Corretor do interior de SP constrói veleiro no quintal de casa para cruzar o Atlântico com o irmão; VÍDEO


Rafael é de Vinhedo (SP) e conta com o incentivo da esposa. Eles também sonham em passear com os filhos pela costa brasileira e morar em alto mar quando se aposentarem. Corretor de imóveis de Vinhedo constrói próprio veleiro para viajar com família
Em Vinhedo (SP), no interior de São Paulo, um corretor de imóveis decidiu ir além das chaves e contratos para realizar um sonho. Ele está construindo um veleiro no quintal de casa, com as próprias mãos e com o incentivo da família, para cruzar o Oceano Atlântico (assista acima).
A ideia de montar o próprio barco surgiu quando Rafael Miott Renz, de 31 anos, e sua esposa, Alessandra Miott, 29, decidiram que, quando se aposentarem, vão morar em alto mar. Antes disso, ele pretende fazer uma travessia ao lado do irmão. ⛵
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Após diversas pesquisas, e em meio à necessidade de aprender a navegar, Alessandra sugeriu que Rafael construísse, sozinho, a própria embarcação. O casal nunca velejou e, apesar da vontade, não tem qualquer experiência no assunto.
“Depois que eu tive os meus filhos, a gente começou a se interessar cada vez mais. Eu tive mais interesse em começar a levar eles para essa prática e eu percebi que um barco pequeno ia ser difícil de passar o dia com a família e aí a ideia foi evoluindo”, explica o corretor de imóveis, que está construindo um veleiro pela primeira vez.
Há sete meses, eles constroem um Multichine 28, e a estimativa é que o veleiro fique pronto em dois anos e meio. Até o momento, o corretor contabiliza um gasto de R$ 30 mil, mas o projeto final tem orçamento aproximado de R$ 200 a R$ 250 mil.
Dos contratos à construção do barco ⛵
Família do corretor de imóveis em frente ao veleiro que está sendo construído em Vinhedo (SP)
Arquivo Pessoal/@veleirocurupira
Rafael trabalha no mercado imobiliário há seis anos. A profissão é bem diferente dos hobbies que o ajudaram a alimentar o sonho de marinheiro: ele gosta mesmo é de mexer com marcenaria e de pescar, apesar da pouca experiência.
“Em casa, sempre teve esse tipo de máquina. Então construir algo, pra te falar, realmente foram falhas e tentativas de fazer uma rampa de skate. Nunca deu certo, mas sempre tava brincando, sempre tava pegando as máquinas escondido”, conta o corretor.
O amor de Rafael pela navegação começou ainda na infância, quando ele saía para pescar com seu pai. Mas, o desejo de morar dentro de um barco surgiu quando eles começaram a pesquisar sobre o assunto e ver que há famílias que vivem em alto mar.
“Ver que isso é uma possibilidade e que não é tão loucura assim, que muita gente faz e com segurança. Aí a gente começou a sonhar também e surgiu esse sonho através da inspiração dessas pessoas que já fazem isso”, esclarece Alessandra.
Mãos à obra ⚒️
Casal de Vinhedo (SP) decidiu construir veleiro para viajar com a família
Vitória Amorim/g1
O projeto começou a ser concretizado antes mesmo dos dois navegarem ou entrarem em um barco à vela pela primeira vez. Apesar da pouca experiência, ele encarou o desafio. De acordo com Rafael, um curso de vela de apenas um fim de semana custa aproximadamente R$ 1,2 mil.
“É um custo muito grande para você adquirir uma experiência e você nunca vai ter a real experiência de velejar como você vai ter construindo um barco”, relata.
O corretor afirma que, ao falar para as pessoas que está construindo o próprio veleiro, escuta que isso seria “bem maluco”, mas diz que os comentários não abalam o desejo da família. “Eu sempre gostei de aventura, fazer umas maluquices e aí a gente uniu isso, a minha maluquice com a vontade de viajar. Falei, então eu navego e te levo pra conhecer o mundo”, conta.
O primeiro contato aconteceu com um velejador foi em Ubatuba (SP). José Spinelli Neto, conhecido como Tio Spinelli, apresentou um barco que também construiu do zero e que serve de inspiração. “A gente viu o barco dele. Ele também construiu o barco com as próprias mãos. É um projeto bem parecido com esse, só que é um barco maior, esse é um 28, o dele é um 34”.
Para conseguir produzir o barco, ele participa de um grupo com outros construtores. Eles trocam informações e realizam visitas para ver o andamento dos barcos. Além do grupo, Rafael conta com ajuda do projetista do veleiro e vídeos tutoriais que encontra na internet.
Travessia do Oceano Atlântico 🌊
O desejo de atravessar o Atlântico Sul foi inspirado em Amyr Klink, um brasileiro que fez a primeira travessia a remo em 1984. À época, o navegador saiu sozinho em um pequeno barco da costa da Namíbia, na África, e desembarcou na Bahia cem dias depois em um percurso de quase 7 mil quilômetros.
“Então eu já li os livros do Amyr Klink, alguns livros, e aí vem dessa inspiração. A volta do Atlântico Sul seria a travessia mais simples que um velejador pode fazer”, explica. Segundo Rafael, por não ter tempestades tropicais, nem furacão, a viagem será mais tranquila. “Fazendo na data certa é mais uma guerra contra o tédio, como o tio Spinelli diz”.
Tio Spinelli, aliás, também tem uma história que motiva Rafael. O navegador já foi algumas vezes para a África do Sul, no continente africano com uma tripulação e um barco que ele mesmo construiu.
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O morador do interior de São Paulo destaca que essa travessia pelo Atlântico Sul só acontecerá daqui cinco anos, quando ele já estiver um pouco de experiência. Antes disso, o corretor pretende ficar pela costa do Brasil. Ele quer passear com família durante as férias.
“Vamos fazer Rio de Janeiro, Bahia, a ordem natural das coisas, né? E assim que a gente tiver tempo, meu irmão também tiver um tempo, porque ele tá fazendo a faculdade, talvez assim que ele terminar, daqui uns cinco anos, a gente pode ser que a gente faça essa travessia”, finalizou o futuro navegador.
*Estagiária sob supervisão de Yasmin Castro.
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