Após recurso, STJ autoriza governador Gladson Cameli a ter contato com o pai depois de três meses


Gladson Cameli foi autorizado a falar com o pai Eladio Cameli, de 70 anos, após três meses da 3ª fase da Operção Ptolomeu. Gladson Cameli foi autorizado a falar com o pai
Arquivo pessoal
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou, nesta quarta-feira (7), o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), a voltar ter contato com o pai Eládio Cameli, de 70 anos. O gestor estava sem ter contato com o pai desde março após a 3ª fase da Operação Ptolomeu, que investiga corrução e lavagem de dinheiro no atual governo.
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O Ministério Público Federal (MPF) havia pedido ao STJ a prorrogação do prazo das medidas cautelares impostas aos investigados na operação, incluindo o governador. A defesa de Cameli entrou com recurso argumentando que ‘impedir o contato entre pai e filho por três meses era uma medida excessiva, com forte impacto sobre a família’.
O governo segue proibido de falar com os irmãos, Eládio Júnior e Gledson Cameli, que também são investigados.
A ação foi iniciada em 2021 e investiga, entre outros, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP). A terceira fase da operação foi deflagrada no dia 9 de março deste ano a partir de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União.
Na ação, foram cumpridos 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal.
Entre as medidas impostas estavam:
31 afastamentos de cargo ou função pública;
57 proibições de contato com investigados e acesso a órgãos públicos;
57 entregas de passaporte;
70 quebras de sigilo bancário e fiscal;
15 empresas com atividades econômicas suspensas.
Operação Ptolomeu
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Na última fase, que ocorreu no início do mês de março deste ano, o STJ determinou o bloqueio de R$ 120 milhões em bens dos investigados, incluindo valores em contas bancárias, aeronaves, casas e apartamentos de luxo. Segundo a PF informou na época, o cumprimento dos mandados envolveu mais de 300 policiais federais nesta quinta.
Carros de luxo, moto aquática e dinheiro foram apreendidos durante operação da PF
Reprodução
Carros de luxo, moto aquática, aeronave, bolsas de grife, dinheiro, joias e relógios estão entre os itens apreendidos pela Polícia Federal nessa fase. Imagens divulgadas pela PF mostram um agente recolhendo um celular que foi jogado em cima do telhado da casa de um dos investigados.
Após a última fase da operação, o governador Gladson Cameli publicou uma nota nas redes sociais a respeito das investigações. “Essa é mais uma etapa da operação de mesmo nome. Com o andamento do processo, o governador confia que tudo será apurado e esclarecido. Mais uma vez, o governador se coloca à disposição das autoridades, colaborando com mais essa etapa das investigações. O governador reafirma o seu apoio e confiança na Justiça, para que a verdade sempre prevaleça”, diz a nota.
Também em nota, os advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Telson Ferreira disseram ver com “surpresa” a terceira fase do inquérito iniciado há dois anos.
Operação anterior
Em dezembro de 2021, Cameli já tinha sido alvo da primeira fase da operação. O político se elegeu governador do Acre em 2018 e foi reeleito para um segundo mandato no ano passado. Na época, 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão foram deflagrados. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a operação, determinou o afastamento das funções públicas dos envolvidos.
De acordo com a PF, na operação da época, foram apreendidos, no total:
Seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão;
R$ 600 mil em espécie, entre dólares, euros e reais;
33 relógios e 10 joias de alto valor, totalizando mais de R$ 1 milhão, aproximadamente;
R$139 mil reais em celulares apreendidos.
Também em 2021, Gladson Cameli afirmou que tinha a consciência “tranquila” e que a polícia estava cumprindo seu papel de apurar denúncias.
“Quem não deve, não teme. Não devo, não temo e quero que fique até o final, se tiver coisa errada vai para a rua [o servidor] e tem que prestar contas à sociedade, porque é dinheiro público”, disse à época.
Já na segunda fase, deflagrada ainda em dezembro de 2021, a PF disse que foi detectado que servidores públicos estavam obstruindo a investigação. Um vídeo, que a Rede Amazônica teve acesso com exclusividade, mostrava as investigadas ocultando celulares durante a deflagração da 1ª fase da ação. Além de um mandado de prisão contra uma das servidoras, a polícia cumpriu cinco mandados de busca e apreensão na época em Rio Branco, em endereços relacionados aos envolvidos.
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