Chefe da AIEA diz que está confiante em trabalhar com Trump sobre programa nuclear iraniano

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, durante uma conferência sobre “desafios globais” no Ministério das Relações Exteriores do Panamá, em 17 de janeiro de 2024ARNULFO FRANCO

ARNULFO FRANCO

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse nesta sexta-feira (17) que confia em poder trabalhar com o próximo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em eventuais conversas sobre o programa nuclear do Irã.

“Já trabalhei com a primeira administração Trump em temas importantes como o do Irã e outros, e foi um trabalho muito construtivo, de modo que não tenho, digamos, desconfianças a esse respeito”, afirmou Grossi em uma conferência sobre “desafios globais” no Ministério das Relações Exteriores do Panamá.

“Pelo contrário, acredito que, talvez muito mais do que durante a primeira administração, há uma necessidade absoluta de continuar trabalhando juntos nesse tema [Irã] e em outros”, acrescentou o diplomata argentino.

O chefe da AIEA comentou que, em eventuais conversas sobre o programa nuclear iraniano, será preciso buscar “um acordo atualizado”, pois o de 2015 “ficou obsoleto” e as negociações para reativá-lo falharam.

As tensões sobre o programa nuclear civil do Irã aumentaram desde que Trump, que retornará à Casa Branca na segunda-feira, retirou os Estados Unidos do acordo nuclear internacional em 2018, durante seu primeiro mandato.

O pacto, assinado também por China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha, previa uma flexibilização das sanções internacionais contra o Irã em troca de garantias de que a República Islâmica não tentaria produzir armas nucleares. Teerã nega que essa seja sua intenção.

Segundo a AIEA, o Irã aumentou sua produção e é o único país sem arsenal nuclear a ter urânio enriquecido a 60%, perto dos 90% necessários para desenvolver uma bomba atômica.

“Voltar a esse acordo seria impossível porque ele ficou obsoleto. E acho que isso é algo que todos, até os iranianos, admitem”, insistiu Grossi.

Grossi afirmou que já teve “alguns encontros” com autoridades francesas, alemãs e britânicas para tratar desse assunto. “Em breve terei também com a China e com a Rússia, e naturalmente com os Estados Unidos, teremos que tê-los”, indicou.

O diretor-geral da AIEA também afirmou que “é necessário” ter “algum tipo de quadro de acordo” com o Irã em um momento de “tanta volatilidade” no Oriente Médio.

Grossi se reuniu com o chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, para assinar acordos de cooperação.

Bookmark the permalink.