‘Foi um estrago’: comerciantes acumulam prejuízos com as chuvas no Centro de Florianópolis

Poucos pedestres se arriscavam na Avenida Hercílio Luz, no Centro de Florianópolis, na manhã chuvosa desta sexta-feira (17). Os comerciantes ainda usavam baldes para retirar a água e calculavam os prejuízos com as chuvas do dia anterior, que fizeram a rua se tornar um córrego em poucos segundos.

O mini mercado Oliva contou com a ajuda de vizinhos para limpar a sujeira deixada pela enxurrada - Beatriz Rohde/ND

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O mini mercado Oliva contou com a ajuda de vizinhos para limpar a sujeira deixada pela enxurrada – Beatriz Rohde/ND

As chuvas no Centro de Florianópolis só deram trégua às 11h desta sexta-feira - Beatriz Rohde/ND

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As chuvas no Centro de Florianópolis só deram trégua às 11h desta sexta-feira – Beatriz Rohde/ND

O dono do mini mercado Oliva conseguiu salvar os produtos que estavam nas prateleiras mais baixas  - Cleyton Santos/Acervo pessoal/ND

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O dono do mini mercado Oliva conseguiu salvar os produtos que estavam nas prateleiras mais baixas – Cleyton Santos/Acervo pessoal/ND

Os comerciantes improvisaram um mutirão de limpeza após as chuvas no Centro de Florianópolis - Beatriz Rohde/ND

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Os comerciantes improvisaram um mutirão de limpeza após as chuvas no Centro de Florianópolis – Beatriz Rohde/ND

Apesar do susto, o mercado de Cleyton Santos funcionou normalmente nesta sexta-feira - Beatriz Rohde/ND

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Apesar do susto, o mercado de Cleyton Santos funcionou normalmente nesta sexta-feira – Beatriz Rohde/ND

Cleyton Santos, de 42 anos, é proprietário do mini mercado Oliva há dois anos e estava sozinho quando a enchente começou a invadir a loja, por volta das 14h de quinta-feira (16).

“Em cinco minutos, a água subiu. Foi muito, muito rápido. Só tive tempo de fechar as cortinas e a porta, levantar as coisas e botar panos para segurar”, lembra.

O empresário conta que seus pés ficaram submersos na lama e ele rapidamente desligou a energia para não perder as máquinas que estavam plugadas na tomada.

“Nunca tinha visto subir dessa maneira. Isso que eu moro aqui na região há 15 anos”, afirma Cleyton Santos.

Os veículos na Hercílio Luz produziam ondas que inundavam ainda mais os estabelecimentos. “Os caminhões passavam e jogavam muita água”, relata o dono do mini mercado.


“O prejuízo maior foi a sujeira”, avalia o proprietário do mercado na Hercílio Luz – Vídeo: Cleyton Santos/Acervo pessoal/ND

O estoque de produtos ficou a salvo e o maior prejuízo foi a sujeira: “Tinha muita lama, com cheiro de esgoto. Foi terrível”. O proprietário contou com a ajuda dos vizinhos para limpar o local na noite de sexta-feira.

“O pessoal foi muito parceiro. Meu Deus do céu, só tenho a agradecer a eles”, diz. Assim que a limpeza terminou no mercado Oliva, Cleyton Santos partiu para ajudar a equipe de um pet shop do outro lado da rua.

Prejuízo com as chuvas no Centro de Florianópolis chega a R$ 10 mil, estima empresária

Andressa Ruckhaber, dona do pet shop, estima que teve prejuízo de R$ 10 mil - Beatriz Rohde/ND

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Andressa Ruckhaber, dona do pet shop, estima que teve prejuízo de R$ 10 mil – Beatriz Rohde/ND

Em momentos de desespero, funcionários usaram sacos de areia para segurar a porta do pet shop - Andressa Ruckhaber/Acervo pessoal/ND

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Em momentos de desespero, funcionários usaram sacos de areia para segurar a porta do pet shop – Andressa Ruckhaber/Acervo pessoal/ND

