Enchentes causam prejuízos a mais de 1,5 mil produtores rurais da capital e podem levar a aumento no preço da macaxeira


De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, 23 comunidades rurais foram afetadas. Prejuízos ainda serão calculados para a definição de estratégias do município para auxiliar os produtores. Mais de 1,5 mil produtores já tiveram prejuízos por conta da cheia de rios na capital acreana
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Um levantamento da Secretaria Municipal de Agricultura de Rio Branco aponta que a enchente do Rio Acre em 2024 afetou 23 comunidades rurais e aproximadamente 1,5 mil produtores registram prejuízos por conta da cheia.
👉 Contexto: Em 2024, já são 48 bairros e 23 comunidades rurais atingidos pela cheia do Rio Acre em Rio Branco, e mais de 4 mil pessoas estão desabrigadas, segundo a prefeitura da capital, com dados desta quinta (7). Mais de 70 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pela cheia do manancial.
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A capital acreana tem mais de 2,3 mil famílias cadastradas no setor de agricultura familiar, e mais de mil atuam como feirantes. Com a cheia do Rio Acre, muitos deles já perderam toda ou pelo menos metade da produção.
O chefe do Departamento Técnico da Seagro, Geison Aguiar, explica que equipes estão visitando os locais mais afetados para levar mantimentos aos produtores.
Enchente do rio Acre afeta o setor da agricultura, causando prejuízos a produtores locais
“A gente começa pelo Panorama, a gente foi lá, visitou, Polo Liberdade, Catuaba, Benfica, Colibri e Limoeiro. Distribuímos água potável, nesses locais só sobrou, praticamente, as casas. Visitamos um produtor que perdeu, aproximadamente, 40 mil pés de roça, e também estão perdendo peixe. Então, às margens do Rio Acre, estamos praticamente tudo nesses polos de assentamento. Mas os que a gente acha mais críticos são os da região para baixo do Rio Acre”, explicou.
Para evitar desabastecimento no mercado de hortifrúti, o secretário de agricultura Eracides Caetano explica que, nesse cenário, várias equipes têm atuado para manter as feiras locais funcionando, evitando prejuízos ainda maiores na economia. Porém, algumas comunidades ainda não foram alcançadas devido às dificuldades de acesso.
“Estamos fazendo o transporte da produção, a gente tem todos esses lugares que está alagado com travessias, a gente colocou barco, o corpo de bombeiros está fazendo a travessia, porque tem que ser feito com segurança, e a gente está conseguindo fazer esse transporte do produtor até a cidade. Não conseguimos atender todas as comunidades porque alguns locais levam até dois dias para chegar de barco, e estamos com nossos caminhões e barcos auxiliando na retirada das pessoas que moram em áreas alagadas. Mas, é o que temos. Por enquanto, estamos chegando pelo menos com água potável, porque algumas pessoas estão sem”, acrescentou.
Todo esse prejuízo causado pela enchente e pela perda de produtos deve influenciar no preço de alguns itens básicos já nos próximos dias. Geison Aguiar destaca que a macaxeira, principalmente, pode ter esse aumento de preço.
“A gente já tem uma avaliação técnica aí que a mandioca vai sofrer um aumento, porque foram atingidas comunidades que são as maiores produtoras que fornecem para a goma, então, sem a matéria prima, então, a mandioca de mesa vai ter um aumento significativo”, afirmou.
O secretário Caetano ressalta que ainda não é possível avaliar a dimensão dos prejuízos, mas nos próximos dias, deve pensar estratégias de auxílio para recuperação financeira dos produtores atingidos.
“Vamos ver o que pode ser feito. No ano passado, a gente teve uma ajuda do prefeito de R$ 2 mil para os produtores que perderam a produção. Agora, não sei como faremos, só daqui uns dias poderemos avaliar o prejuízo que os produtores tiveram”, concluiu.
Enchentes no Acre começaram em Assis Brasil na segunda quinzena de fevereiro
Arte/g1
Em todo o estado, pelo menos 28.855 pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo do estado nesta quinta (7). 19 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e cinco pessoas já morreram em decorrência da cheia. O número aumentou nesta quarta após um bebê de 1 ano e 8 meses morrer afogado no quintal de casa na Comunidade Tapiri, zona rural de Cruzeiro do Sul.
Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são 4.115 pessoas desabrigadas, segundo a Defesa Civil Municipal nesta quinta (7):
Parque de Exposições Wildy Viana: 888 famílias – 3.552 pessoas
Escolas da capital: 184 famílias em 10 escolas da capital, um total de 563 pessoas

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