MPF-AC questiona inauguração de espaços em meio ao ‘abandono’ de patrimônio cultural


Procurador Lucas Costa Almeida Dias ressalta que abertura de novos espaços, como o Museu dos Povos Acreanos, são importantes para a cultura acreana, mas alerta que governo deve empregar esforços para também manter os locais já existentes, e cita “omissão” e “inércia”. Fotos anexadas à recomendação mostram espaços culturais degradados no Acre, como o Sítio Histórico Quixadá
Reprodução
O Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC) emitiu uma recomendação ao governo do estado alertando para o “abandono” do patrimônio histórico e cultural acreano, e questionando a inauguração de novos equipamentos culturais enquanto outros já existentes sofrem com falta de manutenção.
No documento, encaminhado à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) nessa segunda-feira (11), o órgão cita especificamente a situação do Sítio Histórico Quixadá, a lápide de Plácido de Castro e um casarão histórico construído 1930 e demolido em novembro deste ano, e que estava em processo de tombamento desde 2010.
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A principal questão, segundo o procurador dos direitos do cidadão, Lucas Dias, é que esses espaços históricos sofrem com falta de manutenção há anos, enquanto o estado destaca a inauguração de locais como o Museu dos Povos Acreanos, aberto ao público em agosto deste ano.
Dias ressalta que a abertura de novos espaços é importante para a cultura acreana, mas alerta que governo deve empregar esforços para também manter os locais já existentes, e cita “omissão” e “inércia”.
“É uma fonte que busca evitar o esquecimento de eventos passados ligados ao estado de origem. A premissa vale para o Estado do Acre, que possui uma rica fonte de história em seu território, desde a vinda dos primeiros seringueiros, com a Revolução Acreana até os dias de hoje, são várias as estruturas que nos ensinam um pouco da história desse estado. Contudo, as ações do ente federativo com o patrimônio mostram uma série de omissões perante a manutenção e preservação dos locais, levando a um forte descaso com a história acreana”, diz o documento.
Sobre os locais citados pelo procurador, o documento ressalta:
Sítio Histórico Quixadá
“lar de migrantes nordestinos no início do século XX e teve importância na produção e exportação da borracha e na venda de goma, tanto que várias embarcações vindas de Manaus e Belém aportavam no Seringal Quixadá. Utilizado nas gravações da minissérie da Rede Globo “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes”, o local encontra-se em completo abandono, com acervo destruído, estruturas em ruínas, e sem previsão de qualquer renovação”, alega o MPF.
Lápide de Plácido de Castro
Lápide de Plácido de Castro, em Rio Branco
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“A construção está em estado de total depredação, demonstrando um forte descaso com toda a história do Estado do Acre, e o responsável por tal abandono, de acordo com Lucas Dias, é justamente o próprio governo do Estado que Plácido libertou”, afirma.
Casarão no Centro de Rio Branco
Casarão da década de 1930, demolido em novembro, no Centro de Rio Branco
Reprodução
“Construído, aproximadamente, no ano de 1930, período pós-ciclo da borracha no Acre, o casarão foi demolido em novembro e hoje não existe mais. A casa, pertencente à família Barbosa, era situada no centro de Rio Branco e estava em processo de tombamento desde 2010”, diz.
O g1 entrou em contato com a assessoria de comunicação da PGE e também da Fundação Elias Mansour, e aguarda retorno até a última atualização deste texto.
Por fim, Dias reforça que, além de inaugurações, os gestores da política cultural do estado precisam ter atenção com os equipamentos que já fazem parte da história acreana e que correm risco de serem perdidos.
“Nada adianta a criação de um museu que informa e fornece acervos da história e cultura de uma região, quando os seus sítios históricos, locais que exalam a pura história, estão depredados, abandonados, sem previsão de reforma, o que infelizmente, ocorre em nosso Estado”, acrescenta.
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