Brasiléia, no Acre, tem a maior enchente da história da cidade


Nível marcou 15,56 metros às 9h30 desta quarta-feira (28) segundo a Defesa Civil do município. São quase 4 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. Rio chegou a marca de 15,56 metros às 9h30 desta quarta-feira (28)
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
O trecho do Rio Acre que corta o município de Brasiléia, no interior do Acre, chegou à cota histórica e deixou a cidade debaixo d’água. Pelo menos 80% da cidade está inundado.
Na medição das 9h30 desta quarta-feira (28), o nível chegou a 15,56 metros no município, distante a mais de 230 km da capital Rio Branco. Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que ficou conhecida como a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana do local.
O Acre enfrenta uma cheia histórica em 2024. Em todo o estado, 14.476 pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização nesta quarta-feira (28). Além disto, 17 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes.
Rio Acre chega à maior cota já registrada em Brasiléia (AC)
O volume já havia ultrapassado o nível máximo atingido em 2012 no município, que era de 14,77 metros, na terça. Neste ano, a enchente já provocou o isolamento da cidade por via terrestre, já que a Ponte Metálica José Augusto, que liga a cidade a Epitaciolândia, município vizinho, teve que ser interditada no último domingo (25).
Com a cidade tomada pelas águas, quase 4 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas, segundo a prefeitura do município. Os moradores de Brasiléia e de Epitaciolândia, cidade vizinha, fazem filas para aguardar as embarcações que têm feito o transporte de moradores para várias atividades. O comércio, inclusive, não parou de funcionar, nem mesmo com a cheia.
Moradores fazem fila para aguardar embarcação que faz transporte até Brasiléia
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
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No caso da técnica de enfermagem Odete de Lara, a necessidade de locomoção é por conta do trabalho. Ela veio de Rio Branco para atuar no hospital de Brasiléia.
“Eu estou chegando aqui e vou me apresentar assim que conseguir chegar do outro lado, de canoa, que é a única forma. Para mim é um grande desafio, mas eu vou conseguir chegar lá”, relata.
Técnica de enfermagem aguarda embarcação para chegar a Brasiléia e trabalhar no hospital do município
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Ainda conforme a prefeitura, são 2.968 pessoas desalojadas, ou seja, que precisaram sair de suas casas, e 1 mil desabrigadas. Entre essas pessoas está Maria Lucinele Lene, moradora do bairro Leonardo Barbosa, e que precisou deixar sua casa após a água entrar no local.
Ela está na casa da sogra, e diz que ainda tentou escorrer as águas que entraram na residência, mas a inundação acabou alcançando a janela de sua casa.
“A água começou a chegar por trás, ela veio pelos bueiros. Eu estava em um hospital com a minha filha, aí quem tirou [a água] foram os meus parentes, aí ela [água] começou a chegar. Agora ela tá na janela. Nunca tinha vivido isso. Estou na casa da minha sogra, toda a família está lá. E todo ano a gente pensa que vai acontecer de novo”, conta.
Repórter Eldérico Silva mostra extensão da enchente em Brasiléia, no interior do Acre
Conforme a cheia avança pela cidade, um gabinete de crise foi instalado e as pessoas atingidas começaram a ser cadastradas para receberem assistência. E a esperança de Maria Lucilene é exatamente essa: que os moradores afetados pela enchente recebam a devida atenção, e que possam voltar para casa.
“A gente já vai ficar naquele medo. Eu espero não sei nem o que. Pelo menos uma melhoria para a gente, se as pessoas olharem mais para a gente, para aquele bairro, que é um bairro de risco. Eu espero voltar para minha casa”, pede.
“A gente já vai ficar naquele medo. Eu espero não sei nem o que”, diz moradora que teve casa atingida por enchente em Brasiléia
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
O coordenador do gabinete e subcomandante do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Eden Santos, ressalta que a resposta à emergência já está sendo posta em prática, mesmo diante da extensão da cheia, que dificulta os trabalhos.
“Todo o poder de resposta está atuando para poder dar o menor impacto para a nossa população. No intervalo de tempo muito curto de operações, nós temos já cerca de 75% da cidade de Brasileia em inundação. E faz com que o nosso trabalho operativo se complique mais ainda. Quando a gente tem um colapso na passagem da ponte, estamos fazendo diversas intervenções de segurança para não ter problema de colapso também no sistema de abastecimento e também energético aqui na região de Brasiléia. Todo o poder de resposta, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil. Todos os organismos de resposta aqui têm atuado de forma íntegra. Todo mundo coeso, buscando sempre o melhor para o atendimento dessas famílias”, destaca.
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g1
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