Justiça prorroga a prisão do policial civil de Bragança Paulista que é suspeito de atuar para o PCC; entenda


Eduardo Lopes Monteiro, de 47 anos, foi preso no dia 17 de dezembro em Bragança Paulista. Inicialmente, a prisão dele era válida por 30 dias, mas, após um pedido da Polícia Federal, a Justiça prorrogou a prisão por mais 30 dias, durante o andamento das investigações. Eduardo Lopes Monteiro, de 47 anos, foi preso no dia 17 de dezembro em Bragança Paulista, SP
Reprodução
A Justiça prorrogou por mais 30 dias a prisão temporária do polícia civil Eduardo Lopes Monteiro, de 47 anos, que é morador de Bragança Paulista. A decisão é desta quarta-feira (15). O policial foi preso no dia 17 de dezembro do ano passado, suspeito de atuar para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Eduardo foi delatado por Vinicius Gritzbach, homem que foi assassinado no aeroporto de Guarulhos. Segundo o inquérito que o g1 teve acesso, Eduardo é suspeito de ter recebido valores milionários como propina, para beneficiar o PCC em investigações, sem realizar prisões de suspeitos, por exemplo – saiba mais abaixo.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp
Inicialmente, a prisão de Eduardo e dos outros policiais detidos eram válidas por 30 dias, mas, após um pedido da Polícia Federal, a Justiça prorrogou as prisões por mais 30 dias. O Ministério Público de São Paulo concordou com a prorrogação.
A decisão é do juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, da Comarca de São Paulo.
No documento, o juiz acatou o pedido da Polícia Federal e defendeu que “a prisão dos investigados se mostra como medida imprescindível para a conclusão das investigações do inquérito policial instaurado para cabal apuração dos crimes”.
Ainda segundo o juiz, “há fortes indícios de que os investigados integraram organização criminosa PCC, praticando, ao menos em tese, inúmeros delitos de extrema gravidade, como a própria organização criminosa, a lavagem de dinheiro, tráfico ilícito de drogas, homicídios, extorsões, e infrações penais contra a administração pública”.
Por fim, o juiz argumentou que “a prisão temporária se mostra imprescindível para a conclusão das investigações do inquérito policial instaurado, sendo necessárias diligências para aquisição de novas provas, extração de dados de aparelhos eletrônicos apreendidos e identificação dos coautores do delito, que poderão ser frustradas com os investigados em liberdade, notadamente pela facilidade que teriam os averiguados na ocultação e destruição de provas, na coerção de testemunhas, na evasão do local das investigações, além da continuidade das práticas delitivas”.
De acordo com o juiz, colocar os policiais em liberdade com medidas cautelares seria “absolutamente insuficiente para resguardar a investigação criminal em tela, notadamente porque há indícios suficientes da ligação dos investigados com a prática do homicídio de Gritzbach”.
O g1 tenta contato com a defesa de Eduardo Lopes Monteiro. Na época da prisão, a defesa afirmou que “a prisão cumprida não possui necessidade, idoneidade e se constitui em arbitrariedade flagrante” e acrescentou que adota as medidas necessárias.
Policial civil suspeito de atuar para o PCC é preso em condomínio de Bragança Paulista
Perfil
Eduardo é investigador de polícia e, atualmente, contava com uma remuneração mensal de cerca de R$ 12 mil.
A investigação da Polícia Federal apontou que Eduardo já foi sócio de duas empresas, sendo uma no ramo da construção civil e a outra no varejo de automóveis — ambas localizadas em Bragança Paulista, onde ele foi preso.
A empresa de construção civil em que Eduardo foi sócio foi fundada em janeiro de 2020, com um capital social de R$ 200 mil. A outra sócia é a esposa de Eduardo.
Já a segunda empresa, do ramo de venda de automóveis, possui um capital social de R$ 500 mil. Ela foi constituída em julho de 2022 e estabelecida como uma concessionária de carros de luxo. O local era investigado por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro do PCC. O policial deixou a sociedade da concessionária no começo do ano passado.
A investigação da PF também apontou que Eduardo possui parentesco com a atual delegada de Polícia Corregedora Geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
No documento, a polícia cita que Eduardo “pode ter algum privilégio na corporação policial pelo parentesco com a atual chefe da Corregedoria Geral da Polícia Civil, como também pode existir o envolvimento de outros policiais compondo uma organização criminosa no seio da instituição policial, em especial na Delegacia de Repressão a Homicídios Múltiplos (DHPP)”.
Operação prende policiais civis suspeitos de favorecer o PCC em lavagem de dinheiro
Prisão
Um policial civil suspeito de atuar para o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo, foi preso em uma operação da Polícia Federal na manhã do dia 17 de dezembro em um condomínio de luxo, em Bragança Paulista.
Ao todo, sete pessoas foram presas hoje, incluindo um delegado e outros dois policiais civis suspeitos de atuarem para a facção. Falta cumprir ainda um mandado de prisão contra mais um policial, considerado foragido. 130 policiais civis participam da ação.
O policial civil Eduardo Lopes Monteiro, de 47 anos, foi preso na casa em que mora em um condomínio de alto padrão, no Jardim Santa Helena, em Bragança Paulista.
A equipe da Policia Federal e do Ministério Público chegaram no local perto das 7h e saíram cerca de 1h30 depois. Eduardo foi levado em uma das viaturas. Um carro de luxo foi apreendido.
Eduardo foi delatado por Vinicius Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos. O policial foi sócio de uma concessionária de carros de luxo, na avenida Antonio Pires Pimentel, investigada por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro do PCC.
Em março do ano passado, Eduardo saiu da sociedade da empresa, mas a esposa dele, Mariana Cunha Dominici Oliveira Monteiro, segue como sócia na empresa.
Operação em Bragança Paulista contra policiais suspeitos de atuarem para o PCC
Reprodução
Em Ubatuba, os policiais federais cumpriram um mandado de busca e apreensão em uma casa na Praia da Itamambuca, mas nada foi apreendido. O dono da casa é o advogado Ahmed Hassan Saleh, preso em São Paulo. Ele é suspeito de lavar dinheiro para o grupo.
As buscas em um sítio, em Igaratá, começaram no início da manhã. Os policiais apreenderam quadriciclos e lanchas. O imóvel está ligado a Ademir Pereira Andrade, suspeito de ser o operador financeiro do esquema de lavagem de dinheiro do grupo criminoso.
O g1 não conseguiu contato com a defesa dos alvos da ação em Ubatuba e Igaratá.
GIF home fotos – dinheiro, armas e joias apreendidas durante operação da Polícia Federal e do MP-SP contra policiais corruptos ligados ao PCC.
Reprodução/TV Globo
A ação é coordenada pela Polícia Federal pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo o MP, o objetivo da operação é desarticular diversos crimes cometidos pelo PCC, como lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
“A investigação partiu de análise de provas que foram obtidas em diversas investigações policiais que envolveram movimentações financeiras, colaboração premiada e depoimentos. Tais elementos revelaram o modo complexo que os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses da organização criminosa”, explicou o MP.
O g1 apurou que uma das investigações que conseguiram provar os crimes cometidos pelos suspeitos é o do assassinato do delator Vinícius Gritzbach, em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos – veja o vídeo abaixo.
Caso Gritzbach: novas imagens mostram momento da execução do empresário
A Justiça decretou a prisão temporária dos investigados, buscas e apreensões em endereços relacionados a eles, e outras medidas cautelares como bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.
Os alvos da operação podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de prisão.
Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina
Bookmark the permalink.