Operação Ptolomeu: gestores afastados pela PF há três meses são exonerados pelo governo do Acre


Lista foi divulgada no DOE desta quarta-feira (7). Governo efetivou alguns secretários e prorrogou o decreto de interinidade de outros gestores. Ex-gestores foram exonerados pelo governador Gladson Cameli nesta quarta-feira (7)
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PF apreendeu joias, bolsas e relógios na casa do irmão do governador Gladson Cameli, Eládio Júnior, em Manaus
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Três secretários e outros dois gestores do alto escalão do governo do Acre afastados em março pela Justiça Federal foram exonerados dos cargos nesta quarta-feira (7). A exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).
O grupo é investigado pela Polícia Federal, na 3ª fase da Operação Ptolomeu, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na gestão. Após o afastamento, o governador Gladson Cameli divulgou nome de cinco pessoas que assumiram as pastas e autarquias por 90 dias.
Com o fim do prazo, o governador efetivou alguns secretários nos cargos e prorrogou o decreto de interinidade de outros gestores (veja abaixo).
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Vejas os ex-secretários exonerados pelo governo após a Operação Ptolomeu:
Cirleudo Alencar de Lima – era secretário de Obras Públicas (Seop)
Rômulo Grandidier – ex-secretário da Fazenda (Sefaz)
Ricardo Augusto França da Silva – ex-secretário de Relações Federativas (Serf)
Petrônio Aparecido Chaves Antunes afastado do cargo de presidente – ex-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre (Deracre)
Carlos Augusto da Silva Negreiros – ex-chefe da Casa Militar
Veja quem foi efetivado e nomeado
Seop
Ítalo Looes assume efetivamente a Secretaria de Obras do Acre
Arquivo pessoal
Ítalo Lopes assume a Secretaria de Obras (Seop) no lugar de Glauber Ueyke Montenegro Mappes, que estava no cargo desde março. Engenheiro civil graduado pela Universidade Federal do Acre (Ufac), o secretário é especialista em auditoria, avaliações e perícias de engenharia pelo Ipog e em gestão, governança e setor público pela PUC-RS. Já atuou como diretor de obras e ocupou a presidência do Serviço de Água e Esgoto do Acre (Saneacre).
Também é conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Acre (Crea -AC), e atuou como professor universitário e coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário Uninorte.
Sefaz
Amarísio Freitas continua como secretário de Fazenda do Estado
Asscom/Sefaz
José Amarísio Freitas de Souza foi efetivado no cargo de secretário de Fazenda (Sefaz). Ele é natural de Cruzeiro do Sul, formado em contabilidade e especialista em gestão empresarial, auditoria e perícia contábil, possui MBA em gestão pública com ênfase em controle externo e é também auditor de controle externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) de carreira.
Também atuou como analista no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), como professor acadêmico e de pós-graduação e foi secretário adjunto do Tesouro Estadual duas vezes. Entre 2021 e 2022, foi titular da Sefaz de novembro de 2021 a dezembro de 2022.
Deracre
Sócrates José Guimarães continua como presidente interino do Deracre
Asscom/Deracre
O diretor de Portos e Aeroportos, Sócrates José Guimarães, segue com presidente interino do Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre (Deracre).
Ele tem perfil técnico e experiência com os aeródromos do Acre que podem operar no período matutino e noturno: Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Feijó e Xapuri.
Secretaria de Relações Federativas (Serf)
Rosângela Bardales segue representando o governo em Brasília
Elomar Chaves/Arquivo pessoal
Rosângela Bardales da Cruz continua representando o governo em Brasília. Ela é servidora do governo desde 2006, formada em Matemática pela Universidade Federal do Acre (Ufac), possui mestrado em gestão estratégica de organizações no Centro de Educação Superior Brasília (Iesb), pós-graduação em perícia judicial na Universidade Católica de Goiás; em gestão de pessoas nas organizações pela Faculdade Barão do Rio Branco e em gestão pública com ênfase em controle externo pela Faculdade Internacional de Curitiba.
Está na Serf desde 2020.
Casa Militar
Major PM Silvio Araújo da Silva assume a Casa Militar do governo
Arquivo pessoal
Biólogo e major da Polícia Militar Silvio Araújo da Silva assume como chefe da Casa Militar. Desde março, respondia de forma acumulativa José Rosemar Andrade de Messias, chefe do gabinete pessoal do governador Gladson Cameli.
O major é formado pela Ufac, ingressou na Polícia Militar em 2005, onde frequentou o Curso de Formação de Oficiais (CFO), sendo formado oficial combatente da PM em 2007. Atuou como subcomandante em várias organizações policiais militares do interior do estado, mais precisamente na região do Alto Acre.
Comandou a Companhia de Polícia Militar em Xapuri por três anos e meio. Atuou, ainda, por um breve tempo, como comandante do Batalhão de Polícia Militar em Senador Guiomard. Em Rio Branco, foi subcomandante do antigo 5º Batalhão da PM, atual 3º BPM. Em 2019 foi convidado para ser agregado à Casa Militar, onde atuou como subchefe do órgão.
Operação Ptolomeu
A operação contra corrupção e lavagem de dinheiro na cúpula do governo do Acre, intitulada “Ptolomeu”, chegou à terceira fase no dia 9 de março com o cumprimento de 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal.
Ptolomeu: entenda operação da PF que mira corrupção na cúpula do governo do Acre
A ação foi iniciada em 2021 e investiga, entre outros, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP). A terceira fase da operação foi deflagrada a partir de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União.
Carros de luxo, moto aquática e dinheiro foram apreendidos durante operação da PF
Reprodução
Na época, o STJ determinou o bloqueio de R$ 120 milhões em bens dos investigados, incluindo valores em contas bancárias, aeronaves, casas e apartamentos de luxo.
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Arquivo
Operação anterior
Em dezembro de 2021, Cameli já tinha sido alvo da primeira fase da operação. O político se elegeu governador do Acre em 2018 e foi reeleito para um segundo mandato no ano passado. Na época, 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão foram deflagrados. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a operação, determinou o afastamento das funções públicas dos envolvidos.
De acordo com a PF, na operação da época, foram apreendidos, no total:
Seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão;
R$ 600 mil em espécie, entre dólares, euros e reais;
33 relógios e 10 joias de alto valor, totalizando mais de R$ 1 milhão, aproximadamente;
R$139 mil reais em celulares apreendidos.
Também em 2021, Gladson Cameli afirmou que tinha a consciência “tranquila” e que a polícia estava cumprindo seu papel de apurar denúncias.
“Quem não deve, não teme. Não devo, não temo e quero que fique até o final, se tiver coisa errada vai para a rua [o servidor] e tem que prestar contas à sociedade, porque é dinheiro público”, disse à época.
Já na segunda fase, deflagrada ainda em dezembro de 2021, a PF disse que foi detectado que servidores públicos estavam obstruindo a investigação.
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