Cineasta da periferia de Belo Horizonte é convidado para falar do cinema negro em universidade nos Estados Unidos


O estudante e cineasta Ben Hur apresenta um olhar sensível sobre a realidade dele no Morro das Pedras, aglomerado de favelas em Belo Horizonte. Cineasta Ben Hur
Divulgação/Redes Sociais
Cria do Morro das Pedras, Região Oeste de Belo Horizonte, o estudante e cineasta Ben Hur, de 23 anos, foi convidado a se apresentar na Universidade de Binghamton, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Estudante de ciência da computação, na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ele começou a se aventurar no mundo do cinema em 2015. Mas foi na pandemia, depois de ganhar uma câmera da mãe, que ele começou a fazer pequenos registros da vivência cotidiana da comunidade, e lançou o primeiro curta “Pandeminas”.
“A minha história com o cinema aconteceu por volta de 2015. Eu era um menino que não tinha muita perspectiva de futuro, tendo visto o lugar onde eu nasci, com os problemas, com a violência e tudo mais, em relação a várias coisas. A minha vida mudou quando minha mãe me deu de presente um livro, com todos os vencedores do Oscar, e, a partir daí, eu comecei a estudar cinema por conta própria, desde os meus 13 anos”, comentou.
Gravações de “Barrabalde” novo curta de Ben Hur.
Divulgação/Redes Sociais
O convite para a apresentação na Universidade de Binghamton aconteceu a partir de uma amiga de Ben que faz doutorado por lá. Ele conta que foi chamado para ministrar uma aula de sociologia voltada para o cinema negro brasileiro. Ben também é um dos principais organizadores da Mostra de Cinema Preto Periférico de Ouro Preto.
“Eu acredito que é um grande passo que eu estou dando, de representar a minha geração, que está aparecendo cada vez mais no cinema brasileiro, de representar as favelas, as ocupações de BH”, disse Ben”.
Para o futuro, Ben quer deixar o cinema periférico mais próximo do cinema brasileiro tradicional. Apaixonado pela Sétima Arte, e por registrar seu olhar por meio da câmera, ele está produzindo o segundo curta-metragem que tem como tema o impacto da ditadura na periferia.
“Eu quero enfrentar o racismo de maneira cinematográfica, da mesma maneira que o Basquiat enfrentou o racismo na arte, da mesma maneira que o Muhammad Ali enfrentou o racismo através do esporte, da mesma maneira que o Reinaldo do Galo enfrentou o racismo no futebol”, relatou.
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