‘Eu falei: agora só tenho que tentar aguentar mais’, diz jovem levado por 400 metros pela correnteza em praia do Recife; veja resgate dramático


Gustavo Felipe Cruz de Lima, de 20 anos, e Esther Almeida, de 19 anos, deram um mergulho no local conhecido como ‘Buraco da Veia’ que quase terminou em tragédia. Vídeo mostra momento em que jovens quase se afogam na praia de Brasília Teimosa, no Recife
Um mergulho de dois jovens quase terminou em tragédia na praia de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, num trecho conhecido como “Buraco da Veia”. A maré passava de dois metros quando dois amigos entraram no mar e quase se afogaram: um deles foi arrastado pela correnteza forte por quase 400 metros de distância da faixa de areia. Imagens de drone e postadas nas redes sociais mostram o resgate dramático (veja vídeo acima).
“Eu falei: agora eu só tenho que tentar aguentar mais. Quando está puxando muito assim, você não consegue nem ir para frente nem para trás; é só se manter boiando e torcer para alguém vir e alguma coisa acontecer”, disse Gustavo Felipe Cruz de Lima, de 20 anos.
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Esse caso ocorreu no domingo (11). Gustavo e Esther Almeida, de 19 anos, foram resgatados por moradores do bairro e um policial militar de folga, que se jogaram na água para salvar os dois amigos, com bastante dificuldade por causa das muitas ondas, da maré alta e da correnteza forte.
Nesse trecho da praia, quando a maré está baixa, é possível ver os arrecifes, que formam piscinas agradáveis para o banho. Mas, na tarde do Dia das Mães, o cenário era outro. Para a TV Globo, Esther contou que:
ela e o amigo chegaram ao “Buraco da Veia” com a intenção de dar um mergulho, ver o pôr do sol e voltar para casa;
com a maré alta, os dois jovens foram puxados pela correnteza para o meio do mar aberto: “a gente olhar para o lado e não ter em que segurar, e tentar [subir] para puxar [ar] e não vir, engolir água, respirar água, todo esse processo”;
foi a primeira a ser retirada do mar, com a ajuda de dois moradores de Brasília Teimosa;
precisou da ajuda de uma corda para sair da água, já no caminho que dá acesso ao Parque de Esculturas Francisco Brennand;
não havia salva-vidas no posto de observação localizado na praia.
Após serem resgatados, os jovens foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros e levados para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife. Eles ficaram com ferimentos nas pernas.
Jovens que se afogavam na praia de Brasília Teimosa foram resgatados por moradores e por um policial que estava de folga
Reprodução/TV Globo
Ato de coragem e heroísmo
De folga na praia com o filho, o tenente Roger Oliveira da Silva, do Segundo Batalhão Especializado em Policiamento no Interior (Bepi), foi uma das pessoas que resgataram Gustavo de dentro do mar. O militar de 37 anos disse à TV Globo que:
tem treinamento específico para esse tipo de salvamento;
ficou com ferimentos pelo corpo, mas não se arrepende de prestar socorro aos dois amigos;
não acredita que esse quase afogamento vai impedir Gustavo e Esther de entrarem novamente no mar: “acho que há só um tempo até a pessoa se acalmar de novo, poder entrar na água, não acho que [o medo] seja algo que vai durar pra sempre”;
passou pela experiência de ser resgatado em 2015, quando ele e o pai se afogaram, mas foram salvos: “meu pai se afogou, passou um mês na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mas, graças a Deus, ele está bem”.
Sem salva-vidas no local
Sobre a ausência de salva-vidas no “Buraco da Veia”, o tenente-coronel Wagner Pereira da Silva, do Corpo de Bombeiros, explicou à TV Globo que:
a distribuição dos militares é realizada com base em uma análise de dados, sendo consideradas algumas variáveis para definir quais são as prioritárias;
como, nesse trecho da praia de Brasília Teimosa, não há tantas ocorrências de afogamento quanto no Posto 2 da Praia de Boa Viagem, os salva-vidas se concentram naquela área;
por causa do quase afogamento dos jovens no “Buraco da Veia”, o Corpo de Bombeiros vai reavaliar a necessidade de colocar salva-vidas nesse trecho da praia;
a orientação para os banhistas é entrar no mar apenas em locais onde há guarda-vidas e conversar com esses profissionais se tiver dúvida dos riscos de entrar na água em determinado trecho;
em maio, com o início da temporada de chuvas, é preciso redobrar a atenção, pois aumentam os ventos e a probabilidade de marés mais fortes e correntes marítimas mais intensas.
“Além disso, a água fica um pouco mais mexida, turva, o que favorece um outro risco, o risco de ataques de tubarões. O Cemit [Comitê de Monitoramento de Incidentes com Tubarões] tem uma recomendação fixa que é a de não tomar banho de mar no início da manhã e no final da tarde, que são os horários em que os animais estão com maior atividade e a chance de ataque é maior”, contou o tenente-coronel.
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