Cruzeiro do Sul inicia mutirão de laqueaduras para reduzir fila com mais de 700 pacientes


Somente em 2023, foram mais de 300 procedimentos desse tipo na maternidade do município. Hospital atende pacientes de cinco municípios da região do Juruá e também da regional de Tarauacá-Envira. Maternidade de Cruzeiro do Sul vai ter 60 procedimentos de laqueadura
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Um mutirão de cirurgias vai realizar 60 procedimentos de laqueadura na Maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, durante esta semana. Dois cirurgiões e equipes de enfermeiros e auxiliares atuarão nos procedimentos que devem ocorrer até o sábado (24). O mutirão faz parte do programa Opera Acre que busca reduzir a fila de cirurgias eletivas no estado.
A coordenadora regional da secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) no Juruá, Diane Carvalho, explica que foi observado que a região possui alta demanda de procedimentos desse tipo, e por isso essa foi a opção escolhida para o mutirão. São cerca de 700 mulheres na fila para laqueadura.
“Existem várias outras especialidades, e a gente está com uma demanda grande aqui na região do Juruá de laqueaduras. O start inicial foi o que determinou a nossa decisão de iniciar as laqueaduras, pela quantidade grande de pacientes na fila de espera”, ressalta a coordenadora.
Uma das mulheres que aguardavam a hora de passar pela cirurgia é a assistente educacional Bárbara Queiroz. Após dois anos na fila, ela diz que se sente realizada com os três filhos e por isso, decidiu fazer o procedimento para não engravidar mais.
“Hoje está muito difícil não só criar como educar seus filhos. Os anticoncepcionais são seguros, mas a laqueadura é algo 100% seguro, então, é algo inexplicável, não tem como explicar em palavras. Eu não me arrependo de forma alguma de ter sido mãe, eu já sei o que é esse amor incondicional, entao, para mim ja estava na hora [de fazer o procedimento]”, conta.
Bárbara Queiroz, que já tem três filhos, aguarda há dois anos para fazer uma cirurgia de laqueadura
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Na maternidade de Cruzeiro do Sul foram realizadas mais de 300 cirurgias no ano passado, por meio do programa Opera Acre, e em 2024 as equipes da Sesacre pretendem de acordo continuar a redução das filas de espera
“Após a pandemia, retornaram as cirurgias eletivas, e desde então não pararam. Ano passado atendemos 347 mulheres com as cirurgias, e esse ano teve todo um planejamento maior para que a gente atendesse até mais. Essa é uma preocupação do governo, e a gente está aqui preparado para atender, para dar essa assistência a essas mulheres”, diz a diretora do Hospital da Criança e da Mulher de Cruzeiro do Sul, Iglê Monte.
O ginecologista obstetra Júlio Chaves, que atua na unidade, também ressalta que há uma grande demanda por cirurgias tanto de alta quanto pequena complexidade, e por isso os profissionais estão dispostos a atuar e contribuir para a redução das filas.
“Nós temos uma grande demanda de cirurgias, de alta complexidade, pequena complexidade, temos uma fila grande. As mais procuradas são para retirada do útero, a maioria por miomatoses, sangramento, e já fazíamos. Agora vamos começar a fazer mais porque temos um material que vai chegar, temos disponibilidade de anestesista, cirurgiões daqui estão dispostos a atender esses pacientes”, afirma.
A maternidade de Cruzeiro do Sul atende pacientes de cinco municípios da região do Juruá e também da regional de Tarauacá-Envira. Diane Carvalho explica que os pacientes são recebidos nas unidades de atenção básica e são inseridos nos bancos de dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a demanda se forma, o estado, por meio das unidades de referência, decidem as estratégias e quando serão organizados os mutirões.
“Foi uma demanda que partiu dos municípios, então, esse paciente vem da atenção básica, inserido no sistema, e a partir do momento que a gente enxerga esse paciente no sistema, ou se organiza para mutirão, ou outra forma de reduzir a fila de cirurgias. Nós somos referência nacional no número de cirurgias feitas, fomos destaque no Ministério da Saúde, e esse recurso do Opera Acre é do Ministério da Saúde, recurso federal, homologado a partir do Conass [Conselho Nacional de Secretários de Saúde]”, finaliza.
Colaborou o videorrepórter Mazinho Rogério, da Rede Amazônica Acre.

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