O estabelecimento opera na Hercílio Luz há 18 anos e já passou por outras enchentes, como em 2008 - Beatriz Rohde/ND

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O estabelecimento opera na Hercílio Luz há 18 anos e já passou por outras enchentes, como em 2008 – Beatriz Rohde/ND

O pet shop não abriu as portas para os clientes nesta sexta-feira - Beatriz Rohde/ND

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O pet shop não abriu as portas para os clientes nesta sexta-feira – Beatriz Rohde/ND

A moto de Andressa por pouco não foi carregada pelas chuvas no Centro de Florianópolis - Beatriz Rohde/ND

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A moto de Andressa por pouco não foi carregada pelas chuvas no Centro de Florianópolis – Beatriz Rohde/ND

A sala onde ficava o estoque da loja Patas e Raízes foi totalmente inundada - Beatriz Rohde/ND

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A sala onde ficava o estoque da loja Patas e Raízes foi totalmente inundada – Beatriz Rohde/ND

“Cuidado para não escorregar”, alerta a proprietária Andressa Ruckhaber, 36 anos, ao abrir as portas do pet shop Patas e Raízes.

A loja na Avenida Hercílio Luz foi invadida pela água, que chegava à altura dos joelhos dos funcionários. A empresária perdeu um terço do estoque e calcula um prejuízo de R$ 10 mil com as chuvas de quinta-feira.

Ela havia acabado de sair para levar o filho de 10 anos em casa quando o local foi inundado e só conseguiu voltar no fim da tarde. A angústia aumentou quando recebeu as imagens da situação.

“Foi um desespero, a gente não conseguiu dormir essa noite”, relata a dona. “Eu estava longe, com aquela sensação de impotência, mas sabendo que não ia ter muito o que fazer também”.

A água batia na altura do joelho dentro da loja Patas e Raízes na quinta-feira – Vídeo: Andressa Ruckhaber/Acervo pessoal/ND

O pet shop Patas e Raízes, localizado na Hercílio Luz há 18 anos, perdeu produtos como tapetes, ração, areia para gatos e camas. Os cinco funcionários usaram sacos de areia para segurar a porta, que era pressionada pela força da água toda vez que um veículo passava.

Ainda havia três cachorros no banho e tosa no andar de cima e os donos só conseguiram buscar depois das 18h. “Alguns estavam muito assustados por conta dos trovões, mas nossa equipe ficou lá em cima com eles, deixaram soltos e conseguiram passar por essa”, relata Andressa Ruckhaber.

A motocicleta da empresária estava estacionada na rua e quase foi carregada pela enxurrada, se não fosse por um porteiro que a alcançou. Quando Andressa voltou ao pet shop, os funcionários já haviam retirado metade da água.

Um terço dos produtos foi atingido pela lama e precisou ser descartado – Vídeo: Andressa Ruckhaber/Acervo pessoal/ND

“Cheguei e a rede de vizinhos já estava toda aqui dentro, todo mundo se mobilizando, ajudando”, celebra. “A rede de apoio que a gente tem aqui na Hercílio Luz é uma coisa gigante”.

Mesmo com a ajuda, não foi possível receber clientes nesta sexta-feira. “Ficamos limpando, puxando com rodo, tirando o grosso. Mas ainda tem muita sujeira que precisa limpar. O cheiro do barro está ficando muito forte”, relata a proprietária.

A proprietária e os funcionários passaram horas na limpeza e só voltaram para casa depois da meia-noite – Vídeo: Andressa Ruckhaber/Acervo pessoal/ND

‘Já estou acostumado’, diz dono de tradicional restaurante na Hercílio Luz

Não é a primeira vez que o restaurante Caiçara, aberto na década de 1980 na Hercílio Luz, é alagado pelas chuvas. O proprietário Munir Nunes, de 64 anos, afirma que já viu enchente “bem pior” em 1984.

