da sogra com as filhas de 13 e 22 anos durante a enchente.
“Perdi guarda-roupa, ventilador, geladeira, colchões e minha geladeira que queimou depois da alagação. Recebi um colchão, o restante não recuperei ainda. Guardo minha roupa em cima de umas tábuas lá em casa”, lamentou.
Suspensão das entregas
No dia 23 de outubro, pelo menos quatro mil famílias receberam móveis e eletrodomésticos da Prefeitura de Rio Branco por meio do Programa Recomeçar. Segundo o prefeito Tião Bocalom, foram entregues camas, colchões, travesseiros, fogões, botijas de gás, televisão, tanquinhos, ventiladores, travesseiros, cama box conjugada de casal e solteiro, guarda-roupas e outros itens.
As famílias beneficiadas foram selecionadas atendendo critérios nacionais para este tipo de situação.
No início de novembro, a seca do Rio Madeira em Rondônia causou o atraso na entrega de móveis e eletrodomésticos que seriam doados às famílias e as doações foram suspensas temporariamente.
Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, a entrega retorna nesta terça-feira (28) no Baixada da Sobral.
Enchente
Após uma forte enxurrada que alagou diversos bairros de Rio Branco no dia 23 de março de 2023, o nível do Rio Acre saltou dos 9,76 metros para 14,65 metros no mesmo dia. Pelo menos 75 mil pessoas foram atingidas, 42 bairros alagados e mais de 3,3 mil famílias que precisaram ser levadas a abrigos públicos.
Neste ano, a maior cota registrada foi de 17,72 metros no dia 2 de abril e esta já é a terceira maior enchente da história desde 1971, quando ele começou a ser monitorado.
No total, mais de 15,4 mil moradores tiveram que deixar suas casas por conta da cheia do manancial. Além disso, 27 comunidades rurais ficaram isoladas, com 7,5 mil pessoas de mais de 1,8 mil famílias.
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