Governo envia equipe à Bolívia para discutir construção de muros e comportas no Rio Acre


Projeto deve custar o equivalente a mais de R$ 17 milhões. Objetivo é evitar perdas causadas por enchentes. Governo discute projeto anunciado pela Bolívia para construir comportadas no Rio Acre
Após o anúncio do governo da Bolívia sobre a construção de muros e comportas no leito do Rio Acre para prevenir enchentes, o governo do Acre designou uma equipe para se reunir com autoridades bolivianas em Brasiléia, na fronteira entre Brasil e o país vizinho. O objetivo da missão foi debater o projeto proposto pelo Ministério da Defesa Civil boliviana.
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A obra deve ser feita em áreas críticas do Rio Acre, começando pela região de Cobija, no Departamento de Pando. Segundo o governo boliviano, a decisão de executar o projeto foi baseada em um estudo técnico que apontou a necessidade de intervenções, incluindo dragagens, para evitar alagamentos.
O investimento previsto para a construção é de 20 milhões de bolivianos, equivalente a mais de R$ 17 milhões
“O governo boliviano, o vice-ministro da Defesa Civil boliviana fez uma reunião ali em Cobija, com algumas autoridades brasileiras, principalmente do municipio de Brasiléia, em relação a algumas intervenções, algumas estruturas que eles iriam construir do lado boliviano”, explicou o coordenador da Defesa Civil do Acre, Carlos Batista.
A reunião em Brasiléia teve como tema a viabilidade da obra, considerando que se trata de um projeto de grande porte em uma área de risco. As autoridades do Acre ressaltaram a necessidade de um estudo sobre o impacto socioambiental da obra, uma vez que ela pode gerar implicações na região.
Em resposta, segundo Batista, o representante boliviano Oscar Terán informou que um estudo de viabilidade foi executado pelo Instituto de Hidrologia de Santa Cruz.
“Os estudos de viabilidade tanto econômico, social e ambiental da primeira fase foram realizados. A segunda fase, é uma fase de intervenção maior dentro da cidade de Cobija que vai ter desapropiação de famílias para poder construir segundo ele [Terán], esse muro”, salientou o coordenador da Defesa Civil do Acre.
Ainda na reunião, os representantes acreanos questionaram a capacidade das lagoas e das comportas hidráulicas que devem ser instaladas nos afluentes do Rio Acre e ouviram do gestor boliviano que as obras fazem parte de um conjunto de medidas preventivas para regular o nível da água nos afluentes, proporcionando tempo para que as autoridades bolivianas possam agir em situações de risco, como inundações e enxurradas, que frequentemente ocorrem em um curto espaço de tempo.
Ele ainda afirmou que, inicialmente, as intervenções não apresentam riscos significativos.
Enchente histórica
Em fevereiro do ano passado, Brasiléia, que faz fronteira com Cobija viveu a maior enchente de sua história. O Rio Acre alcançou a maior marca na região,15,58 metros. Na época, cerca de 80% do município ficou inundado.
Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que ficou conhecida como a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana do local.
A enchente também causou muitos danos no lado boliviano. Segundo dados divulgados na época pelo governo de Pando, 3.600 pessoas foram afetadas pelas enchentes e ao menos 200 edificações foram tomadas pelas águas em 17 bairros.
Enchente de 2024 causou danos extensos na fronteira em Brasil e Bolívia. Plano do governo boliviano quer evitar novos problemas
Fábio Lucio/Arquivo pessoal
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