Ele atribui o alagamento ao acúmulo de lixo, que bloqueia o escoamento. Quando o buffet a quilo foi criado, a avenida era atravessada pelo canal do Rio da Bulha, coberto por uma laje de concreto em 2005.

“Ninguém mais limpou ali. Isso que está trancando, dando esse tipo de enchente novamente e qualquer chuva forte que der aqui agora vai alagar de novo. A gente sabe porque naquela época já era assim”, conta.

O proprietário do restaurante atribui a inundação ao acúmulo de lixo, que impede o escoamento da água da chuva - Beatriz Rohde/ND

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O proprietário do restaurante atribui a inundação ao acúmulo de lixo, que impede o escoamento da água da chuva – Beatriz Rohde/ND

O restaurante Caiçara, na Hercílio Luz há mais de 40 anos, já viveu enchentes

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O restaurante Caiçara, na Hercílio Luz há mais de 40 anos, já viveu enchentes “bem piores” – Beatriz Rohde/ND

Muniz Nunes usou uma tábua para conter a água na porta do restaurante - Beatriz Rohde/ND

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Muniz Nunes usou uma tábua para conter a água na porta do restaurante – Beatriz Rohde/ND

A chuva de quinta-feira “já foi o suficiente para fazer um bom estrago”, diz o empresário Nunes. Ele precisará trocar o balcão do buffet, cuja madeira inchou por causa da água.

“Na época que eu fiz esses balcões, já fiz mais elevado para evitar que a água chegasse até ali, mas dessa vez chegou porque não deu tempo de botar a tábua na porta”, lamenta.

Havia sete pessoas ali no momento da enchente, inclusive idosos, que são clientes fiéis do restaurante. “Teve uma senhora que eu não deixei sair porque estava cheio, eu disse para ela ficar sentada e ela ficou esperando a água baixar”.

Após a limpeza na manhã desta sexta-feira, o Caiçara está de portas abertas ao público novamente. Questionado se teme a volta da inundação, Muniz Nunes responde: “Não, porque eu já estou acostumado com isso”.

A chuva voltou a engrossar por volta das 11h. Em um posto de gasolina próximo, os funcionários observaram apreensivos. “Começou, está enchendo de novo”, anunciaram. Enquanto um dos rapazes passava pano no chão, outro ria: “Tu tá secando? Não adianta”.

Pano na entrada da academia após as chuvas no Centro de Florianópolis

Somente a entrada na academia Pratique foi atingida pela água – Foto: Beatriz Rohde/ND

Na tarde de quinta-feira, cerca de dez alunos ficaram ilhados na nova unidade da academia Pratique, aberta na segunda-feira (13) em frente ao restaurante Caiçara. A entrada fica alguns degraus acima da rua, por isso não inundou.

“A água não estava entrando, mas estava bem alta. Como passava caminhão e ônibus, eles jogavam a água aqui para dentro”, lembra o gestor Antônio de Paula, de 58 anos.

A academia foi limpa e reaberta às 19h do mesmo dia. “A gente teve que correr e tirar tudo. Fizemos um mutirão”, conta.

Os clientes precisaram esperar a água baixar, mas conseguiram sair pela porta dos fundos, que dá em outra rua. Já o gestor dormiu ali mesmo: “Sem condições de voltar para casa”.

Sol aparece após intensas chuvas no Centro de Florianópolis

O sol voltou a raiar nesta sexta-feira após um grande volume de chuva em Florianópolis, que decretou situação de emergência – Foto: Beatriz Rohde/ND

Depois da tempestade, quando o sol finalmente deu as caras em torno de 11h desta sexta-feira, a Hercílio Luz já não parecia mais a mesma. Moradores saíam de bermuda e óculos escuros para passear com os cachorros.

Andressa Ruckhaber e o marido Lauro usavam rodos para expulsar a água suja do pet shop, com a esperança de abrir a loja normalmente na próxima segunda-feira. Dois clientes se sentavam para almoçar no Restaurante Caiçara. “Agora é tocar a vida em frente”, diz Nunes.